Balneários colorem a costa da Ligúria

A Ligúria toma um ar de elegância e glamour na rota dos seus principais balneários. Internacionalmente famosos, lugares como San Remo e Portofino parecem cenários de filme, com suas marinas repletas de embarcações de luxo e turistas de alto poder aquisitivo circulando por suas lojas, praias e calçadões.

A geografia acidentada da Ligúria, principalmente na Riviera di Levante, onde ficam Cinque Terre e Portofino, ajudam a formar a bela paisagem que caracteriza alguns de seus principais balneários. Um mar muito azul, emoldurado por grandes pedras, que se estende aos pés de morros enfeitados por dezenas de casas antigas e coloridas.

Costa das Flores

Não muito diferente, na Riviera di Ponente, província de Impéria, San Remo se destaca. Para se chegar lá, saindo de Gênova, basta seguir pela A-1, a Via Aurélia, a mesma que liga Roma a Gênova e se estende de San Remo a Nice, na França.

Cidade de 60 mil habitantes, situada a 142 quilômetros de Gênova, San Remo tem o turismo e, principalmente, a floricultura como bases de sua economia. Cerca de cinqüenta hotéis, entre grandes e pequenos, hospedam os sofisticados turistas. Seu mercado de flores é considerado o mais importante de toda a Itália e o segundo da Europa, perdendo somente para a Holanda. Tamanha é a importância do produto que a estrada que dá acesso à cidade se chama Auto Pista das Flores.

Porém, mundialmente, San Remo é famosa pelo seu Festival da Canção Italiana, evento que ocorre desde 1951, geralmente no mês de março, e que já premiou muitos artistas de fora da Itália, como o brasileiro Roberto Carlos, em 1967. Durante dez anos, o festival aconteceu no Teatro do Cassino, um prédio construído em 1905, em estilo liberty, típico da chamada Belle Epoche.

Esse é um dos poucos cassinos existentes na Itália; os outros três estão em San Vicent, Campione di Itália e em Veneza. Hoje o cenário do festival é o Teatro Ariston, num prédio comum, situado no centro urbano.

San Remo tem outros pontos interessantes como a Piazza San Ciro, também conhecida como a praça das quatro igrejas, e a Piazza Cassini, no centro histórico de La Pigna. San Remo tem uma fortaleza em pleno centro. É a Ruela de São Sebastião, torneada por uma espessa muralha, construída em 1300 para prevenir a entrada de piratas do Norte da África. Ela liga o centro histórico à Piazza dei Dolori.

Ao chegar a essa praça, preste atenção a um detalhe curioso na arquitetura das casas: faixas de concreto unem uma casa à outra da rua, uma antiga técnica de construção para evitar que os terremotos derrubassem os imóveis.

Antes de ir embora, não deixe de passear pelo calçadão à beira-mar, a Avenida Corso Imperatriz, repleta de palmeiras, doadas pela czarina russa Maria Alessandrovna, em 1874, em retribuição à cidade pela hospitalidade à sua família. A avenida concentra um razoável número de lanchonetes, bares e restaurantes.

É nessa avenida que fica também a igreja ortodoxa russa de San Borillo, construída em 1913, uma beleza de arquitetura. O local está aberto ao público das 9h30 às 12h30 e das 15h às 18h e a entrada custa 1 euro.

A jornalista viajou a convite da Enit – Ente Nazionale Italiano per il Turismo (www.enit.it) e da Alitália.

As cinco terras encantadas

Na província de La Spezia, a 110 quilômetros de Gênova, na Riviera di Levante, cinco vilarejos unidos por uma trilha que só pode ser percorrida a pé, formam um dos cenários mais pitorescos da Itália. É Cinque Terre (traduzindo, cinco terras), formado por Manarola, Riomaggiore, Vernazza, Monterosso e Corniglia, enfileirados em dezessete quilômetros de costa. Esses pequenos burgos formam o Parque Nacional de Cinque Terre, declarado pela Unesco Patrimônio Natural da Humanidade. É de perto que se percebe o quanto é merecido o esse título.

Saindo de Gênova, o percurso até lá é pela auto-pista que liga a La Spezia, de barco (partindo de La Spezia, Lerici ou Porto Venere) ou de trem (linha La Spezia – Genoa). Chegando a Cinque Terre, o transporte dos turistas é feito somente em um microônibus elétrico que evita a poluição dentro do parque nacional. O bom mesmo é percorrer tudo a pé. Os vilarejos ficam todos agrupados em morros onde as casas dividem espaço com vinhedos. Monterosso é o maior deles e onde há mais estrutura turística, com restaurantes e hotéis. Suas praias são de areia e não pedras ou cascalho.

