Desenvolvida nova tecnologia para o laser

A descoberta do laser, no final da década de 50, é um marco na história da humanidade. Essa fonte de luz, que permite associar características como a coerência, a elevada intensidade e o grande direcionamento do feixe emitido, possibilitou avanços nas telecomunicações, na indústria, na medicina, nas operações militares e na pesquisa científica das mais diversas áreas do conhecimento.

 

Passado mais de meio século, o laser continua sendo uma ferramenta valiosa para os cientistas. São centenas as suas aplicações. Na agropecuária, pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e do Centro de Investigaciones Opticas (CIOp), em La Plata, Argentina, encontraram mais uma maneira vantajosa de utilizá-lo. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), eles desenvolveram uma tecnologia que permite obter informações de materiais biológicos iluminados pelo laser, sem causar interferências ou danificá-los. O trabalho de medir a umidade ou identificar a presença de fungos em sementes, por exemplo, ou ainda o de avaliar a fertilidade dos machos reprodutores pode tornar-se mais rápido, preciso e econômico.

A tecnologia consiste em iluminar o material biológico, capturar as imagens do fenômeno chamado bio-speckle laser, e determinar seu nível de atividade biológica por meio da análise matemática das imagens obtidas. A inovação, de co-titularidade da Ufla e da Fapemig, foi patenteada com o auxílio do Escritório de Gestão Tecnológica da Fundação que, no momento, prepara a sua transferência de tecnologia. A novidade promete contribuir, significativamente, com a indústria agropecuária nacional.

Os estudos começaram em 1996 com o engenheiro eletricista Roberto Braga Júnior. Naquele ano, o pesquisador e professor do departamento de engenharia da Ufla recebeu do governo argentino uma bolsa de estudos para conhecer o CIOp e o laser como ferramenta. Nos seus estudos em La Plata, Braga percebeu a possibilidade de aplicar o fenômeno bio-speckle na agricultura e, em 1997, a Ufla firmou um acordo de cooperação técnico-científica com a instituição argentina. O trabalho prosseguiu sob a coordenação do então doutorando mas, na Ufla, a pesquisa deslanchou só em 2000. “Os recursos da Fapemig foram para montar um laboratório de laser e óptica, onde os experimentos são realizados”, conta Braga.

O laboratório foi equipado com um sistema de captação de imagens e um sistema para processamento das informações registradas, que envolve uma metodologia de tratamento e filtragem estatística. O material biológico é iluminado com um laser estável, de acordo com um padrão de ângulos e intensidade. “O “pulo do gato” foi descobrir o set up (montagem) ideal para a iluminação e captura das imagens, além de outros detalhes como a velocidade adequada para obter as informações de cada material observado”, explica Braga. A interpretação dos dados é apoiada pelos pesquisadores argentinos, que dão suporte nos estudos da área de física. (ABR)

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