Falta de diagnóstico agrava esclerose múltipla

No Brasil, de cada 100 mil pessoas, dezoito desenvolvem a esclerose múltipla (EM) e, por falta de diagnóstico, apenas 30% dessa população recebe tratamento. Tanto a população quanto os médicos, principalmente de pequenos centros, não estão preparados para detectar o problema. A informação é da coordenadora do centro de referência em tratamento de EM do Hospital Governador Celso Ramos, em Santa Catarina, Suzana Nunes Machado.

A esclerose múltipla é uma doença do sistema nervoso central e atinge pessoas na faixa dos 18 aos 50 anos, ocorrendo principalmente na fase produtiva. Ela não tem cura, mas pode ser tratada, atenuando os efeitos da doença. Após cerca de 15 anos sem atendimento, o paciente pode apresentar paralisia, não consegue falar, deglutir, se mover, ter alterações cognitivas e de perda da memória.

De acordo com Suzana, o baixo índice de diagnóstico ocorre principalmente porque a população não conhece o problema. Aliada a isto está a falta de preparo dos médicos e a escassez de exames e equipamentos adequados para detectar a patologia. Wellington C. da Rocha, de 39 anos, descobriu que tinha a EM quando tinha 22. Na época teve que ir para São Paulo fazer exames porque em Curitiba não existiam os aparelhos necessários. Ele conseguiu iniciar o tratamento cedo e hoje leva uma vida normal, com poucas limitações. “Trabalho, sou casado e tenho filhos”, diz. Há 10 anos ele descobriu a Associação Paranaense de Esclerose Múltipla (Aparem) e colabora nos eventos de divulgação e assistência ao portadores de EM. Em Curitiba e região são cerca de trezentos associados.

Sintomas

A doença evolui em surtos (períodos em que a doença se agrava). Os principais sintomas são dificuldades para caminhar, controlar a bexiga e a função sexual, formigamento, dor, cegueira temporária ou visão embaçada, fadiga intensa, perda da audição, vertigens, alteração da fala e da coordenação motora.

O governo distribui gratuitamente o medicamento, que é muito caro para a população. Ele é usado há seis anos e até agora tem apresentado resultados positivos. Evita que os surtos apareçam, retardando o avanço da doença e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Mas, segundo Suzana, os pacientes ainda não recebem do sistema publico de saúde o tratamento adequado. Ela diz que os pacientes só têm acesso a psicólogos e fisioterapeutas, falta atendimento de fonoaudiologia, assistência social e enfermagem especializada no assunto.

Para divulgar a doença, a Aparem promoveu ontem em Curitiba um encontro para portadores, parentes e profissionais da área. Quem quiser pode entrar em contato com a associação pelo telefone (41) 377-3691.

Voltar ao topo