Homens também devem ser vacinados contra a rubéola

?Eu não encontro uma justificativa epidemiológica para que os homens não sejam vacinados contra a rubéola. Pode ser que exista, mas eu desconheço?, afirmou o diretor dos programas internacionais do Instituto de Vacina Albert Sabin em Washington (EUA), Ciro de Quadros, durante um congresso de pediatria. Atualmente, somente as mulheres são vacinadas no Brasil. O pesquisador explica que todos os governos das Américas têm uma meta oficial para erradicar a rubéola até 2010 e que, para atingir tal objetivo, é necessário vacinar a população masculina e feminina até os 35 ou 40 anos de idade, de acordo com a epidemiologia local.

Todos os países das Américas estão realizando campanhas e vacinando homens e mulheres, com exceção do Brasil e do Chile. ?Enquanto os países não vacinarem ambos os sexos não conseguirão erradicar a doença ? o que pode representar um perigo para seus vizinhos em função da possibilidade de contaminação?, garante Quadros, reconhecendo a possibilidade de contaminação da própria população feminina. O especialista entende que, mesmo vacinadas, não se sabe por quanto tempo essas mulheres vão ter o mesmo nível de imunidade. ?Vacinando também a população masculina, a transmissão da rubéola é interrompida e esse perigo desaparece?, frisa.

Apesar disso, o diretor considera os programas de vacinação do Brasil dos mais abrangentes do mundo. ?O País erradicou a varíola, a rubéola, o sarampo, controlou o tétano, introduziu o rotavírus. Além disso, possui importantes laboratórios produtores de vacinas, como o Butantã, em São Paulo e Bio-Manguinhos, no Rio de Janeiro?, enumera, insistindo que a única coisa que falta realmente é a vacinação da população masculina contra a rubéola.

Doenças erradicadas

Em seu depoimento, Ciro de Quadros analisou criticamente os programas de vacinação do continente americano e citou os avanços na região desde as décadas de 1970 e 1980. ?Há 16 anos, nenhum país apresenta o vírus indígena da poliomielite?, exemplificou. Segundo ele, os casos que ocorreram na região no período restringem-se a casos em que o vírus foi importado de outras regiões do mundo em que a doença ainda não havia sido erradicada.

De acordo com o pesquisador, além de manter o compromisso político e econômico com a erradicação da poliomielite, o Brasil deve ficar atento ao contato com países que tenham o foco da doença, como os africanos e os asiáticos. O combate ao sarampo é outro exemplo de sucesso na região, na opinião de Quadros. Em 1990, foram registrados perto de 250 mil casos em todo o continente americano. Dezesseis anos depois, em 2006, foram apenas 187, todos importados de outros países. ?O último caso originado na própria região ocorreu há anos na Colômbia?, informou. Outros dois exemplos de doenças que praticamente desapareceram da região foram a difteria e o tétano neonatal.

Alguns fatores que podem ser responsabilizados pelo êxito dos programas de vacinação são a sustentabilidade financeira, a política sanitária em todos os níveis, que foi intensificada na região, e o compromisso político dos governos.

Ciro de Quadros ressaltou que, se por um lado, deve-se comemorar o fato de que as vacinas salvam três milhões de vidas todos os anos no mundo, por outro, ocorrem quatro milhões de mortes anualmente em decorrência de doenças passíveis de prevenção. ?A vacina não pode mais ser vista apenas como prevenção de doenças, mas como proteção da saúde?, completa.

Sobre a doença

A rubéola é uma doença causada pelo vírus do gênero morbillivirus que, apesar de ser classificada muitas vezes como própria da infância, acomete também adultos. Em 1954 o vírus causador da rubéola foi isolado e, em 1963, vacinas para prevenção ficaram disponíveis. A doença é espalhada pela respiração (contato com fluidos do nariz e boca de uma pessoa infectada) e é altamente contagiosa. Dados apontam que 90% das pessoas sem imunidade compartilhando o lar com alguém infectado são contagiadas. O período de incubação geralmente dura entre 10 e 12 dias, durante os quais não há sintomas. Pessoas infectadas podem transmitir a rubéola desde o aparecimento dos primeiros sintomas até cinco dias depois das manchas aparecerem.

Fonte: Notisa

Voltar ao topo