Bodoquena, paraíso regido pelas águas

É inevitável vincular o Mato Grosso do Sul a sua vocação para a produção agrícola e pecuária. E não é à toa: o estado é um dos maiores produtores de grãos e o maior exportador de carne do País. Seus amplos campos verdes abrigam um rebanho bovino de nada menos que 24 milhões de cabeças (o maior do Brasil) e começa a se destacar como grande produtor de aves e peixes em viveiro.

Porém, a potencialidade econômica do estado vai muito além do setor agropecuário. A indústria turística ganha cada vez mais relevância, mostrando ao resto do Brasil e ao mundo que essa área de 357 mil quilômetros quadrados é um grande destino, tanto para o turismo de negócios e eventos, como para o científico e cultural e, o mais importante de todos, o turismo ecológico.

O ano todo o estado recebe visitantes das mais diversas regiões encantados com a riqueza da flora e fauna sul-mato-grossense. São destaque também as grandes reservas minerais. É a formação calcária de suas rochas a responsável por um dos maiores atrativos turísticos do Mato Grosso do Sul: a grande quantidade de nascentes de águas que descem as encostas em corredeiras rápidas e cachoeiras de uma transparência e cristalinidade magníficas.

Em Bodoquena, é freqüente
a prática de atividades de
aventura em meio à densa mata.

Esse paraíso regido por águas é que forma o cenário de sonho da Serra da Bodoquena, situada ao sudoeste do estado, a 330 quilômetros da capital Campo Grande. Não é difícil imaginar que a região, que abrange os municípios de Bonito, Jardim, Miranda, Porto Murtinho e Bodoquena, é um dos principais destinos ecoturísticos do Brasil. Os rios Formoso, Sucuri, do Peixe e da Prata, entre outros, formam um conjunto de águas transparentes que favorecem os mergulhos, passeios e a prática de esportes em meio a cardumes multicoloridos de piraputangas, dourados, peixes ornamentais e plantas aquáticas. Um verdadeiro aquário natural que faz a alegria dos turistas brasileiros e estrangeiros apaixonados pela natureza e que têm ali a oportunidade de mergulhar e nadar junto aos peixes.

O Parque Nacional da Serra da Bodoquena, com seus 76,4 mil hectares de matas preservadas, é a maior área contínua de mata atlântica do estado. Ele foi criado em 2000 para proteger as características geológicas e possibilitar os estudos da biodiversidade. Hoje abriga, além da densa vegetação, parte da rica fauna da região, composta por espécies como a onça-pintada, o gavião- real e a anta.

Bodoquena

Algumas espécies da fauna local, como o macaco-prego, podem ser avistadas facilmente pelos turistas.

Um cenário verde que favorece a prática de esportes, safáris, expedições e pesquisas biológicas. Assim é Bodoquena, um dos municípios dessa serra, situado a 280 quilômetros de Campo Grande. Por estar numa reserva natural, a do Parque Nacional da Bodoquena, está sob um rigoroso controle ambiental. Os rios e córregos que cortam o município passam por muitas cachoeiras com áreas de banho, pontos de mergulho de superfície e trilhas, onde os turistas vêem facilmente tucanos, araras, além de queixadas (espécie de porco típico da região), antas e capivaras. Outro grande atrativo do município são as dezenas de cavernas com diferentes tipos de espeleotemas.

Em Bodoquena, é freqüente também a prática de atividades esportivas que exigem um pouco de coragem, além do gosto pela natureza. É o caso do rapel, feito em montanha ou caverna, a noventa metros de altura.

Jardim

Também parte da região da Serra da Bodoquena, o município de Jardim, a 240 quilômetros da capital, se destaca pelos mergulhos de superfície, devido à transparência das águas, que facilita a visualização de vegetação aquática e de peixes.

A Cachoeira Boca
da Onça, em Bonito,
com seus 156 metros,
é a maior do
Mato Grosso do Sul.

Para preservar toda essa exuberância natural, todos os passeios em Jardim, com exceção dos balneários, são feitos somente com o acompanhamento de guias credenciados, fornecidos pelas fazendas ou agências locais, que organizam os percursos e providenciam os equipamentos necessários para as atividades.

Para hospedagem dos turistas, o município conta com hotéis-fazenda, que ressaltam as características da região para o turismo rural, de aventura e passeios ecológicos, cavalgadas, criação de animais silvestres, além das aventuras aquáticas, mergulhos e passeios a barco em corredeiras e pequenas cachoeiras.

