Benefícios de uma infância ativa

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem se preocupado com a prevenção da obesidade, por achar que ela já é uma epidemia mundial.

No Brasil, segundo dados estatísticos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nos últimos 30 anos, aumentou em 35% a proporção de crianças e adolescentes acima do peso.

De acordo com os especialistas, isso acontece não só pela herança genética, mas pela vida mais sedentária e ausência de estímulos dos pais a pratica de atividades físicas e a uma rotina alimentar.

A atividade física é um comportamento que, somando-se com a alimentação sadia, a genética e o meio ambiente favorável, faz com que a criança atinja seu potencial de crescimento e desenvolvimento normal e conseqüentemente, um bom nível de saúde.

Quem afirma é a pediatra Fátima Parente de Araújo, especialista em neonatologia.

“A promoção da atividade física na infância é fator primordial para o desenvolvimento de hábitos saudáveis que podem modificar o surgimento de doenças crônicas enquanto adulto como, pressão alta, altas taxas de colesterol e elevado percentual de gordura corporal, além de doenças do coração”, reconhece a especialista.

Nada de competição

Com liberdade e na maior descontração, ter uma orientação espaço-temporal e capacidade para um convívio social mais adequado com alongamentos, jogos entre brincadeiras, faz com que uma criança tenha mais equilíbrio, coordenação motora e sem dúvida nenhuma, qualidade de vida.

Pesquisas apontam que a aderência às atividades físicas na infância trazem maior desenvolvimento no condicionamento geral do adulto além de maiores habilidades motoras para diversas atividades.

De acordo com o ortopedista Gilberto Camanho, sob o ponto de vista neurológico, a criança leva, no mínimo, de seis a sete anos para completar seu desenvolvimento. Esse é o limite mínimo de maturação do sistema nervoso.

“Portanto, antes disso, as atividades esportivas ideais para as crianças são correr, nadar, andar de bicicleta, fazer ginástica de solo, brincar, por exemplo”, admite. O início precoce de esportes como tênis, futebol, vôlei ou outros que requerem preparo específico é desinteressante e expõe a lesões que poderiam ser evitadas.

Para o médico, as crianças devem ter contato com tais atividades, mas sem serem exigidas tecnicamente, porque não têm diferenciação neurológica para isso.

“Só quando termina a maturação do sistema nervoso central, as crianças começam a ter aprendizado, defesa, massa muscular e crescimento mais ou menos definidos, características necessárias para a prática regular de esportes”, destaca Camanho.

Crianças ativas

Conforme Fátima Araújo, a criança que pratica atividade física tem uma qualidade de vida melhor. Ela controla seu peso, melhora a sua capacidade cardiorrespiratória, fica mais tranqüila, dorme melhor, melhora o seu humor e se sente mais feliz, trazendo com isso resultados benéficos imediatos e em longo prazo.

Vários são os fatores ligados com a prática de atividade física em crianças. Entre eles se encontram, a idade, o estado nutricional, o nível socio econômico, o apoio e a escolaridade dos pais, entre outros.

“O ser humano quanto mais jovem, mais ativo é”, ressalta a pediatra. Por conseqüência, crianças em idade escolar e pré-escolar são mais ativos do que adolescentes e adultos.

As crianças de famílias com nível socioeconômico mais elevado são mais favorecidas com atividade física relacionada com o lazer do que as de um nível oposto, visto que têm mais condições para freqüentarem clubes, academias, parques, resorts, condomínios com espaços para as crianças brincarem, etc.

O cenário, muitas vezes, fica preocupante e a prevenção por parte da família e professores é o melhor caminho, sendo recom,endado à combinação de cardápios equilibrados, incentivos às atividades físicas diárias e diminuição do sedentarismo, respeitando, acima de tudo, os limites de cada criança.

Incentivar e Estimular

O Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria sugere dez tópicos para a promoção da atividade física na criança e no adolescente.

* Estimular pais e professores a incentivar brincadeiras que envolvam atividades físicas nos momentos de lazer
* Estimular a redução do tempo gasto com televisão, computador e videogames nos horários de lazer
* Não colocar televisão e computador no quarto das crianças
* Estimular crianças a realizar atividades esportivas onde a competição priorize aspectos lúdicos e não de busca de resultados positivos
* Estimular a participação, em grupos, de crianças e adolescentes com limitações de aptidão física e não aceitar qualquer tipo de exclusão, inclusive de portadores de deficiência física
* Estimular a prática de caminhadas e o uso de bicicletas como forma de transporte e lazer em locais adequados e com baixo risco de acidentes
* Incentivar a participação da criança na atividade física curricular
* Incentivar a criação e utilização de locais adequados e de livre acesso para a prática da atividade física de lazer e transporte nas comunidades
* Apoiar, incentivar e participar de programas de intervenção para promoção de estilo de vida ativo, em escolas e comunidades.

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