O especialista: Obesidade e insegurança

ms1070606.jpgAs pesquisas sobre obesidade se multiplicam, com dados cada vez mais alarmantes, mostrando um aumento considerável no número de pessoas com o problema, independentemente da idade. Tem atingido muitos jovens, se tornando uma preocupação mundial. Cerca de 30% das crianças apresentam algum grau de sobrepeso. No Brasil, a obesidade afeta de 7% a 15 % da garotada, dependendo da região e da classe social. Nos Estados Unidos, o número de casos dobrou na última década. Entre os adultos brasileiros, o índice de obesidade também é alto, afetando, em média, 40% das pessoas nessa faixa etária, número estimado em 38,8 milhões de pessoas.

São inúmeras as razões que levam à obesidade: falta de atividades físicas, alimentação desregulada, excessos de gordura e guloseimas, pré-disposição genética e muitos outros fatores. O que quase nunca são levados em consideração são os motivos emocionais e psicológicos, que também são responsáveis pelo excesso de peso. Muitas vezes os pais, voltados para a correria do dia-a-dia, se esquecem de que os pequenos vêem o mundo de forma diferente. Quando ausentes da escola, dispõem de poucas orientações para adotar modelos adequados de alimentação e comportamento.

A falta de sincronia familiar impõe à garotada um movimento crescente de solidão, insegurança, medo e baixa auto-estima, fazendo com que preencham o vazio interior com alimentação inadequada. Esse ambiente de insegurança pode desencadear surpresas. Quando menos esperam, os pais percebem que a criança pode começar a desenvolver doenças consideradas de adulto, como diabetes ou hipertensão, em decorrência da obesidade ou do sobrepeso.

Para reverter essa tendência na próxima geração, os pais precisam prestar atenção no que as crianças estão ingerindo e se eles estão dando a devida atenção para que os filhos se sintam seguros. É preciso conscientizar crianças e adolescentes sobre a importância de uma alimentação completa, variada e colorida – portanto, rica em nutrientes. Não há alimentos proibidos, e sim pratos que devem ser consumidos com moderação.

A presença e a participação dos pais são insubstituíveis, mesmo com diversões eletrônicas, agenda sobrecarregada ou presentes comestíveis. Não adianta ensinar as crianças a comer corretamente se os pais não respeitarem as próprias ordens. O exemplo, temperado com presença, segurança e carinho, é a melhor maneira de educar e colocar limites.

Catarina Wolff, psicóloga especializada em obesidade infanto-juvenil.

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