Costa da Mata Atlântica une serra e mar

O litoral paulista trabalha para ter uma nova imagem como destino turístico. Quer aliar o seu potencial à preservação ambiental e aos aspectos histórico-culturais. Você se lembra do nome Baixada Santista, usado para identificar as praias que compõem o litoral sul do estado, incluindo os arredores da cidade de Santos? Ele está sendo aposentado para dar lugar à denominação Costa da Mata Atlântica, a nova ?marca? do turismo local. O objetivo é, a partir da mudança, dar idéia ao visitante da proximidade da serra com o mar – característica peculiar da região – e da preservação ambiental, aliada a belas praias, como âncora para o levantamento do turismo em seus diversos aspectos, seja ecológico, de lazer, histórico, ou, ainda, de eventos.

Bondinho leva turistas a uma viagem no tempo.

A Costa da Mata Atlântica abrange nove municípios: do norte para o sul, Bertioga, Guarujá, Santos, Cubatão – acredite, a cidade que já foi considerada a mais poluída do mundo vem tentando se firmar como referência em ecoturismo -, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. ?Queremos mostrar que não existe aqui somente praia, mas toda uma riqueza histórica e ambiental?, diz o presidente do Santos e Região Convention & Visitors Bureau, Ewaldo Bolívar.

As praias que compõem a costa somam 161 quilômetros e, em boa parte dos casos, constituem centros de lazer com estrutura para eventos e compras. Na parte do ecoturismo, cachoeiras e trilhas animam os adeptos de esportes de aventura ou meros praticantes de trekking para conhecer áreas preservadas – Bertioga, por exemplo, tem 80% de sua área composta por matas totalmente conservadas, bem como Praia Grande, que procura atrair o turista pelo turismo ecológico, principalmente, e ainda Cubatão, pólo industrial que nos últimos dez anos passou por intenso processo de reflorestamento. Vale ainda ressaltar que cada um dos redutos se interliga com vias de fácil acesso e que, apesar da balneabilidade comprometida em algumas das localidades, principalmente durante a alta temporada, as orlas marítimas são de encher os olhos, assim como as paisagens que unem matas, sol e mar, numa analogia às cores do Brasil.

Santos resgata as riquezas do passado

Lígia Martoni

Além do mar, Praia Grande tem
importante potencial ecoturístico.

O balneário que já foi o mais badalado do litoral paulista tem sofrido alterações para captar novamente o turista. A primeira delas é com relação à divulgação de atrativos que remetem à história local e ao turismo de eventos. Porém, o que sempre chamou a atenção em Santos, a praia, deixa a desejar: a balneabilidade, conforme as últimas aferições, não está adequada. Vale ressaltar, no entanto, que a beleza não deixou o lugar, principalmente por conta da orla. Seus seis quilômetros constituem o maior jardim frontal de praia do mundo, registrado pelo Guiness Book. Bem cuidado, o calçadão, além de florido, é largo, ideal para a prática de esportes ou um passeio à beira-mar.

Santos quer ainda relembrar ao turista o fato de ter o maior porto da América Latina, remontando aos remanescentes históricos que circundam a diversidade econômica que resultou no desenvolvimento da cidade. Um deles é evidenciado pelo Museu do Café, onde funcionou a única bolsa de valores do mundo voltada especificamente para os negócios do grão, que foi o ?ouro? do Brasil nas primeiras décadas do século passado. Construído em 1922, o prédio, imponente, tem mobiliário original do antigo pregão. Lá, pode-se comprar também vários produtos à base de café ou, ainda, o pó para exportação, com preços que variam em torno de R$ 28 o quilo.

São Vicente destaca a trajetória
de Padre Anchieta.

O Centro Histórico de Santos, aliás, está restaurado em boa parte. O mesmo bondinho usado durante as gravações da minissérie JK, que retratou a vida do presidente Juscelino Kubitschek, também serve para que o turista faça o percurso pelos casarões antigos, a maior parte do fim do século XIX. É uma verdadeira volta no tempo, que une a visão do progresso no porto com a história que circundou sua evolução. A passagem custa só R$ 0,50 por pessoa.