Tudo é Bonito, até debaixo d?água

Bonito não é só bonito. O município, situado a 260 quilômetros de Campo Grande, na bela Serra da Bodoquena, é um dos destinos para o turismo ecológico mais importantes do Brasil, visitado por aproximadamente setenta mil turistas por ano. Trata-se de um exuberante complexo aquático, formado por mais de dez rios de águas transparentes, cerca de cinqüenta grutas e cavernas secas e inundadas, que ostentam formações calcárias (estalagmites e estalactites); além de uma infinita variedade de peixes, plantas, cachoeiras, corredeiras e remansos de águas que formam piscinas naturais.

Além de naturalmente lindo, Bonito é também um destino cuidado. Os passeios lá são todos controlados e, assim como em Jardim, exige-se o acompanhamento de guias especializados. Para evitar a saturação, há um limite diário de visitas que deve ser respeitado e qualquer reserva para os passeios deve ser efetuada em uma agência de turismo local. Todo esse cuidado é percebido assim que se chega à cidade.

Bonito tem muitas grutas e cavernas que chamam a atenção de turistas e pesquisadores do mundo inteiro.

Centro de prática de esportes na natureza, o município oferece, além do mergulho de superfície ou flutuação, rapel e cavalgada, que permite conhecer, seus atrativos e o cotidiano das fazendas.

Cavernas

Instigantes são os passeios às várias cavernas e grutas do município. Considerada monumento natural e unidade de conservação da cidade, a Gruta do Lago Azul, situada a vinte quilômetros do centro, é a mais famosa delas. Após uma descida de cem metros, a caverna revela um lago azul com dimensões que a tornam uma das maiores cavidades inundadas do planeta – estima-se que a profundidade chegue a noventa metros. Não só o teto, como o piso da gruta são repletos de espeleotemas de várias formas e tamanhos, que despertam a atenção de turistas e pesquisadores do mundo inteiro.

Já o acesso à Gruta de São Miguel é parte de uma trilha suspensa de 180 metros, que permite ao visitante caminhar por entre as copas das árvores do cerrado e chegar à gruta principal, onde existe uma rica variedade de espeleotemas e outras formações calcárias. Um dos elementos mais interessantes é o Salão dos Cones, que tem formações de quase oito metros de altura.

Para aproveitar os famosos
rios da Serra da Bodoquena,
turistas se rendem ao bóia-cross
e aos passeios de caiaque.

Considerada uma das mais bonitas do mundo e espetacular para mergulho é a Gruta Mimoso, situada a 35 quilômetros do centro de Bonito. Além de várias formações no teto e nas paredes, há o Salão dos Cisnes, com formações calcárias tão grandes quanto as do Salão dos Cones.

Além das rotas de ecoturismo, há também roteiros culturais que proporcionam aos visitantes uma viagem às lendas, músicas e costumes da região.

Serviços

Em Bonito, o turista não fica perdido. Existem cerca de trinta agências de turismo que oferecem passeios e serviços por preços semelhantes, sendo a qualidade no atendimento o diferencial entre elas. O melhor é recorrer logo a uma delas, já que lá os passeios (menos aos balneários) são só permitidos com guias. Além disso, as agências auxiliam para que o turista possa aproveitar ao máximo a sua estada na cidade, conhecendo e desfrutando o maior número possível de atrativos.

Não há problema de falta de hospedagem em Bonito. Cidade de apenas dezessete mil habitantes, tem aproximadamente oitenta hotéis (urbanos e rurais) e pousadas para atender os cerca de setenta mil turistas que a visitam anualmente (veja box nesta página).

A gastronomia sul-mato-grossense é fruto de uma mistura de culturas, como indígena, árabe, portuguesa, paraguaia, boliviana, gauchesca, nordestina, mineira e até japonesa. A combinação de temperos que se vê hoje reflete a forte influência dos povos que ali viveram. Em Mato Grosso do Sul, a alimentação básica é o arroz, o feijão, a carne, a mandioca e a farinha de mandioca. Os restaurantes da cidade oferecem opções diversas para quem quer conhecer a verdadeira culinária local.

Nos restaurantes hoje são servidos peixes de água doce e carnes da região. Além dos restaurantes típicos, há churrascarias, pizzarias, lanchonetes e até estabelecimentos que vendem comida por quilo. Entre os pratos mais conhecidos estão o filé de pintado a caramanchão, que é recheado com ameixa, mel, banana, baco e molho de urucum; o arroz a carreteiro, que é comida bem pantaneira; o pintado a urucum; caldo de piranha; churrasco acompanhado de mandioca frita; puchero, cozido forte, com milho e banana da terra; moqueca de jacaré; chipa, espécie de pão de queijo; salteña, pastel boliviano assado e recheado com frango; doces caseiros com mamão, abóbora, caju, manga, laranja, queijo ou leite e para beber, o tereré, que é o chimarrão gelado e os licores de pequi, jenipapo e guavira.

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