Projeto inicia na sala de aula orientação para prevenir câncer

A partir do próximo ano letivo, alunos do ensino médio de toda a rede estadual de São Paulo passarão a receber, na escola, cartilhas com orientações sobre como se proteger do câncer. O projeto “Educar é prevenir”, fruto da parceria entre o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e as secretarias estaduais da Saúde e da Educação, será lançado hoje.

Ao longo da manhã desta quinta-feira, 80 especialistas do Icesp trocarão o jaleco de médico pelo de professor. Eles serão deslocados para 80 escolas estaduais da capital, onde falarão a 24 mil estudantes sobre a importância de cultivar alguns hábitos – e abolir outros – para a prevenção do câncer.

No início de 2012, são os diretores de todas as escolas estaduais que receberão esse treinamento. O objetivo é estimular que os professores incluam, nas disciplinas regulares, explicações sobre por que o tabagismo, abuso de álcool, sedentarismo, obesidade, excesso de sol e a prática de sexo sem proteção são hábitos que tornam as pessoas mais vulneráveis à doença.

A iniciativa surgiu a partir de uma discussão no Icesp sobre como a instituição participaria do Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro. De acordo com o oncologista Paulo Hoff, diretor clínico do Icesp, a ideia foi criar um mecanismo para que o número de casos diminuísse a longo prazo. O momento foi considerado ideal, na medida que a população está sensibilizada por causa dos casos recentes do ex-presidente Lula e do ator Reynaldo Gianecchini.

“Essas crianças têm a opção de mudar seus hábitos hoje e impactar o formato da curva do câncer no futuro. O objetivo é que a curva mude de direção e passe a ser descendente”, diz Hoff. O oncologista lembra que o Estado tem 130 mil novos casos de câncer por ano e que muitas das causas são conhecidas e evitáveis: o cigarro, por exemplo, está associado a quase um terço dos tumores.

Hoff explica que, neste projeto, os esforços estarão voltados para mostrar ao jovem que o câncer leva anos para se formar. E o que ele faz hoje, aos 15 anos, trará consequências à saúde quando ele chegar aos 40 anos. “A iniciativa é particularmente importante para as crianças e adolescentes. Isso não minimiza o impacto do surgimento de bons tratamentos. Mas este é um planejamento para reduzir os casos a longo prazo. Não vivem dizendo que só pensamos a curto prazo?”

Para a professora Eleuza Guazzelli, da equipe técnica de Ciências e Biologia da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretaria Estadual da Educação, os benefícios do projeto devem ultrapassar os muros escolares. “Todos que serão atendidos nas visitas às escolas poderão saber tudo o que existe de mito e preconceito sobre a doença. Como o aluno é um multiplicador em potencial, ele leva isso pra casa, e a ação é propagada para pais, familiares e amigos.”

O secretário estadual da Saúde, Giovanni Guido Cerri, disse ao JT, que o envelhecimento da população no Estado tem feito com que as doenças degenerativas tornem-se cada vez mais comuns. “É questão de tempo para que o câncer supere as doenças cardiovasculares em prevalência. A prevenção do câncer é um dos aspectos fundamentais, não apenas para evitar o surgimento da doença, mas para que o tumor possa ser diagnosticado em estágios iniciais, o que amplia significativamente as chances de diagnóstico e de cura.”

Mariana Lenharo

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