Curitiba sob o olhar além dos postais

Não é à toa que o turismo em Curitiba vem crescendo a cada ano. Em 2006, a cidade passou, pela primeira vez, a marca dos dois milhões de visitantes. Gente de vários lugares do Brasil e do mundo vem satisfazer a curiosidade de saber por que a cidade é tão elogiada por sua organização, limpeza e beleza natural. Por trás dos tradicionais pontos turísticos, o visitante descobre um universo encantador, que mistura natureza, tradição, história e arquitetura, formando um conjunto harmonioso e bonito.

Borboletas, pássaros multicoloridos e vegetação exuberante com enorme variedade de espécies da Mata Atlântica convivem com a mão delicada e dedicada de urbanistas, biólogos, paisagistas e de pessoas da comunidade. A impressão que se tem é a de que, em Curitiba, cada um faz a sua parte, uma cidade que trabalha em equipe.

Foto: Ivan Bueno/SMCS

Universidade Livre do Meio Ambiente: arquitetura integrada à natureza.

Os parques da capital paranaense são um espetáculo à parte. Impossível visitar a cidade sem passar por pelo menos um dos seus 30 parques e bosques. Todos bem-equipados, com ciclovias, aparelhos para ginástica, play-grounds, lagos, peixes, pássaros, e, claro, uma rica vegetação que preserva milhares de exemplares nativos.

Além da paisagem dos parques, a cidade exibe duas arquiteturas, a histórica e a moderna, e uma das melhores infra-estruturas de tráfego do País, que lhe permite ser modelo no transporte coletivo. Curitiba tem mais de uma centena de espaços culturais entre teatros, casas de espetáculos, bibliotecas, museus, salas de exposição, ambientes para shows ao ar livre, e uma das melhores gastronomias do Brasil. Para saborear tudo isso, quem passeia tem de parar, olhar e escutar.

Além do cartão-postal

Para facilitar a vida do visitante ou do morador que faz um passeio para melhor apreciar sua cidade, a Prefeitura tem a Linha Turismo, um charmoso ônibus-jardineira colorido que passa por 25 lugares especiais da cidade. O passe da Linha Turismo custa R$ 16, com direito a quatro reembarques. Mas para descobrir os pontos mais charmosos de Curitiba, é necessário olhar para além da imagem do cartão-postal. Quem faz isso, tem histórias para contar.

Quem passeia por Curitiba pela Linha Turismo, tem muito para ver no percurso de 40 quilômetros, feitos em duas horas. Os paredões das áreas centrais da cidade contrastam com as construções residenciais observadas ao longo do percurso da Jardineira nos bairros mais afastados. Lá, casas construídas em madeira em estilo alemão, ucraniano, polonês e italiano formam cenários bucólicos, com flores plantadas nas varandas e janelas e jardins que chamam a atenção dos viajantes.

O ideal é fazer todo o trajeto da jardineira com papel e lápis na mão, anotar os pontos que mais agradam e fazer uma visita mais tranqüila depois. Com mais tempo, o ideal é contemplar, fazer fotos incríveis, saborear um strudel (torta à base de maçã e uva passa) num dos charmosos cafés dos bosques, do Alemão ou do Papa, ou um prato bem elaborado no Mercado Municipal, espaço que tem história e é o paraíso de chefes de cozinha e de sommeliers que buscam especiarias e os melhores vinhos.

Também tem exposição de arte em diversos locais, mais a beleza e a arquitetura antiga do Setor Histórico, que aos domingos fica totalmente tomado pela Feirinha do Largo da Ordem, com artesanato, decoração, bijuteria, obras de arte, guloseimas e uma infinidade de quinquilharias. Impossível sair com as mãos abanando.

Para turistas, Jardim Botânico é a marca

O momento aguardado com ansiedade pelos passageiros da Linha Turismo é o aparecimento, no horizonte, da cúpula de cristal do Jardim Botânico. ?É neste momento que nos damos conta de que estamos de verdade em Curitiba?, afirmou a turista Margareth Azevedo, que veio com sua família do Espírito Santo para conhecer a capital paranaense. ?É a marca da cidade?.

O espanhol Vicente Amigó, de Valencia, reservou um dia em Curitiba para o passeio na Linha Turismo. Com o roteiro programado, embarcou na Praça Tiradentes para visitar, ao longo do percurso, o Jardim Botânico, o Mercado Municipal e o Museu Oscar Niemayer.

?Minha primeira surpresa foi logo no início da viagem, ainda na Praça Tiradentes, quando avistei o Relógio de Sol que funciona no alto da fachada de um dos prédios em frente da praça?, disse o espanhol. O relógio avistado pelo espanhol está no prédio da primeira drogaria de Curitiba: a Farmácia Alemã, fundada por Augusto Stellfeld em 1857.

