Ciúmes podem ser sintoma de doença

Os ciúmes são um sentimento normal e têm uma função biológica precisa, mas se são cotidianos e duram mais de uma hora por dia podem ser sintoma de depressão, pânico ou paranóia. Essa é a conclusão a que chegou a psiquiatra italiana Donatella Marazziti, da Universidade de Pisa, que expôs, no último 26 de fevereiro, sua teoria no Congresso Nacional da Sociedade Italiana de Psicopatologia, que aconteceu em Roma.

Os ciúmes, ou seja, o temor de ser traído pelo próprio par, é um sentimento completamente natural que teve importante função na história, porque tem como objetivo a conservação da espécie e a estabilidade da relação sentimental, explicou a psiquiatra.

Nos homens, os ciúmes estão vinculados à segurança da paternidade e, por isso, à certeza de gerar os próprios filhos. Nas mulheres, ao contrário, os ciúmes estão relacionados com a necessidade de conservar o companheiro e assegurar a proteção da prole, disse a psiquiatra.

O problema é traçar os limites entre os ciúmes “normais” e os “patológicos”. Para Marazziti, se os episódios de ciúmes “não causam sofrimentos”, então são normais, mas se passam esse limite são patológicos, explicou ela no congresso em Roma.

A psiquiatra informou que se alguém pensa “mais de uma hora por dia” na eventual traição do par, deve-se considerar a situação como um “alarme”, ou seja, como sintoma específico de uma “alteração de personalidade”, desencadeada pela relação afetiva.

Um estudo realizado por Marazziti, com 420 estudantes universitários entre 20 e 25 anos, revelou que 10% apresentavam sintomas de ciúmes patológicos, superando o limite de uma hora de ciúme por dia.

A pesquisa confirmou uma base biológica do ciúme, pois em todos os que superavam o limite patológico observou-se um nível de serotonina menor que na população “normal”.

A psiquiatra definiu também quatro tipos de ciúmes: os depressivos (aqueles que não se sentem à altura do par), os obsessivos (vivem angustiados pela dúvida se são amados ou não), os ansiosos (que temem ser deixados) e os ciúmes paranóicos (caracterizados pela constante e excessiva suspeita).

Os quatro tipos de ciúmes se manifestam em homens e mulheres, independentemente da idade e, segundo a psiquiatra, os mais ciumentos são os solteiros. Enquanto a maior parte das mulheres sofre de ciúmes depressivos e obsessivos, entre os homens prevalece a forma mais inquietante dos ciúmes paranóicos, sustentou a pesquisadora.

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