Ovo não representa risco à doenças cardiovasculares

É o que apontam novas pesquisas em 24 países industrializados sobre o consumo de ovos per capita e taxas de mortalidade por doença cardiovascular, segundo o dr. Donald McNamara, diretor executivo da ENC (Egg Nutrition Center), instituição norte-americana, com sede em Washington, um dos maiores especialistas no assunto, que estará no próximo dia 22 em São Paulo ministrando palestra sobre o tema. Segundo o especialista, nos últimos cinco anos, houve considerável mudança na atitude de muitas organizações ligadas à promoção da saúde com relação à questão do colesterol na dieta.

O consumo de ovo como alimento de alta densidade nutricional, delicioso, custo acessível e de fácil preparo tem sido contestado nos últimos 25 anos por sua associação a um aumento de colesterol e doenças cardíacas. No entanto, os quatro países – Japão, México, Espanha e França – de maior consumo de ovos per capita do mundo tem as taxas mais baixas de mortalidade cardiovascular, invertendo a relação entre consumo de ovos, aumento de colesterol e mortalidade por doenças do coração, argumenta McNamara.

Nos últimos dois anos, afirma o diretor executivo do ENC, há relatos de que o colesterol encontrado no ovo e na dieta norte-americana não contribui de forma significativa para o risco de doença cardíaca, de acordo com pesquisa com 4.546 homens e mulheres no Estudo LRC de Acompanhamento e Prevalência.

O colesterol não esteve relacionado à doença coronariana não fatal ou fatal em nenhum de outros quatro grandes estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos com quase 150 mil participantes.

Consumo

Apesar disso, ocorreu uma intensa propaganda nos últimos 25 anos, a qual recomendava ao consumidor norte-americano um consumo limitado de ovos a não mais do que 3 a 4 unidades por semana. Esse fato provocou queda de 25% do consumo de ovos per capita nos EUA (de 305 por ano em 1972 para 235 unidades em 2002(ou 4,5 ovos semanais por habitante). Para se ter uma idéia, o consumo de ovos no Brasil é baixo: 94 ovos per capita por ano contra 346 ovos por pessoa anual no Japão.

Na dieta dos norte-americanos, os ovos contribuem com 30% da ingestão total de colesterol, o que equivale a 140mg/dia. Para que os consumidores alcancem o padrão de risco condenado pelo Centro da Ciência no Interesse do Público (CSPI) seria necessário que o consumo alcance 730 ovos por pessoa ao ano, ou 14 ovos por semana.

O pico de consumo per capita de 405 ovos por ano(7,8 ovos semanais) ocorreu em 1945 e em nenhum momento chegou perto de 2 ovos por dia por norte-americano.

Se os consumidores aumentassem o atual consumo de 4,5 ovos para 7,8 ovos por semana, qual seria o efeito sobre os níveis do colesterol? A diferença de 3,3 ovos resultaria em um aumento no colesterol da dieta de 710mg por semana, ou seja, 101mg por dia. Isso representa uma elevação no colesterol plasmático de 2,2 mg/dl, considerado insignificante.

Para determinar as relações entre a dieta e o colesterol plasmático, o American Egg Board (AEB) realizou pesquisas nutricionais que demonstraram que o colesterol da dieta tem um efeito pequeno sobre os níveis de colesterol, quando consumidos em quantidade de 12mg/k/dia (4 ovos por semana por pessoa).

Mudanças

Nos últimos cinco anos houve considerável mudança na atitude de muitas organizações ligadas à promoção da saúde com relação à questão do colesterol na dieta, acrescenta McNamara.

O Conselho Americano de Ciência e Saúde (American Council on Science and Health) publicou uma brochura sobre nutrição concluindo que “embora os ovos contenham teor significante de colesterol, não precisam ser excluídos da dieta.

A Associação Americana de Dietistas (American Dietetics Association), principal organização norte-americana de educação em nutrição, revisou orientações anteriores. “…a escolha de alimentos tem grande impacto sobre o nível de colesterol do sangue. Os ácidos graxos saturados ingeridos têm maior efeito de elevação do colesterol de seu sangue do que o próprio colesterol da dieta (ovo)”.

Outras alterações nas atitudes de cientistas e profissionais de saúde sobre o colesterol na dieta e os ovos pode-se notar no artigo do dr. Ronald Krauss, presidente da Comissão de Nutrição da Associação Americana de Cardiologia (AHA) onde lê-se ” a maior parte da população não deve deixar que o medo de consumir ovos governem suas vidas”.

A contribuição nutricional dos ovos para a dieta norte-americana é muito mais do que apenas ser uma proteína de qualidade disponível no mercado. Sua contribuição total para a nutrição fornece o colesterol de mais alta qualidade da dieta. Dez nutrientes essenciais diários: energia alimentar, 1,3%; proetína, 3,9%; gordura, 2,9%; vitamina A, 4,3%; vitamina E, 4,3%; ribofiavina, 6,4%; vitamina B6, 2,1%; vitamina B12, 3,7%; folato, 5,1%; ferrro, 2,4%; fósforo, 3,6%; e zinco, 2,8%.

Voltar ao topo