Gêmeos: Tudo em dobro, até os riscos

A notícia da gestação de gêmeos é sempre motivo de alegria e satisfação. Muita gente vê como algo curioso e, até mesmo, engraçadinho. Poucos sabem, no entanto, que gestações múltiplas – de gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos – oferecem riscos para a saúde da mãe e dos bebês. É uma gestação que merece uma atenção especial dos médicos. Com o devido acompanhamento a gravidez pode transcorrer sem problemas, mas é bom conhecer os riscos e os cuidados que devem ser tomados para que tudo termine bem.

Segundo o obstetra Dênis José Nascimento, professor adjunto da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná e da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná, especialista em gravidez de alto risco, a gestação múltipla aumenta a possibilidade de um maior número de complicações materno-perinatais, como, por exemplo, doenças hipertensivas, diabetes, prematuridade, síndromes anêmicas e as posições anômalas dos bebês, que aumentam sobremaneira as taxas de parto por cesárea.

A gestação única de baixo risco tem em média 40 semanas. A gestação gemelar, dependendo das condições maternas e fetais, pode ser antecipada em semanas, dependendo do fator de risco da gestante e/ou dos fetos. "Quanto maior o número de fetos, maior a probabilidade de ocorrência de doenças clínico-obstétricas e de nascimento prematuro", alerta o especialista.

Lesões neurológicas

Assim, quanto menor o tempo de gestação, maior é o risco de os bebês sofrerem algum tipo de problema. Principalmente, nos casos de gestação com uma única placenta, em que os bebês são idênticos e competem em busca de uma melhor nutrição, determinando alterações no desenvolvimento desses fetos. Por isso, eles ficam mais sujeitos aos riscos de apresentar esses tipos de doenças, incluindo lesões neurológicas, além de seu crescimento ficar comprometido. "Por isso, essas gestantes devem ser submetidas a uma assistência rigorosa, norteada pelo acompanhamento, por meio de exames que avaliem com maior exatidão possível as condições de saúde dos bebês", afirma Nascimento.

Conforme o especialista, nesse tipo de gravidez ocorre uma importante sobrecarga ao organismo materno. "Isso impõe um maior número de consultas e exames no pré-natal, entre eles, as ecografias seriadas, que mostram as condições de desenvolvimento dos fetos", ressalta. A nutrição das mães deverá ser muito bem orientada, devendo incluir o consumo de alimentos ricos em ferro, ácido fólico e outras vitaminas, além de cálcio e fibras. Conforme o professor, eles são importantes no combate às anemias.

De acordo com Nascimento, a ocorrência de contrações uterinas freqüentes poderá determinar um diagnóstico de trabalho de parto prematuro, determinando o internamento da gestante e da utilização de medicamentos para normalizar as contrações uterinas. Um exame completo também poderá determinar a utilização de medicamentos para fortalecimento dos pulmões dos bebês, antecipando a sua maturidade e fazendo diminuir as complicações neonatais advindas da prematuridade.

"Por motivos óbvios, quando o risco de complicações é muito grande, recomenda-se o repouso total para a gestante", esclarece o médico, salientando que, em alguns casos, é a única maneira de evitar a perda dos bebês ou um parto prematuro demais, onde o risco também se eleva, finaliza.

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