Falta gerenciar informações no setor médico

Sobram tecnologias de métodos e procedimentos diagnósticos, faltam tecnologias em gerenciamento de informações no setor médico brasileiro. A avaliação é do gerente de Novas Tecnologias da IBM Brasil, Fábio Latuf Gandour, que vê na automatização de gestão de informação vantagens para hospitais e para pacientes. ?A área médica tem essa característica meio paradoxal. É difícil encontrar hospitais que tenham suas atividades automatizadas a ponto de realizarem todos seus procedimentos sem papel. Quanto mais papel, menos gerência de informação?, afirma.

Para ele, a demanda de Tecnologia de Informação (TI) no setor médico ainda é indisciplinada e modesta. ?Parece-me que os administradores de saúde não perceberam que gestão de informações com suporte de TI podem melhorar o uso de recursos e trazer satisfações para seus clientes. Podem também fornecer dados do paciente com maior cuidado?.

Porém, Gandour afirma que o comportamento geral dos tomadores de decisão da área médica segue a um padrão, no que diz respeito à assimilação de tecnologias. Ele explica que a primeira reação desses administradores é a de rejeição na implementação de novas tecnologias, que segue em escala ascendente por determinado período. Mas, de repente, acontece alguma coisa, que Gandour afirma não saber explicar o motivo, e a rejeição começa a se transformar gradativamente em aceitação, até se tornar uma tendência explosiva.

Em caráter especulativo sobre esse comportamento, ele lembra que quando surgiu o ultra-som, a primeira reação que teve foi contrária. Com o passar do tempo conheceu melhor a técnica e foi se tornando receptivo a ela. Gandour explica que o tempo necessário para que haja um ponto de assimilação explosiva no setor médico varia de acordo com as características de cada tecnologia. Segundo ele, a área médico-hospitalar tem esse cacoete comportamental, embora possa existir exceções.

Avanços futuros

Entre as novas técnicas que virão trazer muitos benefícios à população, Gandour destaca a possibilidade de fabricação de medicamentos que produzam efeitos na estrutura genética das pessoas. Ele explica que algumas empresas já estão fazendo estudos de fármacos dessa natureza. Para criar essas substâncias, diz Gandour, a IBM vem desenvolvendo um supercomputador, o Blue Gene, com uma altíssima capacidade de processar dados, na razão de 1 petaflop – o mesmo que um quatrilhão de operações de pontos flutuantes por segundo. Uma máquina com esse poder de processamento vai permitir um estudo amplamente detalhado de dobradura de proteínas. ?Atualmente estamos fabricando supercomputadores que chegam na faixa de 0.6 petaflop?.

Com essa evolução da tecnologia aplicada à medicina, afirma Gandour, o conceito de doença crônica vai mudar. ?Hoje, uma vez feito o diagnóstico de doenças crônicas como a diabete, as pessoas ficam dependentes para o resto da vida. Os novos medicamentos irão acabar com as doenças crônicas?, conta. Embora não haja prazo para que sejam fabricados computadores com a capacidade de 1 petaflop, Gandour acredita que há elementos indicando fortemente que se caminha nessa direção.

Para ele, o próprio resultado das mudanças tecnológicas, que contribuem no aumento da longevidade da população, deve afetar a medicina. ?A área médico-hospitalar vai ter de aprender a lidar com isso?.

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