Hotéis de luxo diversificam serviços

Principal cartão-postal de Paris, a Torre Eiffel pode virar uma foto sua andando de patins em torno do monumento – com direito a instrutor particular e tudo. O jantar em algum país da Europa pode incluir não apenas a parte em que é servido na mesa, mas a saída com o chef para a compra dos ingredientes e o cuidadoso preparo das iguarias.

Dá para perceber que é para poucos. Mas essas atividades são possíveis, e mais: podem estar inclusas no pacote que você fecha no hotel. Os empreendimentos de luxo estão cada vez mais criativos e procuram ofertar aos hóspedes muito mais que uma cama confortável, um quarto luxuoso, um restaurante requintado.

“Costumo dizer que os hotéis oferecem tantas coisas que a gente até dorme neles”, define, de forma bem-humorada, o diretor da Leading Hotels of the World no Brasil, João Annibale.

A associação reúne mais de 450 hotéis mega-luxuosos em 80 países – oito deles no Brasil – e realizou recentemente em Curitiba um roadshow para mostrar aos agentes locais alguns de seus empreendimentos.

O CEO explica que a diversidade de atividades e serviços no mercado hoteleiro de luxo tem a ver com as expectativas do seleto público que o utiliza. “O viajante está mais maduro. Ele não viaja mais para comprar ‘balangandãs’, mas para trazer lembranças vivenciais”, enfatiza.

O turista brasileiro, segundo ele, é justamente um dos que mais querem encontrar diferenciais. “E para estimular um hóspede experiente é preciso superar as expectativas. Ele vai ficando tão encantado que começa a querer mais e mais, vendo cada vez mais valor no imaterial. Quanto vale a lembrança de fazer um curso na escola Escoffier, a mais antiga de culinária de Paris, que fica dentro o hotel Ritz?”, indaga o executivo.

A resposta em euros ou dólares ele não revela, mas garante que há demanda para hotéis e serviços como estes, e muita. Em 2008, foram vendidas quase 50 mil diárias nos empreendimentos que compõem a Leading mundo afora, a uma tarifa média de US$ 462 (fora impostos, percentagens e serviços extras). O brasileiro, porém, gastou 17% a mais que a média mundial: US$ 540.

“O hóspede brasileiro é bem visto porque gasta bastante no hotel. Usa a estrutura, faz passeios e aproveita as vivências que o hotel cria para ele.” Esse mesmo hóspede ficou em média 3,5 noites nos hotéis ano passado, sendo que 46% dos viajantes de luxo brasileiros foram para a Europa, 33% foram para a América do Norte, 15% buscaram destinos na América do Sul e Central e 3% foram para a Ásia ou Pacífico. As cidades mais procuradas pelos brasileiros são Nova York, Buenos Aires, Paris, Madri e Londres. E eles já respondem por 5% do público do turismo de luxo no mundo.

E no Brasil?

Entre os hotéis que fazem parte da Leading no Brasil estão o tradicional Fasano das capitais paulista e fluminense, o Copacabana Palace, também no Rio de Janeiro, e o histórico Pestana Convento do Carmo, em Salvador – o único representante fora do eixo Rio – São Paulo.

Todos têm serviços diferenciados. Em São Paulo, por exemplo, você pode ir às compras na Oscar Freire com um personal shopper – tudo encomendado pelo hotel -ou assistir a um espetáculo de música exclusivo, com poucas pessoas, nas dependências do empreendimento.

Em Salvador, a estada no Convento do Carmo, que fica bem no meio do Pelourinho, pode incluir o acompanhamento de um historiador contratado pelo hotel para um passeio pelo entorno.

O CEO brasileiro, porém, não considera que este mercado de alto luxo seja assim tão restrito. “Cinquenta mil noites não são tão pouco”, considera. Ainda mais porque, em boa parte dos hotéis, para conseguir uma reserva na alta temporada é preciso fazê-la com dois, três, até quatro anos de antecedência.

Pagar por isso, nessas condições, claro, é para bem poucos. “No entanto, se o sonho de ficar em um desses hotéis n,ão estiver obrigatoriamente relacionado à época de maior ocupação, é possível conseguir um apartamento por um preço bem barato”, garante Annibale, que diz já ter fechado pacotes para clientes da classe C.

Um deles, em um hotel da riviera italiana, saiu por 160 euros a diária. Sem o sol do verão mediterrâneo, claro. Mas com todas as regalias que um hóspede de luxo pode desejar.