Atrelado a isso, Santos resguardou a característica de coqueluche cultural das primeiras décadas do século XX. Um de seus principais teatros, o Coliseu, inspirado na arquitetura italiana do século XIX, foi totalmente restaurado e reinaugurado recentemente. O teatro já foi palco de diversas manifestações políticas e artísticas que marcaram o Brasil, contemplando desde a presença de Carmem Miranda até a primeira apresentação do espetáculo Hair, revolucionário em pleno fim da década de 60.

Já para quem quer ver a cidade de cima, duas opções: uma delas é o Monte Serrat, onde a subida íngreme é feita por um charmoso bonde e de onde se pode ter uma noção exata do desenho da cidade e dos entornos. Em cima funciona um centro de eventos no casario de 1927, também restaurado. A outra opção é o famoso teleférico ao lado da praia, com opção da descida do morro de paraglider.

Santos guarda boas surpresas também aos apaixonados por futebol. O Memorial das Conquistas do Santos Futebol Clube mostra a trajetória de Pelé por meio de objetos, textos e fotos. No local é possível relembrar momentos importantes do esporte brasileiro, além das taças que remetem às vitórias do Santos Futebol Clube. E, para finalizar o passeio, adultos e crianças vão se divertir no Aquário de Santos, onde diversas espécies de peixes estão em exposição, além de divertidos pingüins, tartarugas verdes e, ainda, um lobo marinho.

A jornalista viajou a convite do Santos e Região Convention & Visitors Bureau e da TAM.

Delicie-se com a Meca Santista

Condomínio inclui hotéis, restaurantes, um centro comercial e de lazer e, claro, belas casas.

É pecado ir para Santos e não conhecer a Meca Santista. Não, não se trata de um reduto religioso, mas, sim do prato típico da cidade. O peixe meca, comum na região, é grelhado e servido com arroz temperado e uma farofa de banana e bacon. Exótico e saboroso. Diversos restaurantes servem o prato, mas a Pier1 Choperia e Restaurante – (13) 3261-6121 – vale pelo ambiente aconchegante e com boa música ao vivo, na beira da praia. O prato custa R$ 50 e serve duas pessoas.

Já em São Vicente, dá para sentir o clima de um ambiente que remete às antigas tabernas no restaurante de cozinha portuguesa Taberna Martim Afonso -(13) 3467-5053. Além de saborear o bacalhau, vale passear pelas lojas de artesanato. O prato para duas pessoas sai por R$ 55.

Onde ficar?

Algumas opções de flats são o Cosmopolitan Praia Flat -(13) 2101-6111 – e o Gonzaga Flat Service – (13) 2102-5800. Diárias para o casal na baixa temporada de R$ 192 e R$ 166, respectivamente. Entre os hotéis, as sugestões são o Parque Balneário – (13) 3289-5700 -, categoria luxo, em frente à praia, com diárias para casal entre R$ 223 e R$ 256; e o Mendes Panorama Hotel -(13) 3208-6500 -, onde o pacote para quatro noites na Páscoa custa R$ 1.050 o casal. (LM)

Aproveite para ir a São Vicente e Praia Grande

Vale aproveitar a proximidade com Santos e conhecer as cidades de São Vicente e Praia Grande. Na primeira, há os remanescentes históricos da trajetória de Padre Anchieta e, na segunda, o ecoturismo é atração, com caminhadas na mata e visitas monitoradas a cachoeiras – entre elas o Salto Guaraúma, com trinta metros de altura. Na localidade existe ainda a vila militar onde Pelé serviu ao exército e três fortes que remontam à época da Segunda Guerra Mundial, além de uma paisagem exuberante. Se der para esticar, a dica é ir ao Guarujá, logo à frente, praia com badalação e água em condições adequadas para banho ao longo de toda a extensão. Informações sobre passeios descritos, valores e horários de visitação podem ser obtidas pelo Disk-Tour: 0800-17-3887. (LM)

