Osteoporose ganha novas alternativas de tratamento com biotecnologia

?A osteoporose é uma doença silenciosa. Somente quando já está num estágio avançado é que começa a dar seus sinais?, comenta a Dra. Evelin Goldenberg, mestre e doutora em reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) ? Escola Paulista de Medicina. Considerada um grave problema de saúde pública, a doença atinge cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil e é um dos mais importantes males associados ao envelhecimento, além de ser considerada uma das principais causas de invalidez. Atinge homens e mulheres, com idade em torno de 50 anos, mas é registrado principalmente com maior incidência em mulheres brancas e de baixa estatura, com histórico familiar da doença.

Nos casos de osteoporose, há uma redução na força do osso, aumentando significativamente a chance de fraturas. ?Esta redução deve-se à diminuição da massa óssea e a uma qualidade anormal do osso?, explica a especialista. A doença pode ficar sem se manifestar durante anos, até que as primeiras fraturas ocorram, levando a dor, incapacidade física e deformidades, que prejudicam a qualidade de vida. As principais fraturas são da coluna vertebral, colo do fêmur e punhos. Grande parte delas requer intervenções médicas, terapias físicas ou ocupacionais.

A fratura do quadril é a mais grave, pois na maior parte das vezes é preciso realizar intervenções cirúrgicas, que, em 20% dos casos, podem causar mortalidade em decorrência de complicações clínicas. Como conseqüência da diminuição da altura do osso, há diminuição da caixa torácica, levando a falta de ar, perda de estatura e até prisão de ventre pelo encurvamento da coluna. ?Seja em consulta clínica ou através de exames específicos, a identificação precoce da osteoporose é fundamental para um tratamento preventivo de sua evolução?, explica reumatologista.

Atualmente, encontram-se disponíveis no mercado brasileiro, medicamentos específicos, que podem inibir a reabsorção óssea como os  Bisfosfonatos,  e outros que estimulam a formação do osso como o  Tereparatide. Entre os Bisfosfonatos estão o Alendronato Sódico e o Risendronato, ingeridos via oral uma vez por semana, o Pamindronato, para uso endovenoso a cada três meses. A última novidade, disponível para os pacientes brasileiros desde o início de 2006, é o Ibandronato de Sódio, um bisfosfonato que inibe a reabsorção do osso, levando ao aumento da massa óssea.  Seu uso é via oral, uma vez por mês, podendo ser utilizado inclusive por portadores de osteoporose induzida por cortisona. Porém, conforme alerta a Dra. Evelin, qualquer uma destas opções de tratamento deve ter o acompanhamento médico para avaliação de cada caso.

A biotecnologia ainda reserva outras perspectivas para o tratamento da osteoporose. O Denosumab, medicamento biológico em fase de aprovação nos EUA, tem chamado a atenção da classe médica. A nova substância, que será indicada para apenas duas aplicações ao ano, atua diretamente no chamado ligante RANK, impedindo que as células que reabsorvem osso atuem. Para comprovar a eficácia desse medicamento, foi apresentado um estudo durante o 7º Congresso Europeu de Reumatologia (EULAR), ocorrido em junho deste ano, na Holanda.

O estudo mostrou que o medicamento, além de prevenir a perda, é capaz de aumentar a densidade do tecido ósseo. A pesquisa analisou 412 mulheres na pós-menopausa, selecionadas aleatoriamente para receber doses de Denosumab, Alendronato Sódico e placebo. O resultado demonstrou que houve um ganho de 6,7% massa óssea da espinha lombar e do quadril nas pacientes tratadas com Denosumab, enquanto que o tratamento com o Alendronato proporcionou um aumento de 3,6%.

Prevenir faz bem

As novas descobertas da medicina trazem alento aos portadores da osteoporose, porém, o melhor caminho ainda é a prevenção. O baixo consumo de cálcio, o excesso de sal e café, a falta de exercícios físicos, o abuso do álcool, o tabagismo e o uso prolongado ou excessivo de certos medicamentos como a cortisona, também contribuem para o desenvolvimento da osteoporose.

O diagnóstico da doença é feito através da densitometria óssea, exame em é medida a massa óssea de qualquer parte do esqueleto. ?Toda mulher acima de 65 anos ou após a menopausa que apresente fatores de risco para osteoporose deve realizar esse exame. Homens acima de 70 ou 75 anos ou homens mais jovens que apresentem fatores de risco também devem fazer a densitometria?, recomenda a Dra. Evelin Goldenberg.

A perda da massa óssea é um fenômeno universal do envelhecimento, que pode ter seu índice modificado por fatores genéticos, endócrinos e ambientais. Os fatores nutricionais bem como os níveis de atividade física podem agravar ou limitar a perda. O osso humano encontra-se em constante remodelação, na qual o osso velho é removido e substituído por novo. Vários hormônios regulam este processo. Na menopausa, ocorre a queda do estrógeno e conseqüentemente o aumento da reabsorção óssea. Uma pequena ingestão de cálcio ou o aumento da excreção induzida por dietas ricas em sódio ou proteínas pode estar associado a um maior do risco de fraturas.

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