Países debatem cura de dependentes

Comparando as experiências nas áreas de saúde mental e combate às drogas de Brasil e Canadá, constata-se que o país da América do Norte está à frente do Brasil por conseguir detectar melhor as condições apresentadas pelo problema. Contudo, segundo o diretor do Instituto de Prevenção e Atenção às Drogas e Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora da Luz, Dagoberto Requião, o Brasil caminha no rumo certo para melhor atender pacientes com esses problemas.

 

Requião e os médicos canadenses Paul Garfinkel e Peter Coleridge, respectivamente, presidente e vice-presidente do Centro de Adição e Saúde Mental da Universidade de Toronto, estão participando esta semana de uma jornada para discutir doenças mentais e uso abusivo de drogas, que acontece na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Requião explicou que no Canadá os médicos têm mais subsídios, como dados relativos às determinadas enfermidades. “No Brasil ainda falta desejo político para que isso aconteça. Com mais dados epidemiológicos é possível planejar melhor as ações. Mas quando se fala em doenças mentais ainda há um estigma negativo que bloqueia”, afirmou. Requião disse que no Canadá há uma estratégia de combate às doenças mentais que vai desde a identificação do problema, tratamento, prevenção e redução dos danos, ou seja, grande preocupação com a devolução do indivíduo ao convívio da sociedade. “Estamos procurando fazer algo parecido aqui no Hospital Nossa Senhora da Luz”, disse.

Álcool

No Canadá, 10% da população masculina e 2,5% da feminina têm problemas por consumir bebidas alcoólicas. Desses, um terço está em tratamento. Na região Sul do Brasil, 11,2% da população, ou seja, 5,2 milhões de pessoas são dependentes da droga. “A tendência é ensinar as pessoas, a beber com responsabilidade. No Canadá há inclusive um programa de treinamento para que garçons saibam a hora certa de parar de servir o cliente alcoolizado”, relatou Paul Garfinkel. Ele destacou que para os pesquisadores canadenses é importante conhecer a realidade de países como o Brasil, como são vendidos o álcool e o tabaco e como acontecem as propagandas dos produtos.

Drogas

A heroína e a cocaína são as drogas mais usadas no Canadá. O ecstasy vem tendo o consumo reduzido nos últimos dois anos. “No Brasil, drogas mais baratas como o crack são usadas. Pelo preço, a heroína ainda não chegou aqui. O ecstasy é usado principalmente em festas raves nas grandes cidades”, contou Requião. Ele destacou que anabolizantes e remédios para emagrecer também são drogas que preocupam. “É a procura de um corpo perfeito. Entretanto, a pessoa fica bonita, mas comprometida pelas drogas”, afirmou Requião.

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