A preocupação de muitas pessoas não é com a chegada dos dias frios e das noites mais longas do inverno.
O que incomoda, na verdade, é a constatação que ao final desta temporada marcada por agasalhos e sedentarismo, a comilança típica da estação cause grandes sustos com os ponteiros da balança ou com os zíperes e botões das roupas que não fecham.
Com o frio, o organismo gasta mais energia para manter a temperatura do corpo. “Por isso, há um mecanismo que faz com que as pessoas precisem comer mais no inverno para produzir mais calorias, pois o frio acelera a queima de gordura para produzir calor”, explica o endocrinologista Wilmar Jorge Accursio.
No inverno, as pessoas ficam mais em casa, usam mais roupas pesadas e ligam os aquecedores para afugentar o frio, mas continuam as mesmas biologicamente. “Mesmo aquecidos e gastando menos calorias em atividades físicas, o clima incentiva para que se coma além da necessidade”, comprova o médico.
Outra questão é que os pratos mais saudáveis do verão (saladas e comidas light) são trocados por alimentos mais calóricos, como queijos e pães gordurosos, chocolates, e até mesmo bebidas alcoólicas. O resultado não pode ser outro: em pouco tempo, o sobrepeso começa a incomodar.
Para a nutricionista Fabiana Borrego, o aumento de apetite nessa época do ano está mais ligado a fatores emocionais do que físicos. Por isso, a maioria das pessoas sente necessidade de ingerir alimentos que tragam “conforto térmico”, como o chocolate, por exemplo, para aumentar a produção de substâncias que promovem o bem-estar.
“O ideal é consumir alimentos que causam a mesma sensação, mas que são menos calóricos”, ensina a especialista, recomendando a troca, por exemplo, do chocolate quente por um chá de erva doce ou do creme de leite do fondue ou estrogonofe por creme de leite light. Mas, não é preciso renunciar de vez aos sabores da estação para manter a forma. “O melhor é sempre o equilíbrio”, lembra a nutricionista.
Cuidar-se já
Para a nutricionista Karine Rabiolli, ao contrário, a estação pode se tornar uma importante aliada na busca por perder peso. Ela lembra que, durante o inverno, o corpo precisa de mais energia para se manter quente e gasta calorias extras nesse processo, “cerca de 10% a mais do que no verão”.
O segredo para transformar essa peculiaridade em perda de peso é tomar cuidado para não comer além do habitual. “Para quem deseja emagrecer, é bom saber que o resultado é mais eficaz no inverno, bastando manter uma alimentação saudável e equilibrada, sem aumentar o consumo de calorias”, esclarece.
Como perder peso depois pode ser difícil, o segredo é se preocupar desde agora.
Tomando alguns pequenos cuidados, é possível manter a forma e a saúde o ano todo. Basta usar o bom senso e a moderação.
De acordo com Wilmar Jorge Accursio, em primeiro lugar, não importa a estação do ano: existem algumas regras básicas de qualquer programa de saúde e reeducação alimentar, que precisam ser mantidas, como ingerir muito líquido, praticar atividades físicas regularmente, não pular refeições, evitar gorduras trans e comer de tudo um pouco.
Valores calóricos
“É comum as pessoas reduzirem o consumo de sucos e líquidos no inverno, o que não é recomendável”, adverte o endocrinologista. É importante manter a hidratação do corpo também neste período do ano, consumindo, no mínimo, 1,5 litros de água ao dia. “Como há maior necessidade de produção de calor, o corpo necessita também de água”, lembra o médico.
Outra preocupação é que, como o organismo precisa de mais calorias, em geral, as pessoas acabam abusando da quantidade dos alimentos e, além de comer mais, escolhem de preferência comidas mais gordurosas.
A explicação de Accursio para essa opção é simples: todos alimentos gordurosos são mais gostosos, mais palatávei,s e a gordura é o macronutriente que menos sacia (proteínas são as que mais saciam).
Assim, resistir aos pratos típicos do inverno, não é tarefa das mais fáceis. O acompanhamento de um profissional pode ajudar a montar uma dieta equilibrada e dar dicas preciosas, como por exemplo, sempre que possível, substituir os queijos amarelos pelos brancos, que são menos calóricos, entre outras. Para quem não quer se arrepender e terminar o verão em forma, o endocrinologista garante que só existe uma fórmula: controlar a balança.
“É aconselhável conhecer os valores calóricos dos alimentos na hora que escolher os pratos do cardápio e, não se empolgar, consumindo os alimentos na quantidade certa”, ressalta.
Beba com moderação
O consumo exagerado de bebidas alcoólicas nos dias frios também pode ser prejudicial, se não for controlado.
Elas são fontes de calorias vazias para o organismo, ou seja, fornecem apenas calorias e nenhum nutriente.
Um consumo indiscriminado de álcool pode representar um consumo exagerado de calorias e, consequentemente, levar a ganho de peso. Vale lembrar que toda caloria consumida poderá ser armazenada no organismo na forma de gordura, caso não seja gasta de alguma forma (exercícios físicos, atividades metabólicas, etc).
Estatisticamente, sabe-se que as bebidas alcoólicas como whisky, vinho, aguardente e conhaques são mais consumidas nesta época do ano para afugentar o friozinho, acrescentando ainda mais calorias à sua dieta do dia-a-dia.
Outro problema é que o consumo de bebidas alcoólicas pode levar também à perda de água pelo organismo, o que pode causar desidratação. Por isso, o consumo de bebidas leva a uma maior necessidade de ingestão de água.
Veja como é simples
A dica é dar preferência a alimentos com menos gordura e açúcar e aplicar a lei das compensações. Se quiser saborear um fondue de queijo ou uma apetitosa feijoada, consuma alimentos menos calóricos nas outras refeições. Seguem algumas dicas:
* Sopas e cremes são ótimas opções para o jantar, pois aquecem o corpo e são de fácil digestão
* Legumes e verduras também são bem-vindos, pois auxiliam na prevenção de gripes e resfriados, comuns nessa época do ano. Cozidos ou refogados, ficam muito saborosos
* Substitua outras bebidas quentes por chá verde, que além de aquecer e hidratar, é antioxidante
* Não abandone as atividades físicas. Lembre-se que o movimento, além de ajudar a emagrecer, também é importante para manter o corpo quente.