Coração artificial para baixa renda

No Brasil são registrados trezentos mil novos casos de insuficiência cardíaca todo ano. O problema atinge pessoas de várias classes sociais. Uma das formas de tratamento ou – em alguns casos – de cura definitiva do problema, é a utilização de suportes cardíacos, vulgarmente conhecidos como corações artificiais. Todavia, esses aparelhos têm elevado preço, chegando a custar entre R$ 300 mil e R$ 400 mil. Desde 1996, um grupo de profissionais, capitaneados pelo cardiologista curitibano Luiz Fernando Kubrusly, está desenvolvendo um suporte cardíaco voltado às pessoas de baixo poder aquisitivo. As pesquisas estão em estágio avançado e no próximo mês de setembro o coração artificial já estará sendo usado em humanos.

Conforme Kubrusly, o suporte cardíaco tem duas vantagens em relação ao que existe no mercado hoje: o preço e o fato de agir em conjunto com o coração do paciente. “Hoje o coração é retirado e trocado por uma máquina. Mas como toda máquina é passiva de falha, ela pode parar e o paciente morrer. No caso do suporte que estamos desenvolvendo, ele funciona ao lado do coração. Se a máquina falhar, o coração do paciente, mesmo um pouco debilitado, vai estar lá funcionando”, explicou.

O preço do novo suporte gira em torno de R$ 22 mil. A idéia é que sejam criados seis centros de referência no uso desse suporte no Brasil. “Estamos na fase final de teste em animais. Já recebemos proposta para vender nosso produto a empresas que pretendem fazê-lo em larga escala. Mas vamos fazer de tudo para que isso não aconteça, senão perderíamos o que nos motivou a produzi-lo, que é ter um suporte que pode ser utilizado por pessoas com baixo poder aquisitivo”, revelou, destacando que a idéia é que o Sistema Único de Saúde (SUS) adquira os aparelhos.

Congresso

Kubrusly é o presidente do 31.º Congresso Nacional de Cirurgia Cardíaca que acontece na próxima semana em Curitiba. “Médicos do Brasil inteiro vão estar aqui para debater as novas técnicas. A grande expectativa é realmente o suporte que trabalha em conjunto com o coração e tem um preço mais acessível”, revelou, destacando que em agosto os testes em animais devem estar concluídos. “Em setembro vamos utilizá-lo pela primeira vez em um ser humano”, revelou.

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