O diagnóstico é complexo até para os médicos

Foto: DivulgaçãoApesar de atingir uma grande parte da população – 121 milhões de pessoas no mundo, sendo 17 milhões só no Brasil -, a depressão, muitas vezes, não é diagnosticada nem tratada de maneira adequada. Hoje a doença é a quarta causa global de incapacidade e deve se tornar a segunda até o ano de 2020. Além disso, a Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 75% das pessoas com depressão não recebem tratamento adequado.

A falta de informação sobre a depressão e seu estigma é um importante fator para o crescimento dos números mencionados acima, já que, até mesmo os médicos enfrentam desafios para entender e diagnosticar a doença. Uma pesquisa coordenada pela Federação Mundial para Saúde Mental, com apoio dos laboratórios Boehringer Ingelheim e Eli Lilly revela que apenas 1/3 dos clínicos gerais acredita que a faculdade de medicina ofereceu preparo suficiente para diagnosticar rapidamente e tratar seus sintomas físicos e emocionais. No total, foram avaliados cerca de 500 clínicos gerais de diversos países, inclusive o Brasil.

O psiquiatra Marcus Weber adianta que nem sempre os médicos estão preparados para reconhecer e tratar a depressão; por isso, muitos pacientes são tratados sub-clinicamente, Além disso, algumas vezes são receitados os remédios certos, mas em doses erradas, fato que, segundo o especialista, compromete sobremaneira a recuperação do paciente.

Em relação às pessoas que sofrem de depressão, muitas não buscam ajuda porque não relacionam os sintomas à doença e costumam ignorá-los, principalmente quando se tratam de dores que não estão associadas a qualquer outra condição clínica – como dores de cabeça ou nas costas. Outra pesquisa realizada pela instituição mostra que quase 75% dos indivíduos deprimidos não acreditam que dores físicas inexplicáveis (sem causa clínica) representam sintomas da depressão. Com efeito, a maioria dessas pessoas consultou um médico justamente por causa das dores – isoladas ou combinadas com sintomas emocionais.

Sintomas físicos e emocionais

Os sintomas da depressão vão desde os emocionais até os físicos. Uma das teorias mais aceitas é que a depressão é conseqüência de uma disfunção no sistema nervoso central, que diminui e desequilibra as concentrações de dois neurotransmissores (a serotonina e a noradrenalina), responsáveis pelo aparecimento dos sintomas.

Apesar de ser uma doença grave e de difícil diagnóstico, existem tratamentos eficazes para a depressão. Os mais comuns envolvem psicoterapia e medicamentos e, para que haja o desaparecimento completo dos sintomas, é preciso que seja aplicado um tratamento completo. Uma das mais recentes apostas é a duloxetina, que atua simultaneamente na recaptação dos neurotransmissores, agindo sobre os sintomas emocionais (tristeza, ansiedade, humor depressivo) e físicos (fadiga, alteração de peso e sono, dores de cabeça, nas costas, no pescoço, entre outras) relacionados à depressão.

Segundo Marcus Weber, é fundamental o diagnóstico precoce e um tratamento multidisciplinar, com a associação de diversas condutas, fazendo com que o paciente resgate um mínimo de convívio social, um dos alicerces para a manutenção do equilíbrio mental. Os pacientes com depressão devem também ser encorajados a modificar seus hábitos diários: realizar atividades físicas regulares, manter um período satisfatório de sono diário, ter uma boa alimentação e evitar o uso de substâncias como anorexígenos, álcool e tabaco.

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Uma enxurrada de sintomas

Em geral o deprimido percebe não estar bem, mas nem sempre aceita estar doente e atribui o fato a situa-ções da vida. Normalmente a enfermidade apresenta os seguintes sin-tomas:

* Irritabilidade; ansiedade; an-gústia; esquecimento

* Desânimo; cansaço fácil; dificuldade de concentração

* Diminuição ou incapacidade de sentir alegria e pra-zer; baixa auto-estima

* Desinteresse e falta de motivação; apatia; falta de vontade; indecisão

* Sentimentos de medo, insegurança, vazio, desesperança e desespero

* Pessimismo; idéias freqüentes e desproporcionais de culpa

* Interpretação distorcida e negativa da realidade

* Perda ou aumento do apetite; perda ou ganho de peso

* Dores e outros sintomas físicos freqüentes e cons-tantes não justificados

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