Paraná no Dia D contra a Dengue

Todo o Brasil vai estar mobilizado hoje para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. O objetivo do Ministério da Saúde é que os municípios envolvam a comunidade em ações para eliminar os criadouros que favorecem a proliferação do mosquito.

Este ano, em comparação com 2002, houve uma queda de 61,9% dos casos de dengue no País – 292.599 casos contra 768.041. Porém, o Paraná está destoando das estatísticas, pois segundo o MS, na região Sul, o aumento de casos de dengue, entre janeiro e agosto de 2003, foi quase 60% maior que o mesmo período do ano passado.

De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), em 2002 foram registrados no Estado 5.013 casos de dengue, contra 9.107 em 2003. Só a regional de Londrina confirmou mais de 5.800 casos este ano.

Apesar do crescimento, a Sesa afirma que não houve mais evolução das notificações nos últimos 5 meses, o que mostra uma estabilização. O responsável pela Vigilância Epidemiológica da Dengue da Sesa, Silvio Alexandre Brandt afirmou que o panorama atual é o reflexo das ações que a secretaria vem desenvolvendo desde o início do ano, e que a meta é baixar ainda mais esses números.

Dos 399 municípios do Paraná, comenta Brandt, foram confirmados casos de dengue em apenas 102 cidades. Dessas 102, somente em 66 deles foram casos autóctones, ou próprios. Nos demais, foram casos importados de outras regiões. Ele disse ainda que a maioria dos casos estão concentrados nas regiões norte e oeste do Estado, onde as temperaturas são elevadas. Além disso, são municípios próximos a fronteiras com outros estados, onde não se tem controle da doença.

Desde o início da manifestação da dengue no Paraná, em 1991, foram confirmados cerca de 21 mil casos da doença na sua versão clássica, quatro de dengue hemorrágica e dois óbitos. A Sesa estima que, para cada caso confirmado, cerca de dez pessoas podem ter sido picadas pelo mosquito e não ter manifestado a doença. A dengue hemorrágica se manifesta normalmente em pessoas que são picadas mais de uma vez pelo mosquito.

E o medo de contrair dengue hemorrágica fez com que a sanitarista Maria de Lurdes da Silva evitasse viajar para locais onde existe proliferação do mosquito. Ela pegou dengue no ano passado na Paraíba, quando visitou um irmão que estava com a doença. “Eu comecei a sentir dores no corpo e achei que fosse uma gripe mal curada. Como os sintomas se acentuaram, fiz exames e confirmei a dengue”, diz Maria, que só se recuperou totalmente dos sintomas depois de três semanas.

Doença

A dengue – definida como uma doença febril aguda, de etiologia viral e de evolução benigna na forma clássica – é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se prolifera em locais de água parada. Ela é considerada grave quando se apresenta na forma hemorrágica, podendo levar à morte se não tratada. Apenas a fêmea é responsável pela contaminação do homem, pois o macho se alimenta exclusivamente de seivas de plantas.

A doença foi registrada pela primeira vez no século XVIII na Ásia e Estados Unidos. No Brasil a primeira referência da epidemias foi em 1916, em São Paulo. A primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981, em Boa Vista (RR). Os principais sintomas da dengue são dor de cabeça e nos olhos, febre alta, dor nos músculos e nas juntas, manchas avermelhadas e falta de apetite. Muitas vezes a dengue é confundida com outras patologias, como gripe, leptospirose, sarampo e rubéola. O tratamento das pessoas infectadas envolve o uso de medicamentos para minimizar as dores e baixar a febre, além da ingestão constante de líquidos.

Entre as ações que podem ser adotadas para evitar os criadouros do mosquito estão, manter as caixas d”água vedadas, colocar areia nos pratinhos de vasos de planta, fechar bem os sacos plásticos utilizados para acondicionar o lixo e manter a lixeira tampada, retirar a água parada das lajes, e jogar fora entulhos acumulados nos quintais.

Programação inclui shows

O Dia D Contra a Dengue em Curitiba contará com uma série de ações preventivas em diversos bairros da cidade, a partir das 9h. A programação inclui uma caminhada no Boqueirão, com saída da praça do terminal da Vila Hauer e chegada no Shopping Cidade. Na Boca Maldita, haverá pintura livre para as crianças, apresentação de teatro, da Banda Marcial e ações educativas.

O combate ao mosquito da dengue começou em 1998, e hoje a Prefeitura comemora uma queda de 90% nos casos, em relação a 2002. Este ano, foram registrados 22 casos importados e identificados 60 focos do mosquito, contra 38 do ano passado. A Secretaria Municipal da Saúde possui uma equipe de técnicos que atuam no controle do mosquito na cidade.

O trabalho é priorizado em áreas de maior risco, onde a inspeção e aplicação de larvicida em residências são feitas a cada dois meses. Nos demais bairros, a inspeção é feita de quatro em quatro meses, por amostragem. Além das casas, os agentes também visitam empresas consideradas de risco para a proliferação do mosquito, como transportadoras, borracharias, oficinas e ferro-velhos.

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