Higiene íntima é importante para garantir boa saúde

Quando falamos em higiene pessoal, a primeira coisa que nos vem à cabeça é a importância de escovar os dentes. Mas os cuidados vão muito além disso. No caso das mulheres, os rituais diários de atenção à  saúde devem incluir o que se costuma chama de higiene íntima. Como o nome já revela, é preciso dar uma atenção especial às partes íntimas para evitar incômodos futuros, como coceiras, irritações e infecções. Muita gente pensa que só o hábito de tomar banho regularmente já basta como cuidado básico com esta região do corpo, mas existem muitos detalhes que devem ser considerados para garantir uma higiene íntima adequada, segundo especialistas.

“Antes de mais nada, é importante que as mulheres entendam como funciona a proteção vaginal. A vagina tem um revestimento, uma mucosa, que tem umidade própria e é constituída por uma substância, o muco, e pela flora bacteriana. Desta forma, ela é ligeiramente ácida para proteger que os germes da cavidade vaginal entre para os demais órgãos. E, para conservar essa flora, é importante ter uma higiene adequada, seguindo alguns passos importantes”, comenta o médico ginecologista do Hospital Nossa Senhora das Graças, Edison Luiz de Almeida Tizzot. Essa higiene tem que obedecer a algumas regrinhas básicas, sendo que a principal delas é o cuidado para não perder a proteção natural da flora.

Mas alguns detalhes a respeito do assunto estão envoltos em grande polêmica, como a utilização de sabonetes íntimos e lenços umedecidos. Tizzot é bem conservador neste sentido. Para ele, esse tipo de produtos devem ser excluídos dos cuidados com esta região do corpo. “Os sabonetes neutros, sem corantes e perfumes, são os mais adequados, pois não modificam a flora vaginal de defesa. Algumas mulheres, mais sensíveis e alérgicas, até precisam de sabonetes íntimos que contêm ácido lático e interferem menos no pH da vagina, mas aquelas que não têm problemas maiores, sem alterações locais, devem optar pelo sabonete neutro mesmo”, opina.

Ele desaconselha o uso de lenços umedecidos também, porque podem provocar irritações na mucosa. “Esses produtos devem ser restringidos a um uso eventual, quando a mulher não tiver outra opção e estiver muito tempo sem higiene, como em viagens”. Já a médica ginecologista do Hospital Marcelino Champagnat, Christiane Maria Ribas Berger, tem uma opinião diferente a respeito da utilização desses produtos. “O sabonete íntimo é bacana se for usar só para lavar externamente, enxaguando bastante depois. Já o lenço umedecido pode ser usado quando a mulher evacua ou no período menstrual, sempre da frente para trás, assim como o papel higiênico, para não trazer micro-organismos do ânus para a vagina, causando uma autocontaminação”, explica. Aliás, a autocontaminação é um problema frequente, devido à proximidade da vagina com o reto e a uretra.

O protetor diário assunto polêmico. Tizzot não indica. “Em contato com a vagina, esses produtos aumentam o calor dela, o que, consequentemente, aumenta a acidez e deixa a área mais suscetível a irritações, pois a flora fica alterada. Podem ser reservados para situações especiais, como comecinho e finalzinho da menstruação”, comenta. Já Christiane diz que a mulher pode usá-lo, desde que ele seja trocado de quatro em quatro horas e não tenha fragrância. O mesmo vale para os absorventes normais, durante o período da menstruação. “É preciso ter esse cuidado porque o sangue é meio de cultura de micro-organismos. Então, não pode ter preguiça de trocar”, alerta Christiane. Ainda sobre os absorventes, Tizzot d&aacu,te; mais uma dica. “O ideal é evitar os absorventes internos quando tiver pouco fluxo, pois, nestes casos, eles podes absorver o muco e reduzir a barreira natural de proteção”.

Outras recomendações

Apesar de discordarem em relação a esses tópicos, os dois concordam em relação a dois outros pontos: duchas vaginais e utilização de desodorante íntimo. Ambos são categóricos em dizer que esses dois hábitos são extremamente prejudiciais à saúde da região íntima feminina. “A mulher tem que entender que não tem que mexer na cavidade interna da vagina e a ducha, neste sentido, é um perigo, porque tira a barreira natural da flora vaginal”, explica Christiane. Em relação aos desodorantes, Tizzot classifica-os como “altamente irritativos”. Neste ponto, outro hábito que deve ser evitado é a lavagem da roupa íntima com sabão em pó e amaciante. “O ideal é lavar no banheiro mesmo, com o mesmo sabonete neutro que utilizou para fazer a higiene, enxaguar bem e depois colocar para secar”, indica o médico.

E, já que a ducha íntima está proibida, existe algum outro cuidado na hora de fazer a higiene após as relações sexuais? Os médicos afirmam que não. “A mulher não tem que ficar manipulando a vagina depois da relação, é só fazer uma higienização normal mesmo”, recomenda Christiane. Outras recomendações dos especialistas são ter uma depilação adequada, evitar roupas muito justas, dormir sem roupa íntima, reduzir o consumo de alimentos doces e derivados de lactose e ter hábitos de vida saudáveis, além de procurar um médico quando perceber alterações. “Só lembrando que ter secreção é normal, ainda mais no período antes e depois da menstruação e durante a ovulação. O problema é que ela apresenta cor e odor diferente”, garante Tizzot.