Amor no trabalho

Casal que trabalha junto ensina ‘regras do sucesso’ familiar

Será que ter seu marido ou namorado como colega de trabalho pode representar um ganho para a relação profissional ou amorosa? Ou isto pode colocar a carreira de ambos em perigo? Estas dúvidas costumam ser muito comuns entre os casais que iniciam ou mantêm uma relação no ambiente de trabalho. Incertezas que também fazem parte de uma discussão antiga entre as empresas e seus colaboradores.

Mas, hoje, o que muitas empresas, gestores e especialistas em recursos humanos já perceberam é que as pessoas se envolvem e se apaixonam, então, evitar o namoro já não é mais o foco principal. Assim, o que é debatido e avaliado é a forma como estes relacionamentos são conduzidos, para que eles sejam saudáveis e não tragam nenhum tipo de prejuízo para os envolvidos.

Mesmo assim, ainda existe um tabu muito grande em relação ao amor no ambiente de trabalho, como explica a coach e idealizadora da metodologia LIFE – Liderança Feminina Estratégica Gisele Meter. “Quando falamos de amor no ambiente de trabalho, a primeira coisa a ser pensada é no respeito. Respeito à relação ao outro, aos colegas e ao ambiente empresarial. Assim como devemos separar problemas pessoais e outros acontecimentos da vida íntima, a relação também deve ser preservada”.

Para ela, com base no respeito e na proteção da relação, é possível manter o emprego do casal. “É possível, desde que haja consciência da não exposição, e além de respeito, uma boa dose de bom-senso preserva não somente a carreira, mas também a imagem profissional dos envolvidos”.

Para evitar problemas e constrangimentos, Gisele faz algumas recomendações, entre elas, evitar intimidade, já que o local e o horário não são apropriados. “No ambiente de trabalho, procure levar a relação a um nível profissional, afinal, o ambiente não é favorável para formas de contato mais íntimas. Quando estiver com dúvidas se está exagerando, imagine como se sentiria se seu colega de trabalho agisse da mesma forma. Há momento para tudo e não é porque trabalho com o amor da minha vida que preciso mostrar isso a todo o momento e em qualquer lugar”.

 Cumplicidade dentro e fora do consultório                    

A administradora Ani Martins, de 31 anos, trabalha junto com seu marido, o médico oftalmologista Itamar Fernandes, 53. Sobre estar boa parte do tempo ao lado do companheiro de vida e de profissão, ela diz que esta proximidade torna a rotina mais fácil. “É mais fácil, desde que haja bom senso entre as partes. Porém, a convivência também requer paciência e maturidade”.

Entre os prós e os contras de dividir o dia a dia em casa e no trabalho com seu amado, Ani destaca que tercom quem contar é muito bom. Já as dificuldades são em separar os problemas pessoais dos profissionais. “A melhor parte é ter com quem contar sempre. É saber que tem alguém de sua inteira confiança, te ajudando a zelar e cuidar de seu patrimônio. A pior parte é que, algumas vezes, inevitavelmente, os desentendimentos são levados de casa para o trabalho”. No entanto, ela lembra que, diante de pacientes ou colegas, a postura dos dois é muito profissional. “Agimos com muito respeito, educação e profissionalismo. Sem excesso de intimidade”. (PW)

Como as empresas enxergam o amor

De acordo com a psicóloga e consultora de carreiras Dâmaris Cristo, o ambiente de trabalho em si já é favorável para que as pessoas se sintam atraídas uma pelas outras. “Isto acontece porque elas costumamter um nível de compatibilidade muito grande, com nível social, cultural, financeiro e de aptidões muito parecidos. As pessoas costumam gostar ,das mesmas coisas e isto favorece o interesse e os relacionamentos”.

Dâmaris lembra que não há, na legislação trabalhista brasileira, nenhum artigo que se oponha ao relacionamento amoroso entre os colaboradores, ou seja, a empresa pode ter regras neste sentido, mas não pode impedir os relacionamentos. E, para que não exista mal-entendidos, ela aconselha empresas e trabalhadores a conversarem sobre a questão ainda durante a contratação. “Para as empresas, o ponto principal é saber se a produtividade vai cair ou se o colaborador vai perder o foco no trabalho. As empresas têm aceitado mais os relacionamentos, isto faz parte da cultura do indivíduo feliz. Mas, na empresa não deve existir o namorado, mas sim o analista, o técnico, ou seja, o profissional”.