Xingó se prepara para ser destino internacional

Fotos: Álvaro Villela
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Catamarã percorre o Paraíso do Talhado, onde os paredões rochosos parecem terem sido feitos a mão.

Com a construção da barragem da Usina Hidrelétrica de Xingó, no município de Canindé do São Francisco, há cerca de quatro anos, Sergipe passou a oferecer um interessante produto turístico de lazer náutico e mergulho a apenas 212 quilômetros da capital Aracaju. As antigas corredeiras deram lugar ao reservatório de 65 quilômetros de extensão, com águas calmas e navegáveis, que hoje possibilita ao turista passeios de catamarã ou de lancha. Entre belíssimos cânions, o lugar convida também a refrescantes mergulhos.

O local foi tão aceito como destino que o governo sergipano prepara o Xingó para ser um dos produtos do estado a ser comercializado internacionalmente, cumprindo uma das metas da Política Nacional de Turismo, do Ministério do Turismo, que determina que cada estado tenha três produtos turísticos formatados para serem apresentados em feiras e eventos internacionais. Além de natureza, Xingó tem importância histórica – foi cenário de parte da saga de Virgulino Ferreira, o Lampião – e arqueológica, já que os primeiros habitantes de Xingó chegaram à região há nove mil anos e há identificação de 28 sítios arqueológicos.

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Entre cânions e sob céu muito azul, o passeio de três horas de duração propicia a pura contemplação da natureza.

A usina hidrelétrica propriamente dita também merece uma visitação. Lá, o turista vai ter noção de sua grandiosidade ao assistir os vídeos e visitar o mirante do Centro de Recepção ao Turista, onde há placas que marcam a inauguração de cada uma das seis unidades geradoras e árvores plantadas por presidentes da República, além de uma maquete da usina, quinhentas vezes menor que o tamanho natural.

O passeio

A melhor parte da visitação é mesmo o passeio de catamarã, que leva o turista a três horas de pura contemplação da natureza e um mergulho na história. Ele tem início no Restaurante Karranca’s, ao lado do Dique II e segue pelo leito natural do rio, passando pelo Lago Justino, onde antes ficava um sítio que pertencia a um homem com o mesmo nome.

Foi no sítio que os arqueólogos retiraram várias peças que estão expostas no MAX (Museu Arqueológico de Xingó), que datam de até nove mil anos. No percurso do Lago Xingó não existem povoações, mas é possível avistar pescadores que ficam acampados. A primeira bela visão é a pedra do gavião, uma formação rochosa granítica que tem esse nome por seu topo ter o formato da cabeça do animal.

Em seguida, o Morro dos Macacos chama a atenção pela beleza. Ele tem esse nome porque antes do enchimento do reservatório, muitos macacos-prego freqüentavam o morro e costumavam jogar pedras nos visitantes.

A Pedra do Japonês é uma bela formação rochosa que se assemelha ao rosto e um oriental. Outra formação interessante é a Pedra do Cruzeiro, que simula a forma de um homem montado em um cavalo.

Logo depois, avista-se a curva do rio que vai em direção a Paulo Afonso (BA), mas a embarcação segue pelo lado oposto, saindo do curso natural do Velho Chico e indo em direção ao Paraíso do Talhado.

Cruzando o Lago São José, o catamarã chega ao Paraíso do Talhado, que recebe esse nome porque os paredões de rochas areníticas parecem ter sido talhadas à mão. No paraíso tem um cânion chamado Concha do Rapel de oitenta metros de altura, onde algumas pessoas praticam o esporte radical.

No Paraíso do Talhado existe também um templo, com um nicho natural, onde fica a imagem de São Francisco. Apesar de o dia de São Francisco ser 4 de outubro, a festa no local acontece no dia 12. Antes a imagem é retirada do santuário para visitar as pessoas que moram na região e é no dia da festa que ela é colocada de volta.

