Falta de recursos ameça equoterapia na Hípica

Trinta e duas crianças e adolescentes portadores de deficiência física e mental de Curitiba podem deixar de ser beneficiadas com a equoterapia, método que utiliza o cavalo para ajudar no desenvolvimento psicológico e social. O tratamento vem sendo desenvolvido na Sociedade Hípica Paranaense desde 2001 e, de acordo com a coordenação do Centro de Equoterapia, já atendeu a 75 portadores de deficiência.

O problema se agravou porque o programa depende de recursos financeiros para se manter. A iniciativa era patrocinada por meio de um convênio com a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer e com o banco HSBC, que foram cancelados. A meta do programa seria atender nos próximos meses a pelo menos 60 jovens. “Estamos fazendo de tudo para evitar o fechamento do Centro de Equoterapia, mas se nada for feito, é o que vai ocorrer. Fizemos um abaixo-assinado, encaminhamos para a Câmara e marcamos uma reunião na Secretaria de Esporte e Lazer para encontrar uma solução”, conta a coordenadora do programa, Camila Batista do Nascimento.

A técnica desenvolvida na Sociedade Hípica estimula os portadores de deficiência, ajudando a corrigir a postura e melhorar o equilíbrio, através de atividades eqüestres e técnicas de equitação. “É incrível a melhora proporcionada em apenas três meses de tratamento. É um projeto excepcional e que não pode terminar dessa maneira. Precisamos do convênio para mantermos o programa”, completa Camila. A coordenadora também afirmou que está tentando manter contatos com empresas para viabilizar o projeto.

Prefeitura

A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que o programa desenvolvido pela Sociedade Hípica é pequeno e recebia R$ 5 mil mensais. Assim como outros programas, ele saiu do orçamento municipal e deveria ser incluído na Lei de Incentivo ao Esporte. A Prefeitura destacou que a Sociedade Hípica entrou no projeto, cumpriu com a primeira etapa e recebeu R$ 8 mil de recursos da lei. Mas na segunda etapa, a entidade não entregou a documentação exigida para que pudesse continuar recebendo a quantia. Eles confirmaram que a entidade pode voltar a receber os recursos, desde que entre novamente na Lei de Incentivo.

Adolescente começou a andar graças à terapia

O adolescente Vítor Giovani, de 15 anos, participa do tratamento de equoterapia há um ano e meio, e os resultados não demoraram a aparecer. De acordo com o pai do jovem, o engenheiro mecânico Adolfo Celso Guide, o equilíbrio e a coordenação motora do filho tiveram um desenvolvimento impressionante.

A doença metabólica gangliosidose GM1, causada pela deficiência da enzima beta-galactosidase – que faz a reposição das células do cérebro -foi detectada aos quatro anos, mas já estava em estágio avançado. Vítor teve o sistema nervoso central e periférico afetados. Não existe medicamento ou tratamento específico para a doença. Ele estuda na Escola Especial São Francisco de Assis, no bairro Hugo Lange, e também participa de sessões de hidroterapia.

Adolfo destaca que o tratamento com cavalos foi desenvolvido em Curitiba e já foi apresentado em outras cidades como modelo de colaboração no desenvolvimento aos portadores de deficiência. “A situação está crítica, a ponto de fechar as portas. Antes trabalhavam no local cinco pessoas. Hoje só se encontra a coordenadora, Camila, e mais uma auxiliar”, diz Adolfo.

A mãe de Vítor, Griceldi Tomaz Ferreira, lembra que o filho não conseguia andar antes do começo do tratamento da equoterapia. Ela diz que, sem o programa, a maioria das crianças e adolescentes não terá outra opção de atendimento: “O maior problema é que eles necessitam do programa, que é gratuito. Não possuem recursos para fazerem tratamentos caros”, destaca. “A eficiência da equoterapia está mais do que comprovada. Ajuda muito na recuperação motora dos portadores de deficiência. Isso não pode acabar”, insiste a mãe.

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