Medicamentos prometem maior eficiência contra o câncer de mama

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Mulher passa por exame
de câncer de mama em Curitiba. Novas drogas podem diminuir efeitos colaterais do tratamento
 da doença.

São Paulo – O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é o centro coordenador no Brasil de uma pesquisa, conduzida mundialmente pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que investiga, em seres humanos, a eficácia de dois medicamentos inovadores para o combate ao câncer de mama.

Os medicamentos são capazes de inibir um gene específico, o HER2, que torna os tumores mais agressivos. A pesquisa acompanha mulheres que sofreram cirurgias para a retirada de tumores da mama e introduz um novo conceito para o tratamento da doença no Brasil.

Trata-se de uma área relativamente nova na oncologia, a terapia de alvo molecular, em que os remédios só agem em um foco específico, aumentando a eficácia do tratamento e diminuindo os efeitos colaterais. A quimioterapia, ao contrário, age nas células como um todo e, por conta disso, provoca danos como a redução de glóbulos brancos ou a queda de cabelo.

Os dois medicamentos avaliados no HUCFF com mulheres portadoras da doença são o Lapatinibe e o Trastuzumabe. Os trabalhos estão sendo desenvolvidos por meio de um consórcio que envolve 30 países e, no Brasil, é conduzido pelo Núcleo de Pesquisa em Câncer da UFRJ.

Segundo o coordenador do projeto no país, o professor Eduardo Côrtes, da Faculdade de Medicina da UFRJ, esses dois fármacos atuam diretamente contra o HER2, oncogene presente em cerca de 25% dos tumores de mama que, além de estimular a célula cancerígena a crescer, aumenta sua capacidade de invadir outros órgãos no organismo.

?É a primeira vez que esses medicamentos estão sendo testados em seres humanos no Brasil. As terapias de alvo molecular para o câncer de mama são realizadas exclusivamente contra o HER2, que é o único oncogene de mama conhecido na literatura com capacidade de piorar o prognóstico das mulheres e contra o qual existem inibidores. A comunidade científica mundial ainda não conhece todos os genes que causam a rápida proliferação dos tumores?, disse Côrtes.

As cerca de 40 mulheres avaliadas atualmente no Núcleo de Pesquisa em Câncer do HUCFF, segundo Côrtes, são resistentes a outros medicamentos disponíveis no mercado e considerados eficazes no combate ao câncer de mama. Ao todo, somando as pacientes de outros países, são 3 mil mulheres em análise.

?Estamos, nesse momento, estudando a toxicidade, a dose ideal, a ação contra a doença e a resposta imune dos pacientes aos medicamentos inibidores do HER2, de modo a estudar sua eficácia, em diferentes fases de evolução da doença, ao compará-los com os outros tipos de remédios disponíveis no mercado. Os resultados devem ser divulgados em aproximadamente um ano?, afirmou.

Segundo ele, no entanto, já se sabe que esses dois inibidores devem ser tomados pelas mulheres depois das cirurgias, uma vez que, nesse estágio, um número significativo delas ainda têm pelo corpo micrometástases, ou pequenos tumores.

Mais informações pelo e-mail nucpesquisacancer@hucff.ufrj.br ou pelo telefone (21) 2562-2561.

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