2ª fase de pesquisas da vacina terapêutica contra aids começa em novembro

Brasília – Após conseguir reduzir em até 80% a quantidade de vírus do HIV no sangue de voluntários, há dois anos, a pesquisa de uma vacina terapêutica contra a aids entrará até o mês de novembro na segunda etapa de sua fase clínica, que utiliza seres humanos como voluntários. Os resultados alcançados até agora pela pesquisa foram debatidos no 2º Encontro Nordestino de Vacinas Anti-HIV (ENVAH), concluído no final de semana passado.

De acordo com o pesquisador e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Luiz Cláudio Arraes, a segunda etapa do projeto terá o objetivo de verificar a toxidade da vacina e o efeito dose-dependência nos voluntários. Também será possível entender por que alguns pacientes respondem bem à vacina, e outros não.

Arraes explicou que a vacina terapêutica tem esse nome porque, ao contrário dos remédios, que atuam no vírus, atua ajudando o sistema imunológico do paciente a combater o vírus HIV. Segundo ele, a vacina atua nas chamadas células dendríticas, que têm esse nome por possuírem a forma de dedos. Essas células são responsáveis por reconhecer agentes estranhos ao organismo, e o vírus HIV diminui a quantidade e performance delas.

A vacina terapêutica atuaria retirando essas células numa fase ainda jovem, antes de ser atingida pelo vírus HIV, e maturando-as dentro do laboratório. Logo após, o vírus é retirado do paciente e inativado. Depois é feita a junção das células maduras com os vírus inativados, de forma que o sistma imunológico possa reconhecer as células infectadas e combater o vírus.

?Aí, o organismo passa a enxergar o vírus e produzir elementos para combatê-lo [os marcadores biológicos]. Estando enfraquecido, a resposta aumenta?, disse o pesquisador. No entanto, alertou, a vacina não é capaz de eliminar a aids, mas de diminuir a carga viral de um paciente, que pode variar de indetectável, ou quando baixa 50 vírus por mililitro de sangue, e chega em alguns pacientes a ser de um milhão de vírus por mililitro de sangue.

?Se a vacina não for efetiva para combater o vírus, talvez se possa usar esse caminho para pacientes que já estão resistentes a toda uma gama de medicamentos?, afirmou o professor, ao lembrar que muitos tomam o coquetel antiaids há mais de 11 anos, e começam a apresentar resistência aos remédios.

De acordo com o pesquisador, a diminuição da carga viral dos pacientes ajuda a melhorar o estado de saúde dos portadores do vírus. ?No primeiro estudo, com 18 pacientes, oito foram bons respondedores. Eles foram vacinados há cerca de cinco anos e continuam apresentando resultados muito positivos?, disse.

Arraes destacou que a vacina também combateu bem os chamados vírus selvagens, que são aqueles adquiridos de pessoas que já faziam uso de medicação anti-HIV ou os adquiriram por mutação.

Na segunda fase da pesquisa, o Ministério da Saúde e a Organização das Nações nidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) vão investir R$ 2 milhões.

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