Diagnóstico precoce do Parkinson favorece o tratamento

A doença de Parkinson não faz distinções. Afeta homens e mulheres de forma estatisticamente muito semelhante e, geralmente, se inicia após os 50 anos de idade.

Assim, com o avançar da expectativa de vida da população brasileira mais idosos correm o risco de desenvolver a doença. A causa da doença até hoje é um mistério, com efeito, ainda não existe um tratamento que a cure definitivamente.

Os especialistas reforçam que os tratamentos disponíveis têm a intenção de oferecer mais qualidade de vida ao portador da doença. Os esforços para desvendar o parkinsonismo não são recentes. Em 1817, James Parkinson descreveu-a como uma “paralisia agitante”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 3% da população com mais de 65 anos é portadora da doença – e a estimativa é que esse número dobre até 2040, em decorrência do aumento da expectativa de vida da população.

Só no Brasil, pelo menos 200 mil pessoas têm doença de Parkinson, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Conforme o neurologista Henrique Ballalai Ferraz, do Departamento de Transtornos do Movimento da Academia Brasileira de neurologia, o parkinsonismo é caracterizado por alterações patológicas e bioquímicas no cérebro. “É degenerativa, crônica e progressiva”, declara o especialista.

Outros sinais

Comumente diagnosticada por sinais como tremor de repouso, rigidez muscular, diminuição da velocidade dos movimentos e distúrbios do equilíbrio e  marcha, sabe-se hoje que a doença de Parkinson pode ser responsável também por alterações em diferentes áreas do sistema nervoso, acarretando sinais e manifestações variadas que ainda são pouco associadas à doença, como depressão, diminuição do olfato, transtornos comportamentais do sono REM (quando o paciente interage com o sonho de forma agressiva) e diminuição da memória, entre outros transtornos.

Recentemente, um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP) veio somar a esses sintomas outros igualmente importantes. Segundo a pesquisa, os tremores podem não ser os primeiros sinais da doença, já que o levantamento constatou que há possibilidade da doença de Parkinson ter origem periférica, ou seja, nas células nervosas presentes em vários órgãos do corpo.  

Dopamina

Até então, sabia-se que a doença resultava de uma diminuição significativa da produção de dopamina (substância química que facilita transmissão de estímulos entre células nervosas) em uma região do encéfalo conhecida por substância negra.

É a redução na produção da dopamina que acarreta os principais sintomas e sinais motores. Com esses novos dados, manifestações, como incontinência urinária, insuficiência cardíaca e disfunções intestinais merecem atenção especial, principalmente se o paciente tiver histórico de parkinsonismo na família.

A natureza, a gravidade e a progressão dos sintomas e sinais variam muito de um paciente para outro. “Não é possível antecipar quais deles poderão afetar determinado paciente com doença de Parkinson, assim como a intensidade de suas manifestações”, alerta Ballalai.

Diante de todas essas possibilidades, é importante que qualquer dessas manifestações seja levada em consideração, principalmente por aqueles com mais de 60 anos.

O diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento, que deve ser iniciado o quanto antes. O neurologis,ta pode diferenciar se os sintomas são da doença ou de outros distúrbios neurológicos por meio de uma minuciosa avaliação clínica e de exames complementares, como tomografia de crânio e ressonância magnética. Uma completa investigação que facilita a proposição do melhor tratamento para cada caso.

Tratamento individualizado

De acordo com o neurologista, o tratamento mais comum e eficaz para a maioria dos casos de doença de Parkinson atualmente é o farmacológico, ou seja, o que utiliza medicamentos que aliviam os sintomas por meio de medicações que substituem a dopamina.

Uma das substâncias mais antigas usadas no tratamento é a levodopa, que, embora tenha eficácia inquestionável no tratamento sintomático da doença, pode desencadear, com o passar do tempo, reações bastante limitantes, como movimentos involuntários anormais (discinesias), se for usada por um longo período e geralmente em doses crescentes.

A neurologista Mônica Haddad destaca que o diálogo entre paciente e médico é de vital importância para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Dados internacionais mostram que a falta de informações e esclarecimentos sobre a doença fazem com que a adesão ao tratamento chegue a apenas 30%.

“Não há um melhor tratamento para o parkinsonismo, mas um tratamento mais adequado a cada paciente em particular”, compara. Conforme a especialista, o início do tratamento deve acontecer quando for identificado algum prejuízo funcional. “Como a doença tende a progredir, a terapia proposta deverá, sempre, passar por ajustes”, completa.

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