Havana recupera sua história

Impossível ficar indiferente a Cuba. Cenários de tirar o fôlego contrastam com as antigas cidades de arquitetura colonial. Tudo isso combinado com a mística do país e muita música, onde quer que se vá. Mas irresistível mesmo é a simpatia do povo cubano e sua especial predileção para com os brasileiros. O Castillo de La Real Fuerza resiste, com seus paredões angulosos, na entrada de La Vieja Habana, a parte antiga da capital cubana, desde o tempo dos ataques de Francis Drake, um dos mais famosos piratas do Caribe. Junto com o forte, que se debruça sobre a baía, essa é uma das importantes lembranças do passado nesse país que parece ter nascido para resistir a tudo, sem perder o bom humor.

Carregada de memórias e de história, Havana começa a recuperar a parte antiga da cidade – declarada pela Unesco, em 1982, Patrimônio da Humanidade – composta por uma vasta área de casarões, palacetes e igrejas com suas fachadas em estilo pré-barroco, barroco, neoclássico, art-nouveau, e art-deco. Algumas ruas já exibem a beleza recuperada das edificações com recortes, curvas, arabescos, fazendo com que o turista compreenda um pouco da vida na cidade em seus vários períodos e com suas muitas influências culturais.

Caminhar por ali é uma experiência imperdível. O percurso deverá incluir necessariamente a Plaza de Armas, a Plaza de la Catedral e a Plaza Vieja, à volta das quais se concentra a maior parte das edificações históricas da outrora cidade amuralhada.

É também nessa região que ficam alguns dos mais célebres points de Havana: a primeira residência de Ernest Hemingway, hoje transformada em hotel-boutique, o Ambos Mundos, de apenas 52 apartamentos e a atmosfera dos anos 30 preservada, incluindo o apartamento usado pelo escritor.

Tomar um “mojito” na La Bodeguita del Medio, bem pertinho da Catedral, é outro programa obrigatório na Vieja Habana. Nascida em 1942 como um armazém, a Casa Martinez tornou-se, depois da guerra, ponto de encontro de poetas, intelectuais, jornalistas e boêmios que se reuniam para “reformar o mundo” enquanto bebiam “mojitos”. Entre os ilustres freqüentadores que lhe deram fama estão: Brigitte Bardot, Pablo Neruda, Hemingway, Nat King Cole, Gabriela Mistral, Gabriel García Márquez, Errol Flynn. Não demorou muito para que esse ponto de encontro de amigos servisse pratos cubanos como os feijões, porco assado acompanhado de banana frita, entre tantos.

Na Praça da Catedral, o restaurante El Patio se esparrama pela calçada, oferecendo, além da boa cozinha cubana, muita música ao ar livre. Nessa região é onde se encontram alguns dos personagens típicos da cidade: as cubanas fumadoras de charuto e aquelas que lêem a sorte, com roupas super-coloridas, turbantes e flores nos cabelos, as mulheres de branco, seguidoras da santería, o culto afro, equivalente ao nosso candomblé, e gente que parece ter saltado de um livro de contos também surge diante de seus olhos.

Andar a pé em Havana é o jeito mais fácil de sentir a cidade no que ela tem de melhor: sua gente. Sempre sorridentes, com especial boa vontade com os brasileiros, conhecedores de nosso país e de nossa política, os cubanos conquistam facilmente os turistas.

A região próxima ao Capitólio (hoje um museu) com o Prado, uma espécie de calçadão arborizado e freqüentado pelo povo que ali se encontra para bate-papos, o Gran Teatro e o Café Louvre, contrastando com antigos casarões coloridos com roupas penduradas nas janelas, também merecem a caminhada. Mas, quem tiver preguiça de andar poderá, por US$ 8, optar pelo passeio em carruagem ao estilo colonial.

