Portadores da doença de Parkinson aumentam

Identificada há mais de cem anos, só recentemente é que a doença de Parkinson foi assumida como uma das grandes preocupações da saúde pública.

Atualmente, a patologia recebe tanta atenção quanto o Alzheimer, outra doença degenerativa.

Recentemente, em seu livro Um homem de sorte, o ator Michael J. Fox conta as primeiras manifestações da doença, quando reparou que seus dedos do pé tremiam sem controle, agitados por um movimento involuntário.

Na sua descrição, sentia pequenas batidas na parte de trás do crânio. “Naquele dia, o meu cérebro estava a anunciar que começara a divorciar-se da minha mente”, declarou.

O neurologista Henrique Ferraz, do Departamento de Transtornos do Movimento da ABN da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que os sintomas da doença de Parkinson se caracterizam pelos tremores, enrijecimento muscular, lentidão nos movimentos e modificação na postura.

O especialista esclarece que a doença é causada por um processo degenerativo que ocorre no sistema nervoso central, alertando para outras possibilidades que podem gerar os sintomas que compõem o quadro de parkinsonismo, mas que não são causadas por degeneração. “Por exemplo, o uso de determinados medicamentos, intoxicações, problemas circulatórios cerebrais ou lesões cerebrais”, reconhece.

Diagnóstico clínico

Segundo Ferraz, a doença não faz distinções, atingindo homens e mulheres de forma estatisticamente muito semelhante, e geralmente se inicia após os 50 anos de idade. Assim, quanto mais avançada a idade, mais a pessoa corre o risco de desenvolver a doença.

“Ainda não se conhece a causa do parkinsonismo, se mostrando até hoje como um mistério, por isso, não há tratamento que a cure definitivamente”, afirma. Os médicos reforçam que os tratamentos disponíveis têm a intenção de oferecer mais qualidade de vida ao paciente. Os esforços para desvendar a doença de Parkinson não são recentes, em 1817 James Parkinson descreveu-a como uma “paralisia agitante”.

De acordo com o especialista, a doença atinge o mesencéfalo, parte do cérebro humano, causando um processo degenerativo que resulta na diminuição da produção da dopamina (neurotransmissor).

Mônica Santoro Haddad, médica do Serviço de Neurologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que, nesses casos, um processo que é natural do envelhecimento – já que ao longo do tempo normalmente o homem perde dopamina – é intensificado.

“Só que a vítima do parkinsonismo em algum momento passa a perder dopamina mais aceleradamente”, realça. Assim, o paciente morre com a doença de Parkinson e não da doença de Parkinson.

O neurologista Paulo Jaques Rodrigues Leite comenta que o diagnóstico da doença é inteiramente clínico. O médico se orienta pelos sinais e sintomas neurológicos que o paciente apresenta, já que as causas do distúrbio ainda são desconhecidas.

Estudos confirmam que fatores genéticos e ambientais estão entre as causas da doença. Segundo o neurologista Ehrenfried Othmar Wittig, outras doenças degenerativas ou intoxicação por manganês, gás carbônico e outros medicamentos que venham inibir a dopamina também podem dar origem à doença.

Qualidade de vida

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado ainda são as melhores maneiras de controlar os sintomas motores e permitir que o paciente mantenha-se ativo e preserve sua qualidade de vida. No entanto, o que as novas descobertas mostram é que o uso de medicação, aliado a atividades complementares, melhora muito a eficácia do tratamento.

“Atividades artísticas, como aulas de canto e pintura, ajudam o paciente a aumentar sua autoestima, sendo com isso, possível mostrar à sociedade que o portador do Parkinson tem muito a contribuir e não deve se sentir excluído”, afirma Samuel Grossman, presidente da Associação Brasil Parkinson (ABN).

A terapia ocupacional deve ser estimulada para tornar o paciente independente funcionalmente, respeitando os seus limites. Deve-se trabalhar a mobilidade, a coordenação, a velocidade dos movimentos, os cuidados pessoais e a socialização.

O potencial de reabilitação varia de pessoa para pessoa. Com o treinamento, as atividades passam a ser mais fáceis de serem executadas. Concentração, atenção e persistência complementam o programa e trazem benefícios no tratamento.

Diferenças entre doença de Parkinson e Alzheimer

Parkinson

Doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva.

Causas

Diminuição intensa da produção de dopamina (um neurotransmissor que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas)

Diagnóstico

Basicamente clínico (por um neurologista) baseado na correta valorização dos sinais e sintomas acima descritos.

Sintomas

Tremores; acinesia ou bradicinesia (lentidão e pobreza dos movimentos voluntários); rigidez (enrijecimento dos músculos, principalmente no nível das articulações); instabilidade postural.

Tratamento

Medicamentos que repõem parcialmente a dopamina. Devem ser usados por toda a vida ou até que surjam tratamentos mais eficazes. Recomenda-se também fisioterapia, fonoaudiologia, suporte psicológico e nutricional.

Prevenção

Desconhecida.

Alzheimer

Doença neurodegenerativa que acarreta alterações do funcionamento cognitivo (memória, linguagem) e, em fases mais avançadas, também do comportamento.

Causas

Desconhecida.

Diagnóstico

Não há, até o momento, nenhum método que isoladamente permita o diagnóstico de doença de Alzheimer com absoluta precisão.

Sintomas

Perda progressiva da memória; dificuldade na linguagem; desorientação no tempo e no espaço; dificuldade de raciocínio, juízo e crítica; depressão; apatia; agitação, inquietação, às vezes, agressividade.

Tratamento

Medicamentos que aumentam os níveis dos neurotransmissores. Devem ser usados por toda a vida ou até que surjam tratamentos mais eficazes. Recomenda-se também fisioterapia, fonoaudiologia, suporte psicológico e nutricional.

Prevenção

Atividade mental regular e diversificada; atividade física regular; boa alimentação; bom sono e lazer

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