No final da Gruta do Talhado, a embarcação faz uma parada. As pessoas que sabem, podem ficar nadando no local, mas, como é muito profundo, quem não sabe nadar fica na piscina do catamarã. Outra opção é sentar no atracadouro da gruta para ficar observando os cânions e usando a imaginação para encontrar formas nos gigantescos paredões.

Pomonga

Além do passeio no reservatório da usina, existe outro realizado pelo catamarã Pomonga, do Hotel Velho Chico. No percurso, o visitante chega a diversos pontos turísticos, como Piranhas, uma cidadezinha histórica alagoana com uma bela arquitetura, onde é possível ficar tomando banho na prainha, subir escadarias para ficar num ponto elevado observando a paisagem e também visitar o Museu do Cangaço. Em seguida o catamarã segue para a Grota de Angico, já no município sergipano de Poço Redondo, onde Lampião e seu bando foram surpreendidos e mortos pelas volantes, em 1938.

Pacote de oito dias inclui Xingó e Aracaju

A Operadora CVC oferece um pacote de oito dias, com saída dia 23 de janeiro, que abrange Aracaju e Cânion Xingó. Inclui passagens aéreas a partir de Curitiba, hospedagem em apartamento duplo com café da manhã e inclui city tour de aproximadamente três horas em Aracaju, passando pelos principais pontos turísticos, como Mirante da Avenida 13 de Julho, novo Mercado Municipal, Rua 24 Horas com artesanato local, Catedral Municipal, Colina de Santo Antônio e Praia de Atalaia.

Em Xingó, o pacote inclui passeio de catamarã ou escuna com duração aproximada de três horas, entre cânions de até 95 metros de altura e apreciando exuberantes formações rochosas e parada de quarenta minutos para banhos, além de visita ao Museu Arqueológico Xingó. Preços: a partir de R$ 2.374.

Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (41) 2109-1700 ou no site www.cvc.com.br.

Região tem Parque Temático da Caatinga

Para quem gosta de caminhar por trilhas, uma boa opção é a Fazenda Mundo Novo, um dos mais belos parques temáticos de caatinga, também situada em Canindé do São Francisco. A Universidade Federal de Sergipe deu início, em 2001, a um estudo aprofundado das pinturas rupestres lá encontradas.

Hoje, a Secretaria de Turismo e o Sebrae estudam a área para transformá-la no Parque Temático da Caatinga, incorporando-se aos roteiros turísticos das belezas naturais da região de Canindé do São Francisco. A jornalista Vera Ferreira, neta de Virgulino Ferreira, Lampião, ficou deslumbrada com as belezas das trilhas por onde o avô dela passou várias vezes. "Aqui há um pouco da história da minha família. Quero apreciar com mais calma tudo o que o parque oferece", disse.

Museu arqueológico

Os primeiros habitantes de Xingó chegaram à região há nove mil anos. Eram provavelmente grupos de caçadores e coletores, que ocuparam áreas identificadas, atraídos pela fartura de água. Informações como essa foram possíveis graças ao projeto de salvamento realizado em Xingó, na década de 90, antes do enchimento da barragem.

O salvamento arqueológico da área a ser inundada pela barragem permitiu a identificação, sondagem e escavação de 28 sítios. Foi recuperada uma expressiva coleção arqueológica de 7.802 peças líticas, 21.790 peças cerâmicas, mais de vinte mil restos faunísticos, 49 fogueiras e 191 esqueletos.

O resultado dessa pesquisa pode ser observado no Museu Arqueológico de Xingó (MAX), localizado em Canindé e pertencente à UFS (Universidade Federal de Sergipe).

Estrutura

Xingó tem pequena porém boa estrutura para receber o turista. Os restaurantes de Karranca’s, Lampião e Beira Rio servem deliciosos pratos à base de peixes e frutos do mar. O Xingó Parque Hotel e o China Hotel, mais simples, na cidade de Canindé, são as duas opções de hospedagem.

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