Fast check-up: tempo não é mais desculpa

O empresário Jackson Riegler foi dono de franquias da rede de lanchonetes McDonald? s em Curitiba durante 15 anos. Cuidar das diversas lojas durante tanto tempo levou o empresário a um ritmo de vida com elevado índice de estresse. Depois disso ainda houve uma extensa briga judicial com o franqueador e muito desgaste para administrar tudo isso. O resultado é que a saúde do empresário não ia nada bem. Resolveu mudar tudo, de negócio inclusive. Procurou auxílio médico e tomou conhecimento do check-up empresarial. ?Foi ótimo, porque numa manhã fiz todos os exames que levariam semanas para fazer?, conta, salientando que os resultados  foram determinantes para ajudar na conscientização sobre a importância de mudar hábitos de vida. ?Hoje sou outro homem?, comenta.

Cuidar da saúde é muito mais barato do que cuidar da doença. No entanto, nem todo mundo disponibiliza tempo para cuidar de si mesmo. Conciliar a agenda pessoal com os horários de médicos e laboratórios não é tarefa das mais simples. Além disso, realizar todos os exames e consultas necessários para um check-up pode demandar muito mais tempo do que se imagina. Para diminuir esse prazo, alguns hospitais criaram um novo serviço: o check-up empresarial, idealizado justamente para atender aquelas pessoas que têm um alto nível de exigência profissional e pessoal e não podem abrir mão de cuidar da saúde.

?Como em qualquer tipo de doença, é mais barato e eficaz cuidar da prevenção?, afirma o cardiologista Eduardo Zen, coordenador do programa no Hospital Santa Cruz. Segundo ele, todo executivo sabe que tempo é dinheiro. ?Mas quem não tem tempo pra cuidar da saúde, vai ter de encontrar tempo pra cuidar da doença?, enfatiza. Com efeito, em apenas três meses de disponibilização, o serviço atendeu mais de 700 pessoas.

Tudo em uma manhã

Todo o check-up dura cinco horas. O paciente chega pela manhã e se submete a uma série de exames. No laboratório de análises são realizados os exames necessários, como hemograma, sódio, ácido úrico, HDL, colesterol, parcial de urina, uréia, PSA (para os homens), parasitológico de fezes e glicemia, entre outros. No centro de imagem são realizados os exames de abdome total, próstata ou transvaginal e raio-X do tórax. Depois o paciente passa por uma avaliação nutricional e é levado para tomar um café da manhã, especialmente preparado com todos os nutrientes de que necessita. Ainda são feitas outras avaliações, como níveis de estresse, oftalmológica, cardiológica e urológica ou ginecológica, além de teste de esforço, eletrocardiograma, e espirometria.

Durante todo o tempo em que permanece se submetendo aos exames e avaliações, o paciente pode usar um computador com acesso à internet. ?Normalmente isso deixa a pessoa mais tranqüila, pois entre um exame e outro pode resolver situações de trabalho ou estar em contato com sua empresa?, frisa Eduardo Zen. Outra vantagem é a padronização dos resultados, isto é, os exames seguem uma mesma ?rotina? e servem de parâmetro para futuros check-ups. Terminados todos os exames, o paciente sai do hospital levando em mãos um dossiê completo do seu estado de saúde gravado em CD.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) está realizando uma pesquisa chamada ?Corações do Brasil?. O estudo quer saber por que 93% das pessoas que sofrem de hipertensão arterial, uma das principais causas do infarto, não se cuidam e muitas vezes nem tomam os medicamentos necessários para combater a doença. Cerca de 60 mil pacientes estão sendo observadas em todo o Brasil. ?A preocupação é descobrir por que as pessoas não se cuidam como deveriam?, reitera Eduardo Zen, um dos médicos que participa da pesquisa. Ele salienta que os médicos sabem que as cardiopatias, como o infarto, são decorrentes de alguns fatores de risco (ver box).

Nos Estados Unidos, um milhão e 200 mil pessoas sofrem de algum tipo de cardiopatia. Para a economia americana isso representou um prejuízo, em 2004, de 368 bilhões de dólares. Só a redução da produtividade nas empresas foi de 51 bilhões de dólares. No Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde, o sedentarismo é responsável por 2 milhões de mortes por ano.

Números que assustam

No Brasil, 46,8% para um grupo de 100 mil habitantes.

Na região sul a proporção aumenta para 67,9%.

No Paraná, o número chega a 58,5%.

Em Curitiba, o índice é ainda maior: 71%.

Fonte: SBC

Os fatores de risco para as doenças do coração

– Hipertensão.

– Colesterol elevado.

– Estresse.

– Tabagismo.

– Alimentação desequilibrada.

– Diabetes.

– Obesidade.

– Sedentarismo.

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