Aprenda a reconhecer os sinais de um infarto

No Brasil, conforme dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, mais de 120 mil cirurgias cardíacas são realizadas anualmente.

Dentre as doenças cardíacas, a arteriosclerose, doença degenerativa caracterizada pelo endurecimento e espessamento da parede das artérias do coração, é a causa mais comum de mortalidade no mundo.

Mesmo com esses índices alarmantes, e com toda a divulgação que esses procedimentos cirúrgicos e óbitos, é baixo o entendimento da população sobre o tema.

Historicamente, a cirurgia cardíaca sempre foi considerada um tabu, devido à complexidade em se abordar distúrbios em um órgão tão vital, quanto o coração.

Contudo, nos últimos 50 anos, a cardiologia, como especialidade médica, deu passos decisivos e tem, hoje, obtido importante êxito no tratamento e cura da maioria dos pacientes. No caso de cirurgias de revascularização do miocárdio, indicadas para os casos de infarto, a sobrevida é de cinco anos, em 88% dos casos e de dez anos em 75% deles.

De acordo com o coordenador do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital Santa Cruz, em Curitiba, Leonardo Mulinari, a cirurgia cardíaca na população adulta tem por finalidade o tratamento de patologias que se dividem em três principais grupos: doenças coronárias, valvares e de alterações de ritmo. As cirurgias mais comuns pertencem ao primeiro grupo, que envolve enfermidades, como isquemia, angina e infarto do miocárdio.

Encaminhamento agilizado

Segundo o especialista, é muito comum que as pessoas confundam as dores que sentem no peito, nas costas, barriga e braço. “Muitas vezes essas dores são secundárias a problemas cardíacos”, reconhece.

A fim de agilizar o diagnóstico correto dessas doenças, o Santa Cruz instituiu uma unidade especializada em dor torácica. No setor, profissionais especializados realizam uma triagem dos pacientes que sentem dores na região do tórax, identificando aqueles que apresentam os sintomas característicos do início de infarto.

Depois dessa identificação, o paciente é imediatamente direcionado à UTI Cardiológica, onde permanece em observação. Caso o infarto seja diagnosticado, o indivíduo é encaminhado para o cateterismo.

“A partir deste exame, o paciente poderá ser submetido a um dos seguintes tratamentos: clínico, intervencionista (angioplastias) ou cirúrgico”, esclarece o cardiologista.

Nos casos em que a artéria lesada é pequena e de pouca importância para o funcionamento do órgão, o paciente é submetido apenas ao tratamento clínico. A maioria dos casos, entretanto, se beneficia de angioplastias, principalmente, nos casos mais agudos.

Já a cirurgia é indicada para os casos não agudos, ou aqueles em que a angioplastia não obteve o resultado esperado. Segundo o cirurgião, essa rota hospitalar é de extrema importância, para a eficiência e êxito do tratamento. O infarto é um tipo de evento em que o tempo, entre o início da dor e o consequente tratamento, é o principal fator de sobrevida do paciente.

Cateterismo

A cirurgia de revascularização do miocárdio, comumente chamada de ponte de safena, tem por objetivo levar mais sangue para o coração. Para que isso seja possível, o cirurgião utiliza um segmento de artéria para desviar sangue da aorta para as artérias coronárias, que irrigam o coração.

Na maioria dos casos, de acordo com Mulinari, são utilizadas as artérias mamárias – localizadas no tórax – e as radiais, localizadas no braço. O médico explica que 80% desses procedimentos são feitos com circulação extracorpórea, ou seja, com o auxílio de um equipamento, que substitui as funções do coração e do pulmão durante a cirurgia.

No restante dos casos, as cirurgias são realizados sem a circulação extracorpórea, ou seja, com o coração do paciente batendo e o pulmão funcionando normalmente. “Este último caso é indicado para, números menores de pontes e artérias de fácil acesso”, avalia o especialista.

O cateterismo consiste em um exame cardiológico, no qual se insere um cateter dentro do coração, ressaltando as artérias coronárias por meio de contraste radiológico.

A partir desse exame é possível diagnosticar problemas cardiovasculares, como obstrução de artérias e válvulas. “Normalmente o cateterismo é indicado para casos agudos, nos crônicos pode-se optar pela angiotomografia, que também ‘mapeia’ as artérias do coração, mas não o faz de maneira tão nítida e precisa”, reconhece Mulinari.

Informação e prevenção

Ao contrário do que muitos pensam, o que resulta no índice de mortalidade em cirurgias de revascularização de miocárdio, não é o número de pontes safenas implantadas, e, sim, a função do coração.

“Para quem tem funções normais, a chance de mortalidade é em torno de 1% a 2%, independente do número de pontes. Quanto mais disfunções o paciente tiver, maiores serão suas chances de mortalidade”, ressalta o cardiologista.

Por este motivo, a prevenção é o primeiro passo para garantir a boa saúde do coração e a eficácia dos tratamentos. “Quanto mais precocemente for detectada a lesão, melhor o prognóstico”, resume o cirurgião, alertando sobre a importância em consultar o cardiologista regularmente e fazer testes de esforço ao completar 40 anos, para homens, e acima de 50 anos, para mulheres.

É no atendimento clínico que o médico verifica as alterações no coração, confirmadas ou não, nos testes de esforço. Caso identifiquem alguma anormalidade pedem os exames de ecocardiograma de estresse e cintilografia.

“Se esses exames confirmarem as suspeitas, o cardiologista pode solicitar uma angiotomografia, cujo resultado irá definir os próximos passos: tratamento clínico, cateterismo, angioplastia ou cirurgia”, completa.

O futuro da cirurgia cardíaca reserva boas notícias. A evolução teconológica vai tornar ainda mais eficientes os equipamentos utilizados na UTI, em anestesias e nas demais instalações.

“A tendência é que a cirurgia cardíaca consiga ainda melhores resultados”, comemora o especialista. Com os pacientes tendo mais informações e entendimento sobre as doenças do coração, é de se esperar que a prevenção se intensifique e os números negativos diminuam.

Principais sintomas

Os primeiros sintomas de aproximação de um infarto podem ser tão rápidos que podem ser ignorados. Às vezes, a falta de ar ao subir umas escadas ou em uma corrida mais prolongada podem ser indícios que o coração está em risco.

O importante é saber reconhecer esses sintomas e buscar ajuda médica. O acesso rápido a cuidados efetivos de saúde pode significar a diferença entre a vida e a morte, e o tratamento imediato pode reduzir substancialmente a possibilidade de sofrer lesões permanentes. Conheça alguns deles:

* Sensação de pressão sobre o peito ou em qualquer outra região superior do corpo, incluindo o pescoço e as axilas.
* Dor prolongada na área do peito
* Ardência no peito ou na região superior do corpo
* Sensação de indigestão ou dificuldades respiratórias
* Suor excessivo
* Náuseas ou vômitos
* Fraqueza extrema