A curitibana Ana Maria Albuquerque, que escolheu a Linha Turismo como transporte para levar suas amigas de Rosário, Argentina, aos pontos turísticos da cidade, conta que, morando há 30 anos em Curitiba, nunca havia feito a rota percorrida pela Jardineira. ?Estou surpresa com cenários e, pela primeira vez, conhecendo locais ainda não visitados?, disse Ana. ?Tenho certeza de que minhas amigas levarão para a Argentina uma boa impressão de Curitiba.?

Até mesmo o cheiro dos locais por onde a jardineira passa chama atenção dos turistas. Foi o que explicou o paulista Leandro Muller, afirmando que o Parque Tingüi tem perfume de eucalipto. Muller conta que ao passar por Santa Felicidade, por volta do meio dia, não resistiu ao cheiro dos restaurantes italianos, e desembarcou. ?O cheiro é convidativo e resolvi descer para um almoço, especialmente por que já sabia que é em Santa Felicidade que está um dos principais roteiros gastronômicos desta cidade?, disse.

Floresta urbana oxigena centro

Foto: Ivan Bueno/SMCS

Parque tem 35 pontos de atração que rendem um bom passeio.

O Passeio Público, no coração da cidade, tem uma floresta urbana exuberante, que também serve de alimento para a alma dos amantes da natureza. Uma parada para a meditação ou o começo de uma boa pedalada pela cidade que é bem servida por ciclovias (103 quilômetros, o equivalente à distância entre Curitiba e o Litoral). Em um dos portões laterais, uma loja aluga bicicletas.

Os portões principais, em estilo art nouveau, são cópia fiel do Portão do Cemitério de Cães de Paris. Assim é o Passeio Público – parque mais central da cidade – inaugurado em 1886, em uma área de 69.285 metros quadrados. São 35 pontos de atração, que vão desde as ilhas dos Macacos, das Garças, dos Amores e da Ilusão até o aquário, o viveiro da cascata, a Gruta dos Amores, a ponte pênsil, o palco flutuante e as gaiolas com pássaros das mais variadas espécies. E, entre setembro e janeiro, os visitantes mais ilustres são as garças migratórias, que fazem das copas das centenárias e mais altas árvores do passeio o lugar mais seguro para seus ninhos e para alimentar seus filhotes que, quando criam asas, se despedem de fotógrafos, biólogos, amantes, turistas, sempre com um olhar de até breve.

Horário: de terça a domingo, das 6h às 20h. Fechado às segundas-feiras.

Teatro Paiol, cadeira cativa da MPB

Foto: Orlando Kissner/SMCS

Paiol esbanja estilo; é o teatro mais charmoso da capital.

A reciclagem faz parte da cultura curitibana muito antes disso virar moda. Um antigo paiol de pólvora, construído há 100 anos, foi transformado em teatro e se tornou um marco na história cultural da cidade. Curitiba ganhou o Teatro do Paiol em uma noite memorável de 27 de dezembro de 1971, que reuniu o poeta Vinícius de Moraes, Marília Medalha, Toquinho e Trio Mocotó no espetáculo Encontro.

O Paiol é considerado o teatro mais charmoso da cidade. Entre os espetáculos inesquecíveis de seus 35 anos de existência figuram apresentações dos ícones da Música Popular Brasileira. Também foi um grande centro de discussão intelectual e política nos anos 80s, com as chamadas Parcerias Impossíveis, das quais participaram o então sindicalista Luiz Inácio da Silva e o professor Fernando Henrique Cardoso, entre outros.

O teatro tem o formato de arena, rodeado por uma platéia de 220 lugares. O seu palco intimista permite uma proximidade entre público e artista, garantindo uma atmosfera especial durante os espetáculos. Totalmente reformado, o Paiol foi reaberto em março de 2006, com um show de Toquinho para relembrar o dia de sua inauguração. Só a visita ao prédio já vale a pena. Assistir a um espetáculo no Paiol é uma atração dobrada.

O Paiol fica na Praça Guido Viaro, s/n.º Prado Velho.

A programação pode ser conferida no site www.fcc.digital.com.br.

Tingüi, preservação e cultura

O Parque Tingüi, que está em uma área de 380 mil metros quadrados, faz parte de um projeto global que prevê a implantação de um parque linear em toda a extensão do Barigüi, principal rio que corta a cidade de norte a sul. O parque é uma obra de saneamento e de preservação ambiental. Tem pistas de caminhadas e ciclovias, lagos e mata nativa. Também abriga o belo Memorial Ucraniano.

Endereço: Entre as Ruas Fredolin Wolf e José Vale Bairro São João. Aberto 24 horas.

Voltar ao topo