Filhas de mães fumantes tendem a fumar

São Paulo (Agência Fapesp) – Em 1982, pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) entrevistaram as mães de 5.914 bebês nascidos em três maternidades da cidade gaúcha para coletar dados socioeconômicos e obter informações sobre a gravidez e o comportamento social familiar.

Nos anos de 2000 e 2001, os adolescentes nascidos em 1982 completaram a maioridade e foram procurados pelos mesmos pesquisadores, que aplicaram questionários nos 2,2 mil rapazes e 473 moças localizados. O alistamento militar foi um dos fatores que auxiliou na busca pelos homens. O objetivo foi verificar a relação entre o ambiente social e os fatores de risco que, presentes no início da vida, determinaram a prevalência do tabagismo na adolescência.

Entre os homens, 48,6% haviam experimentado cigarro e 15,8% fumavam diariamente. Nas mulheres, os índices foram de 53,1% e 15,4%, respectivamente. Ana Maria Menezes, Pedro Hallal e Bernardo Horta, autores do trabalho, apontam que, embora o consumo diário de cigarros tenha sido semelhante para rapazes e moças (15%), os fatores de risco associados ao hábito de fumar foram diferentes entre os sexos.

Segundo o estudo, no caso dos meninos, o fumo na adolescência foi mais freqüente entre os que eram filhos de mães solteiras ou de pais com baixa escolaridade. Já as meninas fumantes pertenciam a famílias nas quais as mães fumaram durante a gravidez e os pais tinham problemas relacionados ao álcool.

?Por se tratar de uma pesquisa quantitativa, fizemos apenas as associações dos fatores de risco. A proposta não foi avaliar as razões dessas diferenças, o que demandaria novos estudos qualitativos?, disse Ana Maria Menezes, professora do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da UFPel. 

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