Vernazza, antigamente, era a mais rica das Cinque Terre e hoje é a mais visitada. O seu centro abriga a simpática Igreja de Santa Margherita di Antiocchia. Já Corniglia é a menor das vilas e a que menos recebe turistas. Apesar de também estar à beira-mar, não tem porto nem pescadores. Sua maior tradição está na vinicultura (o vinho Cinque Terre é branco e seco, com buquê muito leve). A única igreja da vila é toda construída em mármore de Carrara, uma beleza que merece ser visitada.

Em Manarola, um dos atrativos é o vinho Sciacchetrà (se pronuncia chaquetrá). Ao contrário do Cinque Terre, este é um licoroso apreciado como sobremesa. O “Vinho da Meditação”, como é chamado pelos seus produtores, é feito da mesma uva branca, mas em estado avançado de maturação, o que confere o sabor adocicado. O Sciacchetrà é servido nas cantinas de Cinque Terre, mas é bom ficar atento porque nem sempre é o original, já que a produção é restrita: três mil garrafas por ano. Se quiser adquirir o nobre produto, uma garrafa de trezentos mililitros da bebida custa 30 euros.

Ainda mais raro é o Canaiola, vinho igualmente doce do qual são produzidas trezentas garrafas por ano. Conforme os moradores locais, é nessa época, início de novembro, que o vinho é retirado da uva e vira produto para a venda.

Riomaggiore

Manarola é ligada à última das Cinque Terre, Riomaggiore, pela Via dell?Amore, uma trilha panorâmica construída sobre as escarpas de rocha e que dá vista para o mar. Inspirados pela natureza local e aproveitando se tratar do “Caminho do Amor”, turistas de diversos países marcaram as pedras que circundam a via com declarações apaixonadas. Por esta via, em quinze minutos de caminhada se chega a Riomaggiore. Cercada de vinhedos e oliveira, ela é a mais inclinada delas, o que dá a impressão de que suas ruelas vão despencar no mar.

Um prático sistema ferroviário facilita o percurso entre as cinco vilas, bastando pagar a taxa de 5 euros. Mas não desperdice a oportunidade de caminhar em Cinque Terre, curtir o visual, que é lindíssimo, sentir a brisa que vem do mar e perceber o quanto é bom estar na Ligúria. (DS)

Quanto custa?

O preço de um pacote de viagem de sete dias para Gênova, incluindo hospedagem com café da manhã e passagens aéreas, voando Alitália, a partir de Curitiba, é:

Na BRT: US$ 1.602 no Hotel Astoria e US$ 1.615 no Hotel Europa. Mais informações: (41) 322-8900.

Na CVC: US$ 1.857 em hotel de categoria turística, incluindo traslados. Mais informações: (41) 304-1717.

Portofino, elegante, alegre e seleto

Se a sofisticação ronda os balneários da Ligúria, pode-se dizer que há uma concentração maior em Portofino, uma pequena península, situada na Riviera di Levante, a leste de Gênova. Lá não se pode chegar de carro, o que acaba sendo uma vantagem já que o turista tem que fazer uma parada em Santa Margherita Ligure, outro balneário charmosíssimo de onde partem os barcos para Portofino.

A 3 euros por pessoa se faz a travessia que leva apenas vinte minutos. É do barco que se tem uma das vistas mais bonitas: um balneário cheio de casas coloridas emoldura um pequeno porto repleto de embarcações que descansam em um mar limpo e de um azul indescritível. Uma cidade feita para fotógrafos, impossível sair de lá sem uma bela foto.

O clima agradável ajuda muito na atração turística. Lá não existe frio rigoroso. Mesmo no inverno europeu, as temperaturas ficam na média dos quinze graus. Esse é um dos principais fatores que firmaram Portofino como o balneário que mais recebe turistas na Ligúria -são seiscentos mil por ano.

O Esplendido é o único hotel, um luxuoso cinco estrelas localizado no alto da montanha. O local seleciona seus hóspedes pelos preços da diária, que variam a partir de 1.000 euros. Os que não querem ou não podem gastar muito e desejam ficar em Portofino podem optar por alugar um quarto por 150 euros. A maioria dos turistas acaba ficando em Santa Marguerita onde há mais opções de hospedagem, além de um comércio variado e vida noturna agitada.

Já em Portofino, há um pequeno comércio onde o turista encontra souvenirs diversos, bolsas, sapatos, louças, relógios, bijuterias. Claro que esses artigos sempre têm um preço salgado, ainda mais em euro, mas vale a pena levar, além de fotos, mais uma lembrança do mais elegante balneário da Ligúria.(DS)

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