China encanta pelo exótico e suntuoso

Nunca se falou tanto na China. O país definitivamente está na moda. De acordo com dados da Agência Nacional de Turismo do país, somente nos dois primeiros meses deste ano, a China recebeu 17,9 milhões de turistas. Depois da abertura econômica, em 1978, e a rendição dos comunistas à globalização, este país de cultura milenar é uma ótima pedida para quem procura um destino exótico de férias. E se você nunca cogitou a possibilidade de visitar a terra de Mao, os dados da Organização Mundial de Turismo (OMT) revelam que há grandes chances de você mudar de idéia logo. Em 2020, a China deve superar a França como o maior destino turístico mundial, quando o país deve receber cerca de 130 milhões de turistas.

Pequim, capital do país, tem 13 milhões de habitantes e surpreende. Misturado às avenidas largas e arranha-céus, estão os palácios e templos milenares, que atraem pela beleza arquitetônica e riqueza histórica. Falar qualquer coisa sobre a cidade não vai preparar o visitante para o mundo exótico com o qual vai se deparar. Mesmo sendo um país comunista, impressiona como o clima da cidade transforma qualquer um num capitalista selvagem em questão de horas. Tem de tudo para vender pelas ruas de Pequim, a preços muito convidativos.

Alessandra Cardoso
A Cidade Proibida é o maior complexo de palácios da China: tem 9.999 salas e aposentos, número que simboliza a paz eterna.

Tudo na cidade impressiona e tem proporções gigantescas – do tamanho dos palácios à quantidade de pessoas andando nas ruas. Sem falar nos inacreditáveis estacionamentos para bicicletas e os charmosos riquixás – cadeirinhas com cobertura, puxadas geralmente por uma bicicleta ou, em sua versão motorizada, por moto.

A quantidade de atrações também é enorme. São mais de sete mil lugares históricos para serem explorados, entre eles a Grande Muralha da China e a Cidade Proibida. Nos hotéis existem mapas da cidade com os principais pontos turísticos destacados. Uma dica é sair com o nome dos locais que pretende visitar escritos em chinês. É raro encontrar quem fale inglês, inclusive taxistas. Com o endereço escrito no idioma local, você chega onde quiser sem maiores problemas. A cidade tem metrô, mas andar de táxi ou riquixá (este ideal para pequenos percursos) é mais vantajoso. Além de ser muito barato, é possível ir contemplando a paisagem. Mas não estranhe se o taxista começar a cuspir dentro do carro. Cuspir é um hábito nacional e os chineses fazem isso o tempo todo e em qualquer lugar.

E as esquisitices não param por aí. Crianças têm a calça furada e quando precisam ir ao banheiro, os pais param em qualquer lugar para que os pequenos façam suas necessidades na rua mesmo.

No entanto, para eles, exóticos são os turistas, com seus hábitos e feições ocidentais. Num país pouco acostumado a receber gente de fora, qualquer um com características ocidentais passa a ser atração. Por isso não estranhe se um chinês vier pedir para tirar uma foto ao seu lado ou quando todos os garçons e cozinheiros de um restaurante se juntarem para vê-lo comer macarrão usando hashis.

Pequim une o milenar e o ultramoderno

Sâmar Razzak
O Palácio de Verão,
local de veraneio da casa
imperial da dinastia Ming,
foi totalmente reconstruído
em 1888.

Os principais atrativos turísticos da China atraem a atenção dos turistas principalmente pela grandiosidade. Logo no centro de Pequim está a Cidade Proibida. É impossível ficar indiferente à suntuosidade do maior complexo de palácios da China, que tem 9.999 salas e aposentos – número que simboliza a paz eterna. A cidade foi construída entre 1406 e 1420 e serviu de morada a 24 imperadores das dinastias Ming e Qing. Também chamado de Palácio Imperial, o lugar ficou mais conhecido como Cidade Proibida porque circular por ela era permitido apenas ao imperador, seus familiares e empregados. Quem tentasse cruzar os muros do palácio acabava torturado e morto.

Em frente fica a Praça da Paz Celestial, a maior praça pública do mundo. O lugar ficou famoso depois da tragédia ocorrida em 1989, quando o exército chinês usou tanques de guerra para reprimir uma manifestação de jovens que pediam democratização. Cerca de 2,6 mil pessoas foram mortas. Hoje o lugar é tomado por turistas que procuram o melhor ângulo para tirar a foto mais clássica de todas: o mastro com a bandeira da China no meio da praça, com a Cidade Proibida ao fundo e a foto de Mao Tsé-tung, que decora a fachada do palácio.

Ivan Santos
No Templo do Céu, construções arquitetônicas perfeitas.

Outro lugar que não pode deixar de ser visitado é o Templo do Céu, um dos mais bonitos da cidade e conhecido pelas construções arquitetônicas consideradas perfeitas. Construído em 1420, era onde os imperadores rezavam para pedir aos céus boas colheitas.