A riqueza humana e arquitetônica e as ruas muito bem arborizadas somam-se em Havana e em Cuba, de maneira geral, à alegria da música presente por toda parte e aos imperdíveis drinques à base de rum que fazem a delícia dos turistas, a qualquer tempo. “Mojitos”, daiquiris e cuba libres estão por toda a parte. Refrescantes, combinam com o clima e com a informalidade do país. Assim, também vale a pena visitar, na Velha Havana, o Floridita, bar e restaurante onde o daiquiri foi inventado e exportado para todo o mundo. Quer saber mais de rum? De segunda a sexta é possível, por US$ 10, visitar o Museo del Ron, com degustação dos vários tipos, aulas de coquetelaria e visita aos bares mais famosos da cidade.

Rum combina com charutos, sinônimos do próprio país. Passeios organizados levam o turista para visitas a uma fábrica de tabacos e ao Museu do Tabaco, com direito à degustação de um “puro”.

Em Havana, como em todo o país, ouve-se, por toda a parte, a contagiante música cubana, sejam rumbas, boleros, salsa ou son. Para quem quiser se encontrar com o mais famoso de todos os grupos de música cubana, o Buena Vista Social Club (em uma de suas formações) se apresenta, de segunda a sábado, no hostal Valencia, na velha Havana. O preço do ingresso é US$ 15.

Circulando pela cidade

Havana se esparrama por 47 quilômetros de costa, vinte quilômetros de praias e tem uma baía, que deu abrigo aos primeiros espanhóis, em 1514, e foi enriquecida graças ao comércio com os ingleses no século 18 e celebrizada pelos norte-americanos como destino de turismo nas primeiras décadas do século passado.

Distante apenas alguns quilômetros da Vieja Habana – e totalmente integrada a ela – fica a cidade nova, onde funciona o centro comercial e administrativo do país. E lá que está a Praça da Revolução, com seus amplos espaços, o obelisco e o Ministério do Interior que exibe em sua fachada o perfil e as palavras de Che Guevara: “Hasta la vitoria, siempre”, um dos cartões-postais da cidade. É também nessa parte da cidade que fica a Coppelia, a famosa e gigantesca sorveteria de Havana, dentro de um jardim, freqüentada diariamente por centenas de cubanos e cenário do filme Morango e Chocolate, uma das mais conhecidas produções cubanas. Ela é visita obrigatória a quem quiser conhecer um pouco do espírito acolhedor e bem humorado deste povo, provar seus famosos sorvetes (especialmente os de frutas) e observar as pessoas comuns.

Bem perto dali está outro famoso endereço de Cuba: o Hotel Nacional, construído nos anos 20 e célebre por hospedar – desde então – personalidades do cinema, negócios, reis e rainhas lembrados até hoje no Salón de História. Lá estão de Ava Gardner a Marlon Brando, de Walt Disney a Aga Khan, príncipes e princesas. A fachada neoclássica, os grandes salões, os jardins voltados para o mar e as estátuas de mármore remetem ao glamour dos chamados anos dourados.

Mas, se o passado foi de glória, o presente está revivendo a boa arte de receber e continua a hospedar personalidades, ainda como símbolo de elegância em hotelaria. Seja Steven Spielberg, Gloria Pires ou Ethel Kennedy, além de muitos chefes de Estado.

Conhecer Havana inclui ainda percorrer a costa, sempre acariciada pela brisa caribenha e chegar a Miramar, o bairro elegante, totalmente arborizado, de grandes mansões, hoje ocupadas principalmente pelas embaixadas e onde estão se instalando hotéis de luxo como o Panorama, da rede alemã LTI, uma magnífica construção piramidal, adequada a receber os mais exigentes turistas do Primeiro Mundo. Havana é uma cidade segura e fácil de se deslocar de um ponto ao outro, seja nos modernos táxis ou nos antigos carrões “rabo de peixe” dos anos cinqüenta, ainda em circulação pela cidade, ou ainda na invenção cubana, os cocotaxis, espécies de triciclo motorizado com capacidade para dois passageiros.