Riviera: luxo em cenário de paraíso

Lígia Martoni

Um cenário paradisíaco, com uma bela praia, coqueiros e sol, muito sol. A Riviera de São Lourenço, situada no município de Bertioga, é um reduto à parte, onde a natureza uniu o conforto do mar calmo e de águas mornas e límpidas com a iniciativa humana de preservar o meio ambiente e arquitetar o lugar dos sonhos. Ainda pouco conhecida, a localidade – que pode ser definida como um condomínio fechado, mas em proporções gigantescas – oferece glamour e conforto para viagens em família, principalmente. A única ressalva é o preço: hotéis e restaurantes são ?salgados?, mas a iniciativa das redes locais é a de facilitar pagamentos para atrair uma gama cada vez maior de turistas dispostos a viver férias inesquecíveis.

Passando pelo município de Bertioga, a entrada de Riviera aparece de forma imponente. Não é restrita apenas aos condôminos ou hóspedes dos hotéis locais, mas há controle sobre cada veículo que passa pela guarita. O motivo é a segurança. Pode-se andar tranqüilamente pelas ruas ou ciclovias permeadas de coqueiros e jardins a qualquer hora do dia ou da noite – o condomínio, ou bairro, tem esquema de segurança próprio.

Praia

A praia é de águas calmas e mornas e com uma extensa faixa de areia e muitos coqueiros à beira-mar, atrativo indispensável em praias como as que servem de cenário para filmes. Na Riviera, aliás, tudo é um pouco hollywoodiano. As ruas espaçosas e construções sofisticadas, o centro de lazer e de compras – onde durante a temporada o turista confere apresentações artísticas e culturais – e os restaurantes convidativos a um jantar à meia-luz. Esse é um dos pontos fortes do litoral de São Paulo. Durante o verão, muito calor e céu azul compõem a combinação com o verde da Riviera.

Pacotes

Durante a baixa temporada, os preços na Riviera são mais competitivos. Pelo cartão-turismo, da Caixa Econômica, sete noites e oito dias, com café da manhã, saem por 24 vezes de R$ 57,28 para o casal (até 30 de novembro). Já quem prefere a alta vai gastar mais, mas tem opção de começar a pagar antes. A partir de 1.º de abril, pode-se começar a bancar o pacote de Réveillon – sete dias e oito noites custam 1 + 9 de R$ 253,20, incluindo meia-pensão e a ceia da passagem de ano. O preço é por pessoa e em apartamento duplo, pelo cartão Visa. A hospedagem é pela Rede Tecnoflat. Entre os empreendimentos da rede está o Sabel Residence Service -(13) 3316-1424 – e o Amarilis Flat Service – (13) 3316-8121. Caso interesse pacote avulso, as diárias nesses hotéis variam entre R$ 180 e R$ 380 na baixa temporada por casal. Mais informações no site www.tecnoflat.com.br.

Itaguaré une o rio com o mar

Vale a pena sair da Riviera para visitar a Praia de Itaguaré, de águas calmas e límpidas, também localizada no município de Bertioga. O local conserva uma peculiaridade: ali, o rio de mesmo nome encontra-se com o mar. Pela manhã, é possível ver como os canais de água doce invadem a areia, formando vários alagados – o interessante é tomar um banho de mar e, em seguida, lavar-se na água doce do rio, logo em frente. Já durante a tarde, o Itaguaré invade totalmente as areias e praia e rio tornam-se um só.

O lado histórico da cidade também é atraente. Em Bertioga encontra-se o Forte de São José, o primeiro construído no Brasil, em 1532. Lá funciona um museu que conta a trajetória portuguesa na região e a relação dos primeiros habitantes vindos de fora com as tribos de índios que moravam no litoral paulista. As tribos que ainda existem no local conservam sua cultura e promovem todos os anos a Festa do Índio, em abril, para celebrar as manifestações culturais e mostrá-las aos habitantes e turistas.

Mais informações podem ser obtidas junto à Secretaria de Turismo local: (13) 3317-4128. (LM)

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