Bioestatística e água no meio ambiente (I)

Meio ambiente relaciona-se com a Bioestatística, também chamada de Estatística Vital. Fatos vitais dos seres humanos podem ser observados e acompanhados, pois nascimentos, óbitos e doenças são cada vez mais fundamentados e mensurados nas populações humanas. Dados coletados e o objetivo que se pretende possibilitam que o estudo estatístico mostre a face da história vital dos grupos em estudo, na particularidade questionada.

A Bioestatística levanta atributos quantitativos biológicos dos agrupamentos humanos, localizando relações que sejam do interesse de um determinado estudo. Assim, também o meio ambiente fornece os elementos de natureza demográfica para estudo do ecossistema em relação a natalidade, mortalidade, fecundidade, morbidade e outros que interessem como fenômeno pesquisado.

Estatísticas permitem aos governos pesquisar e planejar suas políticas públicas e programar investimentos. O meio ambiente, por isto, está colocado no centro irradiante da Bioestatística, como cenário da vida das populações.

A busca da amostragem é definida por objetivo, população e amostra. Eis um exemplo: o analista quer conhecer a incidência de determinada doença em uma população – para isto define e separa amostra significativa que possibilite uma resposta.

As conclusões estatísticas condicionam-se à possibilidade de ocorrência de erro, e por esta razão, estarão acompanhadas de uma certa probabilidade, que estabelece limites para o erro eventual. A probabilidade, porém, pode ser substituída pelo teste de Hipótese Estatística – o fundamento estatístico de uma suposição sobre o valor de algum parâmetro populacional. A comprovação ou rejeição dessa suposição pode ser obtida por meio de teste específico.

A disponibilidade da água, também, é assunto que preocupa governos e todos que lidam com questões do meio ambiente e vida das populações. A Bioestatística reserva-se também para este assunto, pois, como afirma Sounis (1985, p. 9) “Ao estatístico importa o estudo dos fenômenos coletivamente típicos”. Mas pode estender-se a outras questões, mesmo que se concentrem em pequenos universos, quando isto tenha que ser entendido em relações diretas e indiretas com a vida. A questão da água constitui-se, então, num tema atual e exige atenção profunda. É um tema que pede debates, pois há conclusões preocupantes que esperam por urgentes providências.

A conclusão sobre a água mostra que a fartura atual é aparente, como destaca Lino (2002, p. 12):

” […] Apenas 2,5% da massa líquida são compostos de água doce, e menos de 0,01%, de potável. Com o explosivo crescimento demográfico no século XX, a população triplicou nos últimos 70 anos. Enquanto o consumo de água sextuplicou. Cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e 2,4 bilhões, a saneamento básico. Já 5,4% dos recursos hídricos disponíveis anualmente são utilizados e, em 2025, poderemos estar usando 70%. As previsões da ONU são de que nesse ano dois terços da Humanidade viverão em países sofrendo de escassez de água. Para atender às demandas da água potável e saneamento básico são necessários investimentos de US$ 23 bilhões por ano, mas apenas US$ 16 bilhões são investidos, abrindo espaço, segundo a Organização Mundial de Saúde, para a morte anual de 3,4 milhões de pessoas por doenças transmitidas pela água.”

Para concluir sobre um trabalho estatístico é preciso avançar nas suas diversas fases de planejamento, coleta, crítica, elaboração de dados e exposição dos resultados, como Sounis apresenta (1985, p. 26). ??A Estatística tem como meta fornecer elementos para abrir caminhos à solução de problemas apontados em cada uma das ciências com as quais se relaciona. Por isso adquire denominações diversas, pois relaciona-se com a Sociologia, Economia, Geografia Humana, Biologia e outras.”

Alexandre Silva S. Lôbo

é professor, Consultor, doutor em Ciência do Meio Ambiente, mestre em Sociologia, pós-graduado como analista do Desempenho Escolar e graduado em Sociologia e Política e Administração Pública.

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