Carboidrato – vilão da sua dieta?

O vilão das dietas, essa é a fama do carboidrato. Desde a criação do polêmico programa alimentar do médico americano Robert Atkins, o carboidrato vem sendo radicalmente excluído dos pratos daqueles que pretendem perder uns quilinhos. Mas será mesmo esta a maneira mais correta de emagrecer?

Nosso maior combustível

Entender o que são e qual a função dos carboidratos no nosso organismo é fundamental.

Nosso corpo precisa de um combustível para conseguir realizar todas as suas atividades vitais. Ler, trabalhar, respirar, fazer exercícios, tudo envolve um processo celular que necessita de energia. E de onde vem toda essa energia? Principalmente dos carboidratos.

O endocrinologista Mauro Scharf explica que a dieta de um ser humano pode variar de 2000 a 2.500 calorias por dia, e que cerca de 60 a 70% delas são provenientes dos carboidratos.

Durante o processo de digestão, sua estrutura é quebrada em moléculas de glicose que são liberadas na corrente sangüínea para alimentar todas as células do nosso corpo.

Hormônios como a insulina, por exemplo, são os responsáveis por manter constante esse suprimento para as células, bem como a quantidade de glicose livre circulante pelo sangue. O que estiver em excesso será estocado no fígado, nos músculos e no tecido adiposo sob a forma de gordura. É aqui que mora o verdadeiro problema.

A quantidade, a maneira e o tipo de carboidratos que ingerimos podem de fato ser cruciais para nossa boa forma.

Quanto mais complexo, melhor

Existem dois tipos fundamentais de carboidratos – os simples e os complexos. Os carboidratos simples são formados por cadeias menores de açucares, os monossacarídeos e podem ser encontrados no açúcar comum e nos alimentos que o contenham. Bolos, bolachas, docinhos e massas brancas são alguns exemplos.

Como sua estrutura é menor, o intestino absorve-os rapidamente e eleva o nível de glicose sanguínea na mesma velocidade. Mas assim como sobe, o nível também cai de forma rápida, fazendo com o que o cérebro envie sinais de fome novamente. Ou seja, esse tipo de carboidrato, além de geralmente vir acompanhado de gorduras, sacia o organismo por um período muito curto, e logo você precisará comer novamente.

Os carboidratos complexos, ao contrário, são estruturas maiores e precisam ser “quebradas” em monossacarídeos pelas enzimas digestivas. O fornecimento de glicose para o sangue torna-se mais lento, gradual e equilibrado, mantendo a sensação de saciedade por mais tempo.

Carboidratos complexos podem ser encontrados no açúcar de cana ou de beterraba, nos amidos como arroz e batatas e na lactose do leite. É comum estarem associados às suas estruturas, fibras não digeríveis como a celulose, que são de extrema importância para o bom funcionamento do sistema digestivo. Elas são extremamente úteis na estimulação do trânsito intestinal, favorecendo as evacuações.

Além de combaterem a prisão de ventre, diminuem a incidência de doenças ano-retais e ajudam a baixar o teor de colesterol e triglicerídeos no sangue” explica o Dr. Mauro.

Atenção!

Na ausência dos carboidratos, nosso corpo terá que buscar energia em outras fontes, como na gordura e posteriormente nos músculos.

Durante este processo, ácidos e corpos cetônicos são liberados, causando um quadro de Cetose no organismo. Dores de cabeça, tonturas, desidratação e fraqueza são sintomas que podem aparecer e, dependendo do grau de restrição, o quadro metabólico pode se tornar muito grave.

Substituí-los pelas carnes ainda eleva o consumo de gorduras saturadas e de colesterol, sobrecarrega os rins e prejudica o maior consumidor de glicose de todos: o cérebro. Sem ela, seu funcionamento normal pode ficar alterado, diminuindo os reflexos e a capacidade de atenção.

“Restringir radicalmente o consumo de carboidratos certamente emagrece, porem às custas de um processo de compensação pela falta de energia” esclarece o médico.

Será que vale a pena?