Para quem quiser saber como os cubanos interagem, o Malecón é o lugar certo. Esse é uma espécie de calçadão defronte ao mar onde os cubanos vão conversar, namorar ou apenas passear, especialmente à noite. Sempre muito animado.

Havana por si só já vale uma viagem a Cuba, mas existem muitos outros destinos, na própria ilha, que podem ser combinados com Havana. Entre eles Varadero, Cayo Largo e Cayo Coco ou Holguin, a nova coqueluche, no turismo de Cuba.

Serviço

– As operadoras oficiais de Cuba no Brasil têm pacotes disponíveis durante todo o ano, com seis noites para Havana a partir de US$ 899, incluindo passagem aérea e hospedagem em apartamento duplo. Havana pode ser combinada também com diferentes destinos em Cuba. Consulte seu agente de viagens.

Varadero, Bela Adormecida de Cuba

A península de Varadero, de areia muito branca e mar verde esmeralda, adormecida em sua beleza desponta como o destino perfeito para quem quer sol, mar, esportes náuticos com segurança e muito prazer. Na costa norte de Cuba, duas horas distante de Havana por rodovia, fica Varadero, o mais conhecido dos balneários cubanos, verdadeiro paraíso disputado por canadenses, alemães, italianos e franceses que agora fazem sua verdadeira redescoberta, tão boquiabertos com a beleza do lugar quanto o primeiro espanhol, Sebastián Ocampo, ao avistar, em 1508, aquela península.

Essa área, que serviu de refúgio para piratas e, mais tarde, também para o mafioso Al Capone, com 22 quilômetros de praias de areia branca e águas tépidas, começou a ser timidamente utilizada como balneário no início do século XX mas, somente há dez anos, mereceu polpudos investimentos e status internacional com a chegada de grandes redes hoteleiras.

Lá estão grifes da hospedagem mundial como a espanhola Sol Meliá, com suas diversas bandeiras, incluindo a Paradisus, o máximo em all inclusive, a alemã LTI, as francesas Accor e Club Med, a jamaicana SuperClubs, além da cubana Gran Caribe.

Varadero oferece excelentes opções em esporte: da vela, surfe, aquabike e especialmente mergulho, nos “cayos”, ilhotas coralinas, verdadeiro paraíso para a prática de mergulho.

Paraíso no meio do mar

Muito próximo a Varadero fica Cayo Blanco, uma ilhota com praias de areia branquíssima e muito fina, rodeada pelo mar de tons que vão do azul turquesa ao verde esmeralda. Nadar nesse mar absolutamente transparente, cenário de cartão postal, é uma das melhores experiências desse passeio.

Às águas calmas, mornas e limpíssimas, soma-se o prazer de caminhar pela areia que nunca esquenta, nem mesmo sob o escaldante sol do meio-dia.

Debruçados na praia, quiosques de teto de folhas de palmeira servem o prato local: lagosta com arroz e batatas, acompanhada pela música cubana, ingrediente indispensável, por todo o país.

Cayo Blanco pode ser visitado em excursões de um dia, feitas em modernos catamarãs, com open bar servindo refrigerantes, cerveja e rum à vontade. Como parte do passeio, duas excelentes surpresas: o snorkeling para ver corais e os coloridos peixes do Caribe e o mergulho, em Cayo Cangrejo, com os golfinhos. Mais do que assistir às conhecidas acrobacias desses dóceis animais, nesse berçário e área de treinamento, os turistas podem interagir com os golfinhos, acariciando suas barrigas e recebendo “beijos”, numa experiência inesquecível.

Serviço:

O passeio a Cayo Blanco é feito pela Gaviota Tours em Varadero (5345-667864) e custa US$ 70 por pessoa, com tudo incluído: do transfer do hotel à marina, todo o passeio, equipamento para snorkeling e almoço, mas pode ser contratado a partir do Brasil, por meio das operadoras especialistas em Cuba.

