Para (sobre)viver tem que filtrar

Anemia, pressão alta, inchaços, fraqueza e desânimo constantes, vontade freqüente de urinar no período da noite, náuseas e vômitos freqüentes. Embora esses sintomas não sejam necessariamente conseqüências da insuficiência renal crônica, eles costumam aparecer em pessoas que sofrem da doença. Em um organismo saudável todo o excesso de substâncias é eliminado pelos rins, mas quando estes não funcionam, os resíduos ficam retidos na circulação e se transformam em toxinas, causando alterações musculares, sangüíneas, digestivas, cardiovasculares e cutâneas.

Segundo o nefrologista Miguel Carlos Riella, são muitas as causas que podem levar os rins a perderem a sua função, entre elas as hemorragias graves, a hipotensão arterial, desidratação, obstrução do fluxo de urina por dilatação da próstata, por um cálculo urinário ou por um tumor que obstrua as vias urinárias, entre outras causas. Além disso, as reações alérgicas por medicamentos ou substâncias tóxicas podem causar lesões renais que evoluem para a insuficiência renal. Para o especialista, o importante é que pessoas que sofram de sintomas como pressão arterial alta ou eliminação reduzida da urina, entre outros, procurem atendimento médico especializado.

Nos casos mais leves, a causa da insuficiência deve ser tratada, permitindo que os rins possam se recuperar por si próprios. De acordo com o especialista, pode ser indicada uma dieta que restabeleça a função renal com a indicação de uma alimentação intravenosa. Quando a insuficiência é severa, é necessária a diálise. Assim, os portadores da insuficiência, graças aos avanços terapêuticos, têm como lançar mão de tratamentos que substituem a função dos rins. Isso se consegue por meio dos procedimentos dialíticos, conhecidos como hemodiálise e diálise peritoneal. Nos casos em que a lesão dos rins é grave, é necessário fazer diálise permanente ou, em último caso, um transplante renal.

Diálise peritoneal

Um procedimento que substitui o trabalho dos rins é a diálise peritoneal. Neste mês a Fundação Pró-Renal, de Curitiba, comemorou os 25 anos da realização da primeira diálise peritoneal no país. O tratamento é o mais importante para substituir a função dos rins e reduzir situações de risco de vida e o afastamento do convívio com familiares impostos pela insuficiência renal crônica.

O funcionamento é o mesmo da hemodiálise convencional, só que é usado o revestimento do próprio abdome (peritôneo) para filtrar o sangue. Nele, o próprio paciente introduz uma solução de diálise na cavidade peritoneal por meio de um cateter (tubo flexível). Parte desse cateter permanecerá para fora do abdome, para ser o meio de conexão com as bolsas de solução de diálise.

Depois de um certo tempo, a solução é drenada, desprezando as substâncias tóxicas presentes no sangue. Em horários pré-estabelecidos, uma nova solução é colocada no abdome e o processo de limpeza recomeça.

Outra forma de diálise peritoneal também usa o peritôneo como membrana dialisante, só que é utilizada uma máquina para efetuar as trocas das soluções automaticamente. Normalmente, esse procedimento é feito durante a noite, enquanto o paciente dorme. ?Esse procedimento preserva por mais tempo as funções renais, permite dieta alimentar mais livre e causa menos sofrimento se comparada com a hemodiálise normal?, enumera Riella.

Sem os programas preventivos, de acordo com os especialistas, dos cerca de 180 mil pacientes que precisariam estar em diálise em centros especializados, apenas 60 mil recebem o tratamento. Dependendo da evolução da doença, os tratamentos dialíticos devem começar imediatamente e serem monitorados por um rigoroso acompanhamento clínico, além de uma avaliação laboratorial freqüente.

O rim mantém estável o meio interno do organismo por meio das seguintes funções:

* Remove as substâncias indesejáveis do nosso corpo filtrando uréia e ácido úrico.

* Reabsorve a albumina e sais desejáveis como o sódio, potássio, cálcio.

* Excreta substâncias desnecessárias como o fósforo e o hidrogênio.

* Secreta hormônios para o controle do volume, da pressão arterial, do cálcio e fósforo e da formação de hemácias.

Doenças renais mais comuns

Nefrite – Caracteriza-se pela presença de albumina e sangue na urina, edema e hipertensão.

Infecção urinária – Dor, ardência e urgência para urinar. Nos casos em que a infecção atinge o rim, surge febre, dor lombar e calafrios.

Cálculos – Cólicas renais, com dor no flanco e costas, quase sempre com sangue na urina e em alguns casos pode haver eliminação de pedras.

Obstrução urinária – Impedimento da passagem da urina pelos canais urinários, por cálculos, aumento da próstata, tumores e outras complicações.

Insuficiência aguda – É causada por uma agressão repentina ao rim, por falta de sangue ou pressão para formar urina ou obstrução aguda da via urinária.

Insuficiência crônica – Surge quando o rim sofre a ação de uma doença que deteriora irreversivelmente a função renal, apresentando-se com retenção de uréia, anemia, hipertensão arterial, entre outros distúrbios.

Tumores – O rim pode ser acometido de tumores benignos e malignos.

Doenças multi-sistêmicas – Principalmente diabete, gota e doenças imunológicas.

Nefropatias tóxicas – Causadas por tóxicos, agentes físicos, químicos e drogas.

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