Mente equilibrada, corpo saudável

ms1220306.jpgSob o ponto de vista psicológico, o sistema nervoso central (SNC) – constituído por três órgãos: sistema límbico, tálamo e hipotálamo – é o grande ditador do corpo e da alma ? ele vai dizer se a pessoa vai ter saúde ou doença.

O sistema límbico rege os sentimentos de quem sofre, ama, se emociona, tem vontades e guarda as lembranças do passado. Ele também dá as ordens para os outros dois sistemas. O tálamo manda as ordens voluntárias para o corpo, como andar, parar, se movimentar, etc. Já o hipotálamo é responsável pelas ordens involuntárias, que não dependem da gente, como o batimento cardíaco, o abrir e fechar das válvulas, a produção de hormônios, etc. Uma ordem errada recebida pelo hipotálamo pode significar uma doença. Para esse tipo de problema o nome dado é psicossomatização.

Quando um médico diz ao seu paciente que fisicamente ele não tem nada, e que seu problema é psicológico, ele quer dizer que o problema é psicossomático. Por isso, uma mente equilibrada reflete um corpo saudável. Quando guardamos sentimentos ruins ou quando não tentamos resolver esses problemas, deixando que eles se acumulem, simplesmente fazendo ?vista grossa?, estamos investindo na fábrica de doenças que todos nós temos.

No momento em que o problema se apresenta, ficamos emocionados, deprimidos ou incomodados até que a sensação passa. No lugar, não aparece um alívio, mas sim um vazio. O fato é que nesse ponto o problema deixou de ser sério para ser grave, pois achamos que o conflito vai se resolver sozinho, e, inconscientemente, o problema permanece. Assim nascem os traumas, complexos e neuroses.

Um exemplo de trauma: na Febem, um menor abandonado em companhia de outros infratores tem mais a piorar do que a recuperar. Nesse caso, a Febem representa a sombra, uma parte do inconsciente pessoal onde nossos traumas se alojam. Como acumulamos vários, eles tendem a se acomodar mutuamente. O complexo pode ser comparado ao jovem que saiu da citada instituição, mas continuou preso, indo direto para a cadeia. É o momento em que o trauma ganha força e passa a ter domínio e estímulo próprio.

Assim, a neurose é o momento em que o trauma ganha comando próprio, como um ser independente que habita a mente de alguém. Seu crescimento pode levar à esquizofrenia.  Quando a neurose se manifesta, temos então a histeria. Socialmente, tem-se a histeria como uma simples mudança de comportamento, tornando alguém espontâneo ou nervoso, por exemplo. Puro engano. A histeria pode se manifestar como qualquer doença, entre elas, manchas de pele, paralisia, disfunções cardíacas, enxaquecas, perda de audição, fala e até cegueira.

Portanto, não devemos subjugar os sentimentos, mas enfrentá-los com muita coragem. Isso serve tanto para sentimentos negativos quanto para positivos. Dizer que devemos responder tudo com os sentimentos também é errado, pois a saúde mental não é constituída apenas por esse elemento, mas também pela percepção do pensamento e da ação. Aí encontramos a formação do consciente da pessoa. Um equilíbrio entre esses quatro fatores: percepção, sentimento, pensamento e ação. O equilíbrio entre eles gera saúde. A falta ou o desequilíbrio leva ao caos.

Mauro Godoy, psicólogo clínico. E-mail: mauro@usa.com

Voltar ao topo