Existem pacotes para Varadero com seis noites e saídas semanais a partir de US$ 999, com hospedagem em apartamento duplo com café da manhã e a partir de US$ 1.128 em apartamento duplo e sistema all inclusive. São operadoras oficiais de Cuba: ADV, Agaxtur, Bluepoint, CVC, Flot, Galasio, New Age, RCA, Sanchat, Sol y Son, Varadero e Visual.

Consulte seu agente de viagens.

Onde comer

Muito parecida com a culinária brasileira, a cozinha cubana se caracteriza por servir muito feijão preto, arroz, frango, carne de porco e peixes sempre acompanhados de batatas fritas. Existe ainda uma versão cubana do feijão com arroz, servidos juntos, chamada de Moros y Cristianos, bastante popular em toda a ilha. As sobremesas mais populares são os pudins de leite, de pão e doces de frutas, além dos sorvetes. Uma refeição completa custa em média US$ 14, no centro de Havana.

La Bodeguita del Medio – Empedrado, 207 Telefone: (537) 867-1375

El Floridita – Obispo, esquina com Monferrate. Telefone: (537) 867-1300

Bar Cabaña – Especializado em frango. Cuba, 12, esquina das ruas Obispo e Obrapía. Telefone: (537) 860-5670

Café del Oriente – Cozinha internacional. Plaza de San Fransisco de Asís. Telefone: (537) 860-6686

La Mina – Cozinha Cubana. Plaza de Armas. Telefone: (357) 862-0216

Al Medina – Cozinha árabe. Oficios, 12, entre Obispo e Obrapía. Telefone: (537) 867-1041

D? Giovanni – Cocina Italiana/Italian cuisine. Tacón, esquina com Empedrado. Telefone: (537) 867-1036

Castillo de Farnés – Cozinha espanhola. Monserrate, esquina com Obrapía. Telefone: (537) 867-1030

Puerto de Sagua – Especializada em peixes e mariscos. Egido, 603, esquina com Acosta. Telefone: (357) 867-1026

Coppelia Sorveteria – Rua 23, Bairro do Vedado.

Onde se hospedar

Hotel Ambos Mundos – Calle Obispo, esquina com Mercaderes. Telefones: (537) 860-9530 e 863-4739

Hotel Nacional – Calle, esquina com A 21. Telefone: (537) 73-5054

Hotel Habana Libre – Rua 23, esquina com 25, Centro de Havana. Telefones: (537) 55-4011 e 66-2181

Como fazer os coquetéis

Mojito

– Num copo longo, coloque suco de limão, açúcar e um raminho de hortelã. Esmague com o socador, junte uma porção de rum e complete com água mineral com gás e algumas gotas de bitter angustura. Enfeite com um ramo grande de hortelã.

Daiquiri

– É quase uma caipirinha de rum: suco de limão, muito gelo e rum, servido em copos curtos.

Cuba Libre

– Muito gelo, rum envelhecido três anos e Coca-cola. Em Cuba existe a versão local do refrigerante, a Tu Cola. Mas que ninguém se espante, pois Coca-Cola é encontrada livremente em Cuba.

Outras informações

Quem leva

Não há vôos diretos de Curitiba para Havana. Os vôos partem de São Paulo.

Há duas companhias que levam turistas do Brasil para Cuba:

Cubana de Aviación – vôos semanais diretos São Paulo a Havana, indo aos domingos e voltando aos sábados.

Copa Airlines – seis vôos semanais para Havana, a partir de São Paulo, com conexão na cidade do Panamá.

Qual é a moeda

Os preços em qualquer loja, restaurante ou táxi correspondem ao dólar americano e o troco é dado, igualmente em dólar. O turista pode receber como troco moedas de peso cubano convertibe, equivalente ao valor da moeda americana.

Os cartões de crédito Visa e Mastercard emitidos por bancos brasileiros são aceitos em lojas, hotéis e restaurantes.

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