Fratura osteoporótica e qualidade de vida

As fraturas dos ossos constituem problemas médicos freqüentes, podendo ocorrer em todas as idades, variando a sua gravidade na dependência da intensidade e do tipo de trauma, além da qualidade do osso afetado. Os idosos apresentam risco maior de fraturas, podendo ocorrer na vigência de um trauma mínimo ou mesmo na sua ausência, devido à fragilidade óssea ocasionada pela osteoporose.

Constituiu a mais freqüente das doenças ósseas cerca de 10 milhões de brasileiros. Costuma evoluir durante muito tempo sem sintomas (inimiga oculta), vindo a manifestar-se, na maioria das vezes, por meio de uma fratura ao realizar atividades rotineiras, como virar na cama ou abrir uma janela. Com o aumento da população de risco, principalmente mulheres após a menopausa e idosos, embora não seja exclusiva do sexo feminino, espera-se mais número de fraturas nos próximos anos, se medidas preventivas não forem tomadas, visando principalmente ao diagnóstico precoce e os esclarecimento da população.

As fraturas constituem a manifestação clínica mais grave da osteoporose, com sérias implicações na qualidade de vida das pessoas. Qualquer fratura que ocora após os 50 anos, sem que haja um trauma significativo, deve ser atribuída à osteoporose. As principais fraturas são as do fêmur próximal (colo do fêmur e região trocanteriana), supra condiliana do fêmur (acima do joelho), coluna vertebral, punho, costelas, úmero proximal (próximo do ombro), embora todos os 206 ossos do corpo humano possam estar comprometidos.

Pelo caráter difuso da osteoporose, uma primeira fratura acarreta o risco da ocorrência de novas fraturas, sendo importante, a par do tratamento, adotar medidas preventivas, principalmente em relação a quedas tidas como o tipo de trauma mais comum no idoso. As fraturas osteoporóticas que mais interferem na qualidade de vida são as do fêmur proximal (quadril) e coluna vertebral, pelas limitações que determinam, constituindo verdadeira ameaça à independência. As fraturas do quadril constituem lesões peculiares à idade avançada, sendo raras em pessoas jovens com osso normal.

Sua freqüência está aumentando, devido ao maior número de idosos e a não utilização correta das medidas preventivas na população de risco. Os custos são altíssimos, do ponto de vista físico, social e econômico, com alta taxa de mortalidade nos primeiros seis meses (20%), e 50% dos pacientes não recuperam a sua independência após a fratura.

O tratamento, na maioria dos caros, é cirúrgico, visando à suspensão da dor e a mobilização precoce do paciente pela equipe de enfermagem e fisioterápica, no sentido de prevenir complicação, como escaras de decúbido, atrofias, contraturas, trombose venosa profunda, embolia pulmonar, retenção urinária e outras, além de medidas de apoio.

As fraturas da coluna vertebral (dorsal e lombar) ocorrem na vigência de traumatismo mínimo ou mesmo na sua ausência, como no ato de tossir ou virar na cama. Podem causar complicações, como dor crônica nas costas, redução da altura corpórea e deformidades, limitando as atividades das pessoas. Porém, nem toda fratura vertebral é causada pela osteoporose, sendo necessária uma investigação rigorosa para afastar outras causas, como metástases.

A fratura do punho relacionada à osteoporose é freqüente em mulheres idosas, causada na maioria das vezes por queda sobre a mão estendida. O tratamento poderá ser conservador ou cirúrgico, dependendo do caso, evoluindo na maioria das vezes sem seqüelas, visto que o osso é capaz de regenerar totalmente.

As fraturas das costelas podem resultar também em conseqüência de traumatismo mínimos ou no ato de tossir, espirrar ou receber um abraço, com dor de grande intensidade e dificuldade respiratória, sendo o tratamento conservador na maioria dos casos.

A fratura do úmero próximo ao ombro poderá ser determinada por traumatismo direto ou indireto ao cair sobre o membro superior. Os sintomas são: dor, deformidade ao nível do ombro e impossibilidade de movimentá-lo. O tratamento poderá ser conservador ou cirúrgico, na dependência do caso, podendo ou não evoluir com seqüela.

As seqüelas das fraturas relacionadas com a osteoporose podem resultar em dor, limitação física e deformidades, além de transtornos psicológicos, como ansiedade, depressão e medo, com repercusão na qualidade de vida. Algumas pessoas passam a viver inteiramente dependentes da família ou internadas em casas para idosos. A solução é a prevenção, por meio do dignóstico precoce da osteoporose e do seu tratamento adequado, impedindo a ocorrência das fraturas.

Luiz Bodachne

é médico geriatra do Hospital Universitário Cajuru da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Voltar ao topo