Rio de Janeiro – O sistema M.I.Dengue-Monitoramento Inteligente foi desenvolvido pelo pesquisador Álvaro Eiras, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o apoio financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia, e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), entre outras instituições.
De acordo com o pesquisador enquanto o Ministério da Saúde demora cerca de 15 dias para obter o resultado do monitoramento do Aedes aegypti, o sistema de informação da UFMG/Ecovec oferece o resultado no mesmo dia, divulgando-o na internet em menos de 24 horas. Além disso, todas as informações são passadas em tempo real para os computadores. O sistema ajuda a evitar a ocorrência de epidemias, como as registradas recentemente no Brasil, informou Eiras.
Outras cidades brasileiras estão querendo implantar o sistema. Eiras salientou, porém, que enquanto não existir uma norma técnica do Ministério da Saúde, a nova tecnologia não poderá ser adotada em larga escala, uma vez que os municípios não poderão usar para essa finalidade recursos do Tesouro Nacional.
O sistema brasileiro já está despertando interesse no exterior. Técnicos da Austrália visitam o laboratório da UFMG em busca de informações. ?Nós estamos em negociação para fazer o piloto?, revelou Eiras. A idéia, segundo informou, é exportar as armadilhas para captura das fêmeas do mosquito no primeiro momento. À medida que os técnicos internacionais vejam que o sistema funciona, ?aí seria uma transferência de tecnologia para eles fazerem o monitoramento lá?, explicou o professor.
A captura das fêmeas permite que os pesquisadores meçam a população do inseto e sua freqüência nas áreas examinadas. Ele destacou que o risco não está relacionado diretamente com a doença, mas com a procriação do mosquito em altas populações, o que pode gerar posteriormente problemas de epidemia.
Para os especialistas, o combate ao vetor da dengue é o único caminho para o combate à doença. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que a dengue é considerada um dos maiores problemas do mundo, afetando a cada ano até 100 milhões de pessoas em países pobres, especialmente nas áreas tropicais.
Eiras comemorou o prêmio internacional, mas lamentou que o reconhecimento da tecnologia no âmbito doméstico esteja ?um pouquinho devagar, um pouquinho lento, para colocar em prática o sistema?. Ele acredita que o projeto terá o aval do Ministério da Saúde no início de 2007.
O prêmio Tech Museum Awards 2006 será entregue no dia 15 de novembro. Dos 25 nomeados nas categorias saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico, educação e igualdade social será escolhido o grande vencedor em trabalhos pioneiros no desenvolvimento de tecnologia para o benefício da humanidade. A Evotec concorre com a Sumitomo, do Japão.
O Brasil também está representado no Tech Museum Awards 2006 pela Organização não Governamental Comunidades Catalisadoras (ComCat), da Cidade de Deus, no município do Rio de Janeiro, na categoria igualdade social. A ONG fluminense oferece uma rede de computadores para a elaboração de projetos sociais por organizações comunitárias. O fundador da Microsoft, Bill Gates, será o grande homenageado da edição deste ano da premiação, que acontecerá no Vale do Silício, na Califórnia.