Aonde mais uma mãe vai procurar ajuda para tratar das crises de asma e da insônia que teimam em atacar seu filho, depois de ter tentado todos os meios possíveis e disponíveis e usado todos os remédios tradicionais? Marta, mãe de Camila, de oito anos, tem certeza da resposta e recomenda: por que não a acupuntura? Ela fez isso e enche de elogios ao indicar essa técnica milenar para ajudar nos cuidados com a saúde dos pequenos.
Não é para menos, Marta recorreu ao tratamento para insônia quando Camila tinha seis anos. Antes da acupuntura já tinha tentado de tudo: chá de camomila, leite quente, olho de boi atrás da porta, rezadeira. Ela conta que a menina chegava a acordar oito vezes em uma só noite. Para sorte da produtora de eventos, seu pediatra aprovou e a incentivou a procurar o tratamento com especialistas em acupuntura.
Mas nem sempre é assim. A médica Cláudia Manoel, dirigente da Sociedade Médica de Acupuntura do Paraná (Soma-PR), admite que muitas vezes a resistência vem dos próprios pais. ?É pura falta de informação?, constata. De acordo com a especialista, a estimulação em crianças tem efeito três vezes maior do que nos adultos, por isso elas acabam sendo mais receptivas aos tratamentos que os adultos. Ela conta que, praticamente, não existe diferença nos métodos de aplicação da técnica. Na maioria das vezes, ele opta pela moxabustão, uma espécie de acupuntura térmica, em que são usadas plantas secas e moídas. ?Sem descartar o uso de agulhas infantis, aplicadas superficialmente nos mesmos pontos de estímulo dos adultos?, realça.
Tratamento em casa
A médica recomenda a técnica para tratamento de crianças com baixa imunidade, sujeitas, principalmente, às doenças das vias aéreas superiores, como amigdalites, resfriados e bronquites. Para se ter o efeito desejado, Cláudia Manoel institui rotinas de tratamento que levam, em média, três meses. Além das sessões no consultório, a especialista ensina a mãe a dar continuidade ao tratamento em casa.
?Geralmente, as crianças chegam ao consultório depois de ter passado por outros especialistas e ter usado diversos medicamentos?, lembra a acupunturista, salientando que, por isso, aliada a ansiedade dos pais em tratar do problema, o tratamento pode demorar um pouco mais. A médica comenta que o pediatra de confiança deve estar a par da evolução no tratamento.
Ao estimular determinados pontos, há a liberação de um neurotransmissor que tem efeito analgésico local. Assim, a criança não sente dor e várias reações são desencadeadas. Umas substâncias promovem a estimulação do sistema imunológico e outras conseguem o efeito terapêutico desejado. ?A acupuntura utiliza recursos do próprio organismo para restaurar o equilíbrio?, frisa Cláudia Manoel. De acordo com a especialista, a técnica pode ser usada isoladamente, mas dependendo da doença a acupuntura não exclui o uso de remédios, mas ajuda a diminuir a quantidade deles e a reduzir o período de uso da medicação.
Indicações
Os distúrbios mais comuns tratados pela acupuntura pediátrica:
* Agitação (hiperatividade).
* Insônia.
* Dores musculares.
* Diarréia.
* Falta de apetite.
* Resfriados, rinites, distúrbios das vias aéreas.