Perigo: fungos na saúde pública

Um número simples é significativo para medir o tamanho do problema de fungos na saúde pública. Para Myrna Sabino, do Instituto Adolfo Lutz de São Paulo, 40% da queda na expectativa de vida da população de diversos países africanos pode ser atribuída às micotoxinas. Além disso, segundo a pesquisadora, que esteve presente no Congresso Brasileiro de Microbiologia, realizado na semana passada em Florianópolis, 25% a 50% dos vegetais e das frutas de todo o mundo são destruídas pela ação de fungos todos os anos.

Para os especialistas presentes no congresso, um dos grandes problemas no Brasil são as micotoxinas conhecidas pelo nome de aflatoxinas, que podem ser consumidas pelos seres humanos em alimentos como o amendoim e o milho. Os animais também podem ingerir essas substâncias em rações.

Segundo o pesquisador da Faculdade de Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) em Pirassununga, Carlos Augusto de Oliveira, a incidência das aflatoxinas no Brasil, em alimentos como o amendoim, é bastante alta. “Apesar da presença desse tipo de micotoxina ser maior que o máximo indicado pela Organização Mundial de Saúde, o problema não chega a ser tão grande ainda porque o papel do amendoim na dieta do brasileiro é muito baixo”, disse Oliveira.

Se ingerida em grandes quantidades, as aflatoxinas podem gerar, entre outras disfunções, câncer no fígado. Esse quadro se agrava se o consumidor for portador do vírus da hepatite B. “A notícia positiva é que a presença de aflatoxinas no leite, por exemplo, é bastante baixa. Os níveis encontrados atualmente são absolutamente confortáveis”, disse o cientista da USP. Em relação ao milho, Oliveira acredita que serão precisos novos estudos sobre a presença da micotoxina para que se possa conhecer, com mais segurança, possíveis riscos da ingestão desse alimento.

Segundo números divulgados no Congresso Brasileiro de Microbiologia, os Estados Unidos e o Canadá chegam a perder até US$ 5 bilhões ao ano por causa do prejuízo causado pela contaminação das rações provocadas pelas aflatoxinas. (Agência Fapesp)

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