Expedição a tesouro natural inédito

Terminou com saldo positivo a primeira expedição científica pelo Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, localizado no Amapá. Durante 20 dias, pesquisadores do Núcleo de Biodiversidade do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) investigaram a rica biodiversidade da região na Amazônia Brasileira.

O maior parque de floresta tropical do mundo nunca havia sido percorrido por cientistas. O conhecimento que está sendo gerado que até então existia apenas por observação de imagens de satélites será decisivo para construir políticas públicas eficazes de conservação ambiental na região amazônica. Esse inventário científico, liderado pela Conservação Internacional, é apenas a primeira de uma série de seis que serão feitos até 2005.

Depois de três dias pelo meio da floresta e de alguns contra-tempos, a equipe resolveu parar e montar acampamento. Eles estavam no município de Porto Grande, próximo à Serra do Navio. Segundo o herpetólogo Jucivaldo Dias, ele e mais dois assistentes conseguiram registrar 64 espécies nos igarapés e partes alagadas próximas: 24 de anfíbios, 22 de lagartos, 14 de serpentes, três de quelônios e uma de jacaré. “Duas espécies de anfíbios podem ser novas para a ciência, mas precisamos de mais tempo para consultar vários especialistas e trabalhos de pesquisa antes de termos certeza”, disse o cientista em comunicado da Conservação Ambiental.

A equipe que investigou mamíferos, liderada pela zoóloga Cláudia Silva, também conseguiu fazer um bom número de registros. Ao todo foram identificadas 75 exemplares, entre 29 morcegos, onças, capivaras e vários roedores e cervídeos. Segundo Cláudia, o encontro de cervídeos nas bordas das florestas é interessante pois esses animais são pouco citados na literatura científica brasileira.

O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque tem 3,8 milhões de hectares área equivalente ao Estado do Rio de Janeiro e está localizado no Escudo das Guianas, no noroeste do Amapá e cobrindo uma pequena parte no Pará. Criado em 2002, o parque constitui com outras 11 áreas protegidas o Corredor de Biodiversidade do Amapá, que compreende mais de 10 milhões de hectares e protege vários tipos diferentes de ecossistemas: mangues, cerrados, florestas tropicais, florestas de altitude e terras alagadas.

A próxima expedição pelo interior da floresta será realizada em novembro. Os cientistas dessa vez irão explorar a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, no sudoeste amapaense.

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