Pacientes se autodiagnosticam com transtorno bipolar

Dois psiquiatras britânicos alertaram para um novo fenômeno: o fato de que muitas pessoas estão se autodiagnosticando com transtorno bipolar ou pedindo para que médicos façam esse diagnóstico. Segundo os psiquiatras Diana Chan e Lester Sireling, do hospital St. Ann, em Londres, o fenômeno se deve ao aumento da conscientização pública em relação à condição e ao fato de que várias celebridades no país estão falando abertamente sobre serem bipolares. Isso, segundo eles, tem feito com que o transtorno seja mais aceitável e tenha menos estigma.

Os psiquiatras disseram ainda que os pacientes podem ainda estar buscando um status social mais alto, já que a condição costuma ser associada a uma maior criatividade, como o ator britânico Stephen Fry, que vem discutindo abertamente seu diagnóstico. Desde que o ator veio a público para falar sobre sua condição, psiquiatras britânicos vem recebendo mais pacientes que dizem ser bipolares, segundo Chan.

“Uma pessoa que veio a nós tendo se diagnosticado como bipolar havia sido tratada antes com depressão”, disse. “Ela também estava usando álcool e drogas ilícitas para controlar suas ‘variações de humor’ e havia relatado comportamento vergonhoso e instável”, disse a psiquiatra. A paciente acabou sendo diagnosticada com o transtorno bipolar.
De acordo com os pesquisadores, ser bipolar virou um diagnóstico visto como desejável, o que deve aumentar ainda mais o número de pessoas chegando ao consultório com este autodiagnóstico, que traz uma série de desafios aos médicos. “É importante que os psiquiatras façam esse diagnóstico quando válido, mas, por outro lado é igualmente essencial ajudar as pessoas que desejam esse diagnóstico a entender que ter ‘variações de humor’ e comportamentos caóticos ou instáveis não significa necessariamente que estejam sofrendo de transtorno bipolar”, de acordo com Chan.

O transtorno bipolar é uma condição mental que se manifesta com episódios de instabilidade de humor, alternando entre o “alto” (comportamento maníaco) e o “baixo” (depressão). A condição pode atrapalhar os relacionamentos, trabalho e interações sociais dos pacientes.

O Transtorno Afetivo Bipolar (também conhecido como TAB) é multidimensional e caracteriza-se por alterações patológicas, cognitivas e psicomotoras. Geralmente, divide-se em fases de episódios únicos ou repetidos. “Uma crise pode ter início inesperado, e sumir espontaneamente, ou apresentar curso crônico ao longo da vida. Os sintomas são de intensidade leve, moderada ou grave, podendo ser incapacitante”, de acordo com a psiquiatra Alexandrina Meleiro. Há uma fase depressiva, que pode ser seguida por um período de normalidade, seguida pela euforia, exaltação do humor e grandiosidade, voltando para um período de normalidade.