A espinha dorsal dos computadores

Quais características você costuma levar em conta ao adquirir um computador? Se a resposta contém tipo do processador, quantidade de memória RAM, capacidade do disco rígido (HD) ou mesmo a qualidade da placa de vídeo, você pode estar no caminho certo.

Mas, se não mencionou a placa-mãe, o risco de adquirir, junto com a máquina, uma grande dor de cabeça, é grande. Mesmo assim, o componente, apesar de obrigatório, é pouco levado em conta pela maioria dos consumidores, devido a uma perigosa idéia de que “são todas iguais”. Pior, muitos montadores, em nome do baixo preço, escondem placas-mãe de baixa qualidade em seus computadores.

Mas por que esse componente é tão importante? E, afinal, o que é a placa-mãe? “Enquanto o processador é o cérebro, a placa-mãe é a espinha dorsal do computador”, explica Luiz Tryzant, diretor da Digitron, que distribui a marca Gigabyte no Brasil. “Ela pode ter mais de 700 pequenos componentes, que vão desde conectores USB, de rede e de vídeo, encaixes para ligar o CD-ROM, HD e memórias, até capacitores”, completa o executivo.

Tryzant diz que já há uma tendência, em algumas corporações, de se especificar mais detalhes nem só das placas-mãe, como também de outros componentes. As exigências vão desde determinadas marcas até certas características do produto, mostrando que a idéia do “todas iguais” está com os dias contados. “As grandes empresas já saíram dessa. Grandes licitações também estão vindo com tudo especificado”, afirma.

O problema, segundo Tryzant, ainda é fora do ambiente corporativo. “O consumidor só exige que a placa suporte processadores como o [Intel] Core2Duo, por exemplo. E as marcas mais baratas dizem que suportam esses componentes. Agora, se agüentam ou não, é outra história.

”De acordo com ele, por conta de uma economia de poucas dezenas de reais, os consumidores acabam aceitando verdadeiras “bombas-relógio”, que acabam comprometendo a qualidade, a estabilidade e a durabilidade de todo o computador.

Quanto às máquinas prontas, Tryzant lembra que comprar ou cotar um computador só com base no processador é um risco. “A tendência é que por dentro esteja escondida uma placa-mãe barata”, diz. Outra dica valiosa do executivo é escolher bem a loja.

“O ideal é procurar as revendas e ‘se confessar’ para o vendedor. Nas grandes lojas de varejo, normalmente o que importa mais é o preço. Elas ainda vão começar a se especializar melhor no assunto”, analisa Tryzant. E, por fim, pesquisar bastante. O intuito é evitar comprar um computador que vai acabar não rodando algum programa desejado.

Invasão chinesa

Escapar de produtos “made in China” nem sempre garante qualidade. Mesmo porque os chineses não fabricam apenas componentes genéricos – a grande maioria das grandes marcas tem algum tipo de ligação com o país asiático.

Mas uma peça de origem japonesa pode reduzir em até 80% as chances de problemas com a placa-mãe. Trata-se de um tipo de capacitor que, ao contrário dos mais comuns no mercado, não é suscetível a vazamentos.

O capacitor é uma espécie de represa, que absorve variações de corrente, permitindo que a energia saia estável para outros componentes da placa. O mais comum é do tipo eletrolítico, que é muito barato mas tem vida útil curta. De acordo com Tryzant, isso se dá porque seu interior tem um tipo de óleo, que expande e se retrai à medida que o componente é exigido.

“A maioria dos defeitos nas placas acontece quando esse óleo vaza.” E o vazamento causa a corrosão de componentes próximos. Travamentos freqüentes do computador em momentos de atividade intensa e demora excessiva na inicialização do sistema podem ser alguns dos sintomas de defeito nos capacitores, ou sinais de que as peças estão no fim de sua vida útil.

A pecinha japonesa, segundo Tryzant, é de estado sólido: não possui óleo por dentro, mas sim um polímero. “Depois que passamos a usar esse componente em nossas placas, esse tipo de problema zerou&rdquo,;, conta.

“Esse é o detalhe do detalhe, mas é o ‘pulo do gato’ na hora de escolher as peças. E o consumidor tem que exigir isso nas revendas”, conclui, lembrando que o custo desse detalhe a mais – de R$ 30 a R$ 50 – é compensado pela estabilidade da máquina.

No que diferem

Baixo custo: Para textos, planilhas pequenas e navegação na internet. Suportam vídeos em resoluções baixas. São placas em geral onboard, ou seja, funções como som, vídeo e rede estão integradas, sem a necessidade de se conectar novas placas. Aplicativos mais pesados podem rodar, mas com respostas lentas. Entre R$ 150 e R$ 300.

Custo médio: Para aplicações multimídia mais pesadas, como edição de imagens e vídeo, e reprodução de filmes em alta qualidade. Há no mercado placas onboard mais poderosas e outras offboard – sem nenhuma placa ou ao menos sem o vídeo integrado. Algumas possuem saída para TV e som dolby. Entre R$ 300 e R$ 700.

Custo alto: Quem gosta de jogos atuais ou exige o máximo de qualidade em vídeo e som deve procurar uma placa mais sofisticada, que permita expansões e tenha configuração robusta. As melhores placas de vídeo para games seguem
o padrão PCI Express 2.0, presentes apenas em placas-mãe mais caras. Acima de R$ 700.

Guia de compra

São várias as opções de placas-mãe para uso doméstico no mercado. Os preços, mesmo entre as marcas mais famosas, variam entre R$ 150 e R$ 1 mil. Portanto, a escolha depende do propósito do computador e do tamanho do orçamento. Prefira marcas mais tradicionais, como Intel, Asus, MSI ou Gigabyte.

E na hora da compra, observe:- se a placa é compatível com a marca (Intel ou AMD) e o tipo de processador desejado.

– se é compatível com o HD desejado. O ideal é que suporte o tipo SATA ou SATA2 e que haja mais de uma entrada para eles.

– a quantidade de conexões USB: duas entradas podem ser pouco.

– se o tamanho da placa é compatível com o gabinete.

Há dois tamanhos comuns: o micro ATX e o ATX.

– a quantidade de slots (entradas) do tipo PCI.

– a quantidade de slots de memória e se são compatíveis com o tipo que se vai adquirir.

– se os capacitores são do tipo sólido.

– se há porta LAN, para rede – o que ajuda a economizar slots PCI.

– suporte para Raid (que permite uso simultâneo de dois HDs como se fossem um só), Wifi e FireWire (que permite conexão de dispositivos a uma velocidade até duas vezes maior que o USB 2.0) são recursos interessantes, porém não essenciais.