Muralha

Sem dúvida, a Grande Muralha da China é a atração que mais impressiona os turistas. O trecho mais famoso para visitar, para quem está em Pequim, fica na estação de Badaling, a 70 quilômetros da capital. Ali, pega-se um teleférico até o ponto mais alto para depois voltar andando. Tente não ligar para os insistentes vendedores e aprecie a paisagem, que é de tirar o fôlego. A muralha levou cerca de dois mil anos para ser construída e tinha o objetivo de evitar invasões nômades. A obra tem 7,3 mil quilômetros de comprimento e corta o país, desde a costa oriental até o Deserto de Gobi, na Mongólia. É o único monumento construído pelo homem que pode ser visto da lua.

Depois de visitar a muralha, a dica é seguir para o Palácio de Verão que também fica afastado de Pequim. Foi o palácio de veraneio da casa imperial da dinastia Ming e foi totalmente reconstruído em 1888, após ter sido incendiado por tropas da aliança anglo-francesa, em 1860. Para pagar a reconstrução, a imperatriz Cixi usou a prataria da família, com mais de cinco milhões de talheres. O local tem 290 hectares de área, com jardins extraordinários e um lago de 200 hectares.

Cidade é um tesouro para os consumistas

Ivan Santos se arrisca a degustar um espetinho de gafanhoto. Será?

A cidade que vai sediar as Olimpíadas de 2008 parece que não pára nunca. O comércio fica aberto até tarde e, por isso, a melhor hora para fazer compras é à noite. Neste horário também começam a pipocar as feiras noturnas de alimentação. Gafanhotos, estrelas do mar, grilos ou cobras que ainda se mexem nos espetos são expostos. Quem quiser experimentar espera só um minutinho para que o quitute seja frito na hora. Por estas e outras que comer na China torna-se uma aventura e tanto. Os pratos são bastante apimentados, os restaurantes não têm cardápio em inglês e é raro achar um garçom bilíngüe. Mas não se preocupe. Se você não é chegado aos pratos exóticos, há Maidangnao por toda Pequim. Para quem não entendeu, é assim que os chineses chamam o McDonald?s. A rede de fast food pode ser um refúgio mas tem o cardápio adaptado ao gosto local. Os sanduíches são apimentados e as tortinhas – que aqui são de maçã, geralmente – lá são de feijão.

Por outro lado, para os consumistas Pequim é a cidade perfeita, pela variedade de produtos e a avançada tecnologia. E a vantagem é que, com exceção dos mercados de rua -que costumam fechar às 18h -, o comércio em geral funciona até tarde da noite. Tudo por lá é barato. A moeda local é o reminbi e sua unidade é o yuan (US$ 1 = 8 yuans, em média). A maior parte das lojas, inclusive dos shoppings, não aceita cartões de crédito. Por isso é bom andar sempre com o dinheiro local na carteira, até para pagar contas mais altas. Mas um aviso: nunca compre sem barganhar. Isso vale para as lojas de shopping ou nos camelôs. Nada tem preço marcado e a compra pode sair por menos da metade do preço inicial dado pelo vendedor. Tudo depende da habilidade de negociar e da paciência de fazer isso o tempo todo, até nos táxis. Mas não fique morrendo de raiva se encontrar, duas quadras adiante, o mesmo roupão de seda pura que você comprou pouco antes, por menos da metade do preço. Sem dúvida, mesmo tendo sido enganado pelo vendedor espertinho, você pagou muito barato.

Como dá para imaginar: falsificações de marcas famosas podem ser encontradas aos montes pelas ruas de Pequim. Roupas, bolsas, carteiras, tênis. Mesmo quem se recusa a comprar este tipo de mercadoria não pode deixar de dar uma passadinha pela Rua da Seda, que é uma atração à parte. São barracas minúsculas, grudadas umas às outras, com todo tipo de produto. Uma bolsa de grife, que não sai por menos de R$ 5 mil, pode ser encontrada ali por cerca de US$ 10. Há também lindas peças de porcelana muito baratas.

Produtos de alta tecnologia também têm aos montes. Pequim conta com um centro tecnológico que reúne diversos prédios especializados em produtos eletrônicos. São andares e mais andares de máquinas fotográficas, filmadoras, computadores e acessórios de última tecnologia.

Existem também lojas deste tipo espalhadas pela cidade, mas o risco de comprar algo falsificado é alto. Informe-se no hotel como chegar até o conglomerado tecnológico e deixe para comprar lá os eletrônicos. Uma dica é olhar o manual de instruções antes de levar o produto. Desconfie daqueles que têm manuais em diversos idiomas. Os produtos originais geralmente têm manual escrito em chinês e japonês. Por isso, se você encontrar uma máquina fotográfica digital de última geração com preço inacreditavelmente baixo, desconfie porque – como diz o ditado – ninguém faz milagre. Nem aqui, nem na China. (SR)

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