Contra infecção hospitalar, prevenção é a solução

Infecção hospitalar, como o próprio nome diz, está ligada aos procedimentos feitos dentro de um hospital. Mas os casos em clínicas, ambulatórios e consultórios aumentaram e também geram preocupação. Por causa disso, especialistas estão deixando de chamar a doença infecciosa contraída pelo paciente de infecção hospitalar. A nova proposta é chamar de infecção relacionada à assistência à saúde (Iras).

De acordo com a médica da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Santa Casa de Curitiba, Célia Inês Burgardt, a população acha que as infecções ocorrem apenas dentro dos hospitais. “Pode acontecer em um consultório de dentista, em uma pequena clínica e até na farmácia, onde aplicam injeções intramusculares. É necessário exigir condições de higiene de quem quer que seja”, afirma.

Ela lembra que a infecção é a desvantagem dos novos e mais avançados procedimentos médicos. Quanto mais invasivo for o método, maior a chance de infecção. “São mais portas de entrada”, comenta. Mas isso não significa que a tecnologia não deve ser usada, segundo Célia.

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Principal medida preventiva é boa lavagem das mãos com água e sabão.

Para evitar os casos de infecção, é preciso fazer um controle apurado, que abrange diversos fatores. A principal medida continua sendo a boa lavagem das mãos. Água e sabão, com o complemento do álcool 70%, garantem uma limpeza correta. A prevenção fica completa com a esterilização adequada de material e higienização do ambiente. “Nunca um hospital terá taxa zero de infecção, ainda mais se for hospital geral, com diversos tipos de pacientes. A literatura diz que a taxa de infecção hospitalar não pode ser superior a 5% do total de pacientes”, revela a médica infectologista Viviane Maria de Carvalho Hessel Dias, do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a taxa média de infecções hospitalares nos estabelecimentos da capital foi de 2,3% em 2007. Os dados de 2008 ainda não estão fechados.

Todos os casos de infecção hospitalar são repassados para a Vigilância Sanitária, em boletins mensais. Quando acontece o diagnóstico da doença, além do tratamento do paciente, as comissões de controle de infecção hospitalar verificam onde está o problema. Em situações envolvendo diversos pacientes, é feita uma investigação para saber o motivo, comum entre eles, que causou a infecção.

Micobacteriose deixou autoridades em alerta

A micobacteriose foi a última grande preocupação das autoridades de saúde em relação à infecção hospitalar. O surto, com 110 casos, aconteceu entre 14 de junho e 5 de dezembro 2007 em Curitiba. Outras situações não foram verificadas após este período. O problema apareceu em pacientes que se submeteram a alguns procedimentos, como videocirurgias e operações plásticas.

A causa foi a não realização correta da esterilização do material utilizado. A chefe da Vigilância Sanitária de Produtos e Serviços de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Lucinéia Cristina Bencke de Macedo Lino, explica que, após a notificação dos casos, a ,secretaria intensificou as inspeções sanitárias, com foco na esterilização. Apesar da situação controlada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer elaborar o novo regulamento técnico sobre prevenção e controle da micobacteriose, provocada por micobactérias de crescimento rápido. Especialistas de Curitiba reuniram, há duas semanas, diversas propostas para aprimorar algumas medidas já expostas pela Anvisa.

Estas observações foram enviadas para o órgão federal. Entre elas está a adoção da esterilização física, por autoclave, como único meio de assepsia do instrumental usado em cirurgias. O método químico líquido só seria permitido em procedimentos não invasivos. Foi sugerido ainda o estabelecimento de prazo de no máximo 24 horas para a notificação dos casos suspeitos de micobacteriose. “Também foi enviada à Anvisa sugestão de acompanhamento dos pacientes submetidos a cirurgias por no mínimo 180 dias. Isso porque foi detectado um caso 144 dias depois do procedimento”, explica o diretor do Centro de Saúde Ambiental da secretaria, Sezifredo Paz. A proposta inicial da Anvisa prevê 90 dias de monitoramento.

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