Diagnósticos de hepatite C devem aumentar nos próximos anos

Ministério da Saúde e especialistas alertam para o aumento de diagnósticos de pessoas portadores de hepatite C nos próximos anos. Não há um número concreto de pessoas contaminadas pela doença no País, mas os médicos e o governo estimam que entre 2,5 milhões e 3 milhões de brasileiros estejam infectados. O principal desafio encontrado pela classe médica é o silêncio: o vírus presente no organismo só se manifesta duas décadas ou mais após o contato.

A hepatite C é uma infecção no fígado causada por um vírus transmitido por sangue contaminado. As principais formas de transmissão são através de seringas e outros objetos compartilhados por usuários de drogas, objetos de salões de beleza, consultórios dentários, estúdios de tatuagem e piercings e procedimentos médicos não descartáveis ou não esterilizados de forma adequada e transfusões de sangue realizadas antes de 1993 no Brasil. “Nesse tipo de hepatite, o risco da contaminação por relação sexual é muito baixo, diferente do que ocorre com a hepatite B”, afirma o infectologista Rafael Simões. O portador da doença pode desenvolver a forma crônica que ocasiona a lesão do fígado, popularmente conhecida como cirrose, e até o câncer hepático.

Segundo os especialistas, 80% dos casos se tornam crônicos. “A hepatite C já é dita como um dos grandes problemas de saúde pública”, afirma Simões. Há outros índices alarmantes. “Na maioria das vezes, cerca de 30% a 40%, não se descobre como foi realizada a infecção. Além disso, 30% dos pacientes com hepatite C também têm o vírus HIV”, diz o hepatologista Hoel Sette, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Outro dado preocupante é que a hepatite C apresenta a taxa de mortalidade com maior crescimento no Brasil, tendo aumentado de mais de 30% em media no ano passado.

De acordo com os especialistas, a pessoa descobre a doença durante exames de rotina, já que ela é totalmente silenciosa e os sintomas como pele amarela, febre, dores abdominais e diarréia só se manifestam quando o fígado já está prejudicado, duas décadas ou mais após o contato com o vírus. “Os pacientes geralmente descobrem a doença em exames de check-up e quando vão realizar a doação de sangue. Raramente a hepatite C é descoberta nas primeiras semanas e meses após o contato com o vírus”, destaca o infectologista Marcelo Litvoc, do núcleo de doenças infecciosas do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista.

Apesar dos números assombrosos, a doença pode ser controlada e na maioria dos casos ela tem cura. O tratamento mais utilizado atualmente é a combinação de dois medicamentos. “Os índices de cura não extremamente elevados: em torno de 68,7% dos casos são curados e o tratamento varia de seis meses a um ano, dependendo do estágio da doença”, afirma Sette. Ainda de acordo com o hepatologista do Oswaldo Cruz, no tipo 1, o caso mais grave e que responde menos a terapia dos medicamentos, a chance de cura pode ultrapassar os 54%. “Esse índice nunca foi atingido anteriormente”, completa.

Os especialistas reiteram que o melhor tratamento é o diagnóstico precoce. “Não podemos ficar de braços cruzados esperando os pacientes nos procurarem por causa do surgimento de sintomas. As pessoas precisam ter noção que é uma doença assintomática e extremamente perigosa”, alerta Sette. “É importante as pessoas descobrirem que são portadoras desse vírus, pois isso facilita o tratamento e há mais chances de ele ser respondido”, ressalta Litvoc.

24/07/2008 14:10 – SV/ /SAÚDE/HEPATITE C

Diagnósticos de hepatite C devem aumentar nos próximos anos

Por Amanda Valeri

São Paulo, 24 (AE) – O Ministério da Saúde e especialistas alertam para o aumento de diagnósticos de pessoas portadores de hepatite C nos próximos anos. Não há um número concreto de pessoas contaminadas pela doença no País, mas os médicos e o governo estimam que entre 2,5 milhões e 3 milhões de brasileiros estejam infectados. O principal desafio encontrado pela classe médica é o silêncio: o vírus presente no organismo só se manifesta duas décadas ou mais após o contato.

A hepatite C é uma infecção no fígado causada por um vírus transmitido por sangue contaminado. As principais formas de transmissão são através de seringas e outros objetos compartilhados por usuários de drogas, objetos de salões de beleza, consultórios dentários, estúdios de tatuagem e piercings e procedimentos médicos não descartáveis ou não esterilizados de forma adequada e transfusões de sangue realizadas antes de 1993 no Brasil. “Nesse tipo de hepatite, o risco da contaminação por relação sexual é muito baixo, diferente do que ocorre com a hepatite B”, afirma o infectologista Rafael Simões. O portador da doença pode desenvolver a forma crônica que ocasiona a lesão do fígado, popularmente conhecida como cirrose, e até o câncer hepático.

Segundo os especialistas, 80% dos casos se tornam crônicos. “A hepatite C já é dita como um dos grandes problemas de saúde pública”, afirma Simões. Há outros índices alarmantes. “Na maioria das vezes, cerca de 30% a 40%, não se descobre como foi realizada a infecção. Além disso, 30% dos pacientes com hepatite C também têm o vírus HIV”, diz o hepatologista Hoel Sette, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Outro dado preocupante é que a hepatite C apresenta a taxa de mortalidade com maior crescimento no Brasil, tendo aumentado de mais de 30% em media no ano passado.

De acordo com os especialistas, a pessoa descobre a doença durante exames de rotina, já que ela é totalmente silenciosa e os sintomas como pele amarela, febre, dores abdominais e diarréia só se manifestam quando o fígado já está prejudicado, duas décadas ou mais após o contato com o vírus. “Os pacientes geralmente descobrem a doença em exames de check-up e quando vão realizar a doação de sangue. Raramente a hepatite C é descoberta nas primeiras semanas e meses após o contato com o vírus”, destaca o infectologista Marcelo Litvoc, do núcleo de doenças infecciosas do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista.

Apesar dos números assombrosos, a doença pode ser controlada e na maioria dos casos ela tem cura. O tratamento mais utilizado atualmente é a combinação de dois medicamentos. “Os índices de cura não extremamente elevados: em torno de 68,7% dos casos são curados e o tratamento varia de seis meses a um ano, dependendo do estágio da doença”, afirma Sette. Ainda de acordo com o hepatologista do Oswaldo Cruz, no tipo 1, o caso mais grave e que responde menos a terapia dos medicamentos, a chance de cura pode ultrapassar os 54%. “Esse índice nunca foi atingido anteriormente”, completa.

Os especialistas reiteram que o melhor tratamento é o diagnóstico precoce. “Não podemos ficar de braços cruzados esperando os pacientes nos procurarem por causa do surgimento de sintomas. As pessoas precisam ter noção que é uma doença assintomática e extremamente perigosa”, alerta Sette. “É importante as pessoas descobrirem que são portadoras desse vírus, pois isso facilita o tratamento e há mais chances de ele ser respondido”, ressalta Litvoc.

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