Câncer na periferia

Uma análise matemática rigorosa, baseada em dados sobre tumores de cólo de útero registrados entre 1985 e 1999, mostra que a explosão da doença, no município de São Paulo, ocorreu muito mais nos bairros periféricos do que nos mais ricos. A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe de epidemiologistas do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Existe um risco de morte 2,5 vezes maior na periferia”, disse a epidemiologista Mariangela Prado. Apesar de a incidência de tumores malignos na população das duas regiões ter caído ao longo dos 15 anos analisados, a diferença entre os dois valores obtidos permanece alta. “Se projetarmos os dados para as próximas décadas, fica claro que as campanhas para incentivar as mulheres a fazer o exame papanicolau está deixando de lado uma parcela importante da população”, disse. Para a cientista da Unifesp, não são apenas as mulheres mais jovens ou de meia idade que precisam se preocupar com eventuais tumores em seus aparelhos reprodutores. “As mulheres de 70 ou 80 anos, por exemplo, precisam também ser alvo dessas campanhas. São elas que estão morrendo de câncer de cólo hoje”, disse.

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