Depressão pós-parto é um transtorno comum

As morbidades psiquiátricas menores são transtornos muito comuns e de difícil caracterização. A maioria das mulheres com tais distúrbios apresenta queixas como tristeza, ansiedade, fadiga, diminuição da concentração, preocupação, irritabilidade e insônia. Esses transtornos, relativamente comuns no período pós-parto, estão geralmente relacionados à baixa renda e à obesidade. É o que mostra um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e publicado no Cadernos de Saúde Pública, do mês de maio.

O trabalho teve por objetivo estudar fatores potencialmente relacionados à prevalência de morbidades psiquiátricas menores, incluindo variáveis relativas ao estado nutricional materno, em um grupo de mulheres acompanhadas durante nove meses pós-parto – momento em que elas se encontram em estado de maior vulnerabilidade, situação que facilita o surgimento dessas doenças.

De acordo com especialistas, os sinais e sintomas de depressão perinatal são diferentes daqueles característicos do transtorno depressivo maior não psicótico que se desenvolvem em mulheres em outras épocas da vida. Contudo, alguns deles podem ser confundidos com situações normais desse período. Assim, no entender dos pesquisadores, sintomas como distúrbios do sono, aumento de apetite, fadiga, diminuição do desejo sexual e queixas de dor e desconfortos em diferentes sistemas são de pouca utilidade para o diagnóstico de depressão nessa fase.

Sub diagnosticadas

No período pós-parto, as mulheres, com freqüência, são examinadas por seus obstetras ou clínicos gerais em consultas focadas na sua recuperação física. Além disso, o único médico que visitam é o pediatra do filho – de quatro a seis vezes durante o ano seguinte ao nascimento de seu bebê. Quando apresentam depressão, embora busquem ajuda mais comumente com esses médicos do que com profissionais de saúde mental, muitas vezes não são diagnosticadas ou reconhecidas como portadora de tais morbidades.

Nesse ínterim, o relacionamento mãe-filho pode estar prejudicado. A pesquisa revelou que grande parte dos filhos de mães que apresentaram diagnóstico de depressão pós-parto tem dificuldades para dormir e se alimentar. Muitas mães se queixam, com freqüência, de cansaço excessivo, o que acabava refletindo de forma negativa no relacionamento com seus filhos. ?A falta de energia e a incapacidade de sentir prazer, também chamada de anedonia, presente em muitos pacientes depressivos, acaba afastando-o das atividades diárias e do convívio com as outras pessoas, prejudicando assim sua vivência afetiva?, afirma o psiquiatra Marcelo Feijó de Mello.

Também é importante frisar que muitas mulheres com depressão perinatal não revelam seus sintomas com receio de possível estigmatização. Elas sentem que as expectativas sociais são de que elas estejam satisfeitas e acabam sentindo-se culpadas por estarem experimentando sintomas depressivos num momento que deveria ser de alegria. Conforme os psiquiatras, cada paciente deve ser avaliada com especial atenção, a fim de se estabelecer a melhor estratégia de tratamento para cada situação em particular, da maneira mais precoce possível.

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