Quase todo o fã de jogos de computador ou videogame já deve ter ouvido alguém falar para desligar o jogo e fazer algo mais produtivo, com estudar, por exemplo. Já ouviu que passar horas jogando não levará a lugar nenhum. Mas para o estudante de administração de Florianópolis, Rodrigo Amilton da Silva, de 20 anos, o vício em jogos eletrônicos o levará para a França.
Ele foi o vencedor da etapa de Curitiba do Desafio Internacional Fnac Games do jogo Trackmania Nations, realizado no último sábado e, como prêmio, ganhou uma viagem de uma semana para Paris, onde disputará a final mundial.
Depois de quatro horas de competição e 19 baterias, com um total de 110 participantes, na loja Fnac do Park Shopping Barigüi, Rodrigo fez, em uma das baterias finais, o melhor tempo. Com 1m15s40, ele superou o curitibano Rubens Felipe Nunes da Silva, que, na segunda bateria havia marcado o tempo de 1m16s25, terminando em segundo lugar e levando um vale-compras de R$ 300,00 como prêmio. Em terceiro lugar ficou Fabrízio Cecília, com tempo de 1m18s23, que ganhou um vale de R$ 200,00.
E essa não será a primeira vez que Rodrigo viajará para jogar computador. Em outras duas ocasiões, o garoto já foi aos Estados Unidos para participar de competições de outro jogo, o Counter Strike, simulador de guerra. ?No começo meus pais reclamavam muito e não entendiam como eu podia passar tanto tempo jogando no computador. Mas depois, quando comecei a ganhar campeonatos e a viajar para fora, eles entenderam que a minha dedicação aos jogos podia me dar oportunidades únicas, como conhecer a Europa, agora?, comentou Rodrigo, que veio para Curitiba apenas para participar da competição. ?Eu jogo esse jogo on-line há quatro meses e sabia que tinha um tempo bom. Vim com esperança de ganhar e consegui?.
Quase um jogador profissional, Rodrigo contou que já foi até patrocinado para participar de competições de computador. ?No tempo do Counter Strike, eu recebia R$ 500 por mês, mais as despesas com equipamento e viagens, mas chegou uma hora em que tive até de trancar a faculdade, não conseguia conciliar. Agora diminuí o ritmo, só jogo nos horários livres. Ainda não dá para viver dos jogos?, lamentou.
Rodrigo se juntará a outros quatro brasileiros, vencedores das etapas de Campinas, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, para disputar a grande final, dia 30 de junho no Palácio de Esportes Bercy, na capital francesa.
E o curitibano terá mais uma chance de ir para a Europa graças aos jogos eletrônicos. No próximo mês, a capital paranaense receberá uma etapa da World Cyber Games, a Copa do Mundo dos jogos de computador, em que estará em jogo uma vaga para a final em Monza, Itália, nos games Fifa 06, Starcraft, Warcraft III, Half Life – Counter Strike 1.6, Warhammer 40.000 e Need For Speed Most Wanted. Informações e inscrições no site www.worldcybergames.com.br.
Gerenciar jogo eletrônico vira mania
Uma das grandes manias entre os jogos de computador são os games ?manager?, em que o jogador assume um papel de dirigente de futebol e administra um clube desde suas finanças até a formação tática de campo. Mas o desafio destes jogos era limitado, já que, após pegar todos os macetes do computador ficava muito fácil vencer. No entanto, esse problema não existe quando, ao invés do computador, seus adversários são outros jogadores e, por isso, as versões MMOG (massive multyplayer on-line games) dos jogos manager vêm ganhando milhões de adeptos em todo o mundo.
Um desses jogos é o Managerzone. Com mais de 240 mil usuários no Brasil e 700 mil no mundo todo, o jogo é uma das febres entre os games on-line. ?Tem todos os recursos dos jogos tradicionais com duas grandes vantagens: não requer instalação e seus adversários são reais?, destacou Dernizo Richter Caron, responsável comercial do Managerzone Brasil.
Acessado pelo navegador de internet (pelo site www.managerzone.com.br), o jogo permite ao usuário montar um time de futebol, administrar o estádio, as finanças do clube, comprar e vender jogadores, definir os treinos e as táticas da equipe. ?Ele só não joga, apenas assiste às partidas para ver se a estratégia adotada está dando certo?, comentou Dernizo.
Apesar de haver inúmeros jogadores ?viciados?, que passam horas e horas no site, aperfeiçoando seu time e analisando os adversários, outra vantagem desse tipo de jogo é que exige pouco tempo de dedicação do usuário, em poucos minutos diários, consegue-se manter a equipe em boas condições. O fato de o jogador não participar do jogo e não poder interferir no time no decorrer de uma partida, previamente marcada pelo administrador, também flexibiliza o acesso. ?Basta o usuário manter seu time em ordem, com as táticas e a formação definidas. O fato de ele não poder acompanhar a partida em tempo real (o jogo é transmitido em 3D) nada interfere no resultado?, destacou Caron.
Para cruzar os dados, definindo os resultados das partidas e o desempenho de cada jogador em cada situação de jogo, o game dispõe de um simulador, que analisa todos os atributos do futebol de uma forma estatística. ?É a caixa-preta do nosso jogo, ninguém sabe tudo o que o simulador considera?, revelou Dernizo.
O jogo é gratuito, até certo ponto, para obter algumas novas ferramentas, participar de mais campeonatos e outras facilidades o usuário precisa adquirir pacotes que variam entre R$ 5 e R$ 13. ?O jogo é um pano de fundo para uma grande comunidade, com milhares de usuários em todo o mundo, que interagem entre si não só disputando campeonatos ou amistosos, mas também nos milhares de tópicos de nossos fóruns. Esse tipo de game atrai desde crianças até pessoas mais velhas, algumas que nem pensaram que iriam jogar computador?, lembrou Caron. O sucesso do jogo, criado em 2003, pode ser medido pela média superior a 50 milhões de pages view por